quinta-feira, fevereiro 26

...e desenganos

O primeiro aspecto que quero esclarecer é que eu não concordo que os blogs sejam escravos da agenda ditada pelos órgãos de comunicação social institucionais. Passam pelos blogs assuntos que nunca teriam repercussão nos media e vice-versa. Exemplos: a representação e a representatividade dos Açores na Europa, discussão que o TóZé tem fomentado e bem, não teve qualquer eco nos jornais locais; a forma como nos blogs discutimos aspectos concretos da política regional, nacional ou internacional vai muito para lá das opiniões dos media.
Segundo aspecto passa pela noção, que tenho, de não ser possível hoje pensar o mundo sem recurso aos órgãos de comunicação social.

Posto isto julgo que a única questão que podemos de facto criticar é a qualidade da reflexão que é feita tanto nos media como nos blogs, mas isso é uma questão de gosto pessoal. Podemos concordar ou discordar. A realidade é que numa sociedade essencialmente mediática, como a nossa, ou para usar a expressão da Ver – cheia de fogo de artifício – é impossível pensar os acontecimentos sem estar permanentemente ligado à emissão dos mesmos. Só é possível pensar o nosso tempo através dos recursos próprios desse tempo. Não sei se me faço entender; mas como pensar o século XXI sem pensar com e no imediatismo noticioso deste tempo?

Agora se há coisa que me fascina nos blogs é exactamente a independência dos mesmos face às simplificações e aos dogmatismos, por vezes perniciosos, dos media. Na blogoesfera respira-se uma saudável libertinagem do espírito. Não há uma mentalidade una, nem uma opinião una, nem mesmo uma explicação una para as coisas. Há posições várias, opiniões múltiplas, mentalidades n. Na blogoesfera há essencialmente hipótese de escolha. Cada um de nós escolhe o que quer ler. Voltando um pouco atrás, os únicos aspectos que acho criticáveis serão, eventualmente, a qualidade da escrita (mea culpa) ou o radicalismo das posições (idem), mas mesmo isso é mais um aspecto positivo do que negativo dos blogs. Nem sempre temos razão, muitas vezes erramos no alvo ou no estilo das nossas posições, mas acima de tudo estamos aqui de uma forma participativa e apaixonada porque queremos fazer ouvir uma voz, a nossa voz. Em todo lado há coisas boas e más, nos media, nos blogs, em tudo. Importa é saber filtrar e ver para lá da superficialidade dos imediatismos, tanto dos media como dos blogs.

A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir á superfície. Determinados assuntos, pela sua importância nas nossas vidas, serão sempre matéria de reflexão tanto nos blogs como nos media. É impossível fugir a isso. Devo confessar que independentemente de gostar mais ou menos, de concordar mais ou menos, a verdade é que leio com a mesma atenção e regularidade as opiniões do Vasco Pulido Valente e do Ivan Nunes, do Pedro Mexia e do José Mario Silva, do Eduardo Prado Coelho e do Pedro Adão e Silva, do maradona e do Daniel Oliveira,do Nuno Barata e do masson, do Luis Delgado e da Carla Quevedo, da Mariana e do André Bradford e deste e deste e deste, e deste, a lista é interminável e está quase toda nas caixas aqui do lado esquerdo.

Quer queiramos ou não, nos media e os blogs são hoje uma parte dos media está a quase totalidade do nosso tempo, há que pensar com eles e para lá deles, mas sem eles pouco se conseguirá.

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