quinta-feira, abril 15

CARTA ABERTA AO CAMARADA TÓZÉ

Meu Caro Tózé sem ressentimentos, mas por dever de consciência, impõe-se uma carta aberta de resposta ou, em alternativa, um duelo ao entardecer para o qual concedo galantemente a vantagem de escolheres as armas. À cautela, tendo presente a crispação do teu post, se possível, opto apenas por zurzir palavras.

Para além de todo o lastro viperino que deixas registado no teu post, permite-me o tripartido direito de resposta nos seguintes termos: 1º- se causei alguma ofensa foi sem qualquer resolução dolosa para o efeito, mas ainda assim peço que releves qualquer mossa; 2º- penso que tomaste a parte pelo todo já que o meu post não era sobre V. Ex.a, a quem, aliás, dediquei apenas um breve parágrafo em tom jocoso e nunca ofensivo; 3º- na sequência do que antecede nunca pretendi lançar nenhuma farpa para a abertura hostilidades com um colega de redacção que muito prezo e cuja amizade estimo de igual modo.

Posto isto lamento que o teu post seja tão áspero, de tal modo que, subliminarmente, tenha por vezes beirado o insulto. Também lamento que tenhas recorrido a tão pueril expediente de fazer «copy paste» do meu texto remetendo-o, em «boomerang», com enxertos venenosos para, porventura, dar-me a provar algum do meu veneno !

Também quero deixar bem claro que não chafurdei, ou chafurdo, em qualquer pocilga política ou outra, até porque nos tempos que correm é preciso ter cuidado com os vícios privados e, como tal, ainda que fosse vicioso, pensaria duas vezes em dedicar-me a qualquer comportamento desviante tipo «mud-fighting» como sugeres no teu post ! Assim sendo, como efectivamente é, a única «pocilga» na qual chafurdo é, porventura, a Piscina do Pesqueiro, especialmente em dias de São Vapor. Mas se assim o faço é por pura ignorância, já que é certo e seguro, que não tenho a presunção de tudo saber da vida. A propósito a única presunção e arrogância que me presto a orgulhosamente assumir é que, sendo essencialmente um liberal, glorifico sempre que posso a liberdade de expressão. Esse é um elementar primado filosófico do Mundo Ocidental que, contudo, tem vindo a debater-se com o seguinte dilema moral: «Devemos ser Tolerantes para com os Intolerantes ?» (vide a propósito John Rawls).

Finalmente, mas não menos relevante, não percebo o tique «pavloviano» de reflexivamente se invocar o nome de Paulo Gusmão, como se fosse uma mezinha mágica, sempre que é necessário atacar qualquer cidadão que seja militante do PSD-A ! É verdade, assim exposto resta-me confessar que pertenço ao PSD-A, que para ti se resume a uma «oligarquia política». Ora, talvez te compense saber que em tempos chafurdei a minha militância no M.S.E.

Uma nota final de homenagem a Che Guevara impõe as palavras que se seguem. Dúvidas não há do carisma do homem que, para muitos, foi imortalizado como um Cristo do Sec. XX, desde logo pela força iconográfica de uma invulgar fotogenia. Bem sei que a tão auto propalada superioridade moral da esquerda tem a soberba de achar que a Direita, e as Direitas, são um bando de «red neck´s» ignorantes. Também para quem não é de esquerda, mas também não é bem de direita ( ou seja parece que não é nem carne nem peixe ), é tão fácil presumir que ignaros como eu algum dia se tenham interessado a ler e reflectir sobre o Che. Sucede, porém, que sou um leitor compulsivo, que até lê todo o lixo no qual, por vezes, tropeço...coisas do tipo as informações nutricionais dos Cereais Integrais e outras insignificâncias. Outras vezes, quer a providência do acaso, que seja privilegiado com uma leitura iluminada, como por exemplo, «Che Ernesto Guevara, uma lenda do século» - Pierre Kalfon – da Terramar.

Acreditando nalguns papalvos que ainda sustentam a tese do bom selvagem, entre os quais está o citado autor da biografia do Che, cada ser humano lá há de ter as suas qualidades, mesmo que seja um tirano, é preciso é que não seja de Direita.

Sem ressentimentos, ponto final, e até amanhã camarada.

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