quinta-feira, dezembro 18

Blogar ou não blogar, eis a questão?

Há uma linha difícil de definir nos blogs, entre o interesse de quem escreve e o interesse de quem lê. Sendo que a parte activa está sempre do lado de quem lê, de quem escolhe o que quer ou não quer ler. Sempre senti, mesmo antes de participar num blog (para mim um blog não é uma coisa que se tenha, mas uma coisa onde se participa), que olhar os blogs é um pouco como o zapping televisivo. Vasculhar desenfreadamente em busca de algo que nos prenda o olhar e a atenção. Esta forma de registo tão formidavelmente imediata e directa é na sua essência vitima do seu próprio objecto, o dia-a-dia dos homens. A realidade de cada um dos milhões de bloggers de todo o mundo assim descrita e impressa em caracteres nos écrans de computadores de todo o mundo passa tão rapidamente como os feixes eléctricos que transportam essas palavras entre pessoas, satélites e pessoas novamente. Tudo passa e passa e perdesse como areia entre os dedos e o que fica do que passa são ínfimos grãos apenas. Ínfimas partes de pensamentos que, talvez, marquem quem lê, talvez...

Mas nos blogs há uma outra parte que os torna meritórios, há o testemunho, há a vontade de participar na transformação do mundo, que todos os bloggers, quer de esquerda quer de direita, carregam, principalmente os que não são anónimos. Nos blogs comentasse a vida e a história, uns brincado, outros sofrendo, uns reflectindo, outros reagindo, mas todos ambicionando ir mais além do que a mera conversa de café, mais além do que o compromisso com as responsabilidades da vida, mais além do limite da nossa esfera de influência. Os blogs são a ágora virtual da participação cívica do nosso tempo mediático e mediatizado. É ai que reside a sua validade e, talvez, a sua importância.

Este blog, e penso que não falo só por mim, é eminentemente político, no absoluto da vida que tem a política, é tanto de esquerda como de direita porque é livre e democrático, mas é, acima de tudo, preocupado com o futuro, o futuro de quem nos rodeia, do espaço onde vivemos, do mar que nos limita e do que está para lá desse mar e que nos faz sonhar com outras gentes e espaços com que nos preocuparmos.

Participo neste blog porque é uma das formas que tenho de procurar um mundo melhor. A partir daqui vamos discutir pontos de vista, e vamos saber dizer que sim e, mais importante, saber admitir que não.

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