quarta-feira, fevereiro 11

Pontos de Vista de e sobre Vítor Cruz

A entrevista de Vítor Cruz foi como um X no Totobola. Não ganhou, nem perdeu, empatou, o que, dado o momento político, é uma quase derrota. Vítor Cruz foi igual a si próprio e por isso não perdeu, mas não ganhou porque não soube dar de si uma imagem mais afirmativa. Ao contrário de Carlos César que uns dias antes tinha imposto uma imagem muito melhor do que aquela que lhe conhecemos. Veremos o que acontece a 2 de Março. Tudo o resto foi sensaborão, o esfíngico Osvaldo Cabral, que faz perguntas como se fosse um professor numa oral, o trocista Rui Goulart, sorridente, irrequieto, talvez mais nervoso do que Cruz, sempre a tentar entalar mas com medo do que possa acontecer em Outubro e o inclinado Pedro Moreira atiçando o fogo com um atiçador furado. A minha principal crítica aos jornalistas é a de terem proposto temas em lugar de puxarem respostas. Jornalismo não é oposição e sim informação, eu sei, mas Vítor Cruz não disse nada que nós não soubéssemos de ante mão. Quanto ao líder da oposição, apesar dos solavancos lá levou a areia ao seu moinho. Criticou o actual governo o mais que pode, mesmo quando não devia. (Abro um parêntesis para dizer que este ping-pong de acusações verbais que se instalou entre PS e PSD é prejudicial para os dois. As pessoas estão cansadas de baixa política.) Nos aspectos sectoriais que eu me lembre foi mais ou menos isto: na saúde gastar uns milhões mais a pagar horas extraordinárias aos médicos para que todos sejam médicos de família, quero ver isso. Nas pescas um nim, não sei se vou, não sei se venho, quando ele sabe que não há nada a fazer. Na agricultura (não falou de agricultura mas sim de lavoura, não falou de fruticultura, nem de beterraba, nem de recursos florestais, nem de diversificação, etc.), mais uns chavões, excepto a questão de São Jorge onde Vítor Cruz marcou um ponto, mas há outras situações como aquela, ou piores, e não se falou nelas. No turismo, a mesma e velha questão da formação profissional, que passa hoje mais por uma efectiva educação e civismo do que por saber atender um cliente. Havendo boa educação o bom senso vem atrás. E a promoção, quem manda na promoção turística do arquipélago, quem manda no dinheiro da promoção é isso o que preocupa Vítor Cruz, esquecem que a melhor promoção é cada turista que cá vem sair satisfeito e falar bem dos Açores a dois amigos, não há dinheiro que pague isso e só se consegue isso com educação, cultura e serviços de qualidade. Mas o pior de tudo é que não se falou em Ambiente, quando esse é o maior problema dos Açores hoje. Todas as apostas de desenvolvimento que fazemos agora estão dependentes da salvaguarda do meio ambiente das ilhas, porque senão estamos a médio prazo atolados em betão e adubos. Pura e simplesmente não se falou de ambiente e isso foi o pior da entrevista. De resto, confirmámos que as conversações para a coligação estão a ser mais difíceis do que querem fazer ver, que só há coligação porque Vítor Cruz tem medo de arriscar tudo sozinho, que não há revisão da lei eleitoral porque o PSD quer formar governo a todo o custo, e aqui o custo pode vir a ser a vontade dos eleitores, que existem muitos independentes a apoiar a coligação mas não têm nome, que Vítor Cruz não sabe o que fazer com Paulo Gusmão e outros similares do PP, que Berta Cabral é a próxima líder do PSD e que Vítor Cruz vai exercer advocacia. Já me esquecia, os Açores mereciam políticos melhores.

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