quinta-feira, maio 6

a outra Cidade

devaneio matinal à "insensibilidade e mau gosto"


O lado “esquecido” da cidade de Ponta Delgada e do qual “ninguém” se recorda. A não ser quando o Santa Clara ganha, o que é raro, ou quando sobe de divisão, o que será ainda mais raro. Fala-se, entre portas, num projecto privado para reabilitar parte da freguesia, frontal ao antigo matadouro, e transformá-la numa pseudo Docas (ao "melhor" estilo da capital). Aliás, uma opção estética muito discutível. Mas, isso são pormenores. Aos quais associo outras questões: numa das localidades com um carácter “miserável” - social e fisico - será a coabitação da fruição lúdico-consumista - a melhor solução? Sem que haja antes uma intervenção de fundo em termos de reabilitação social? Essa, sim, fundamental e imprescindível mas que, obviamente, nesta altura, não dá votos (da E à D) e muito menos visibilidade. Esta questão aplica-se no sentido do prolongamento da Av. Marginal para S. Roque (outra zona problemática) e cuja intervenção irá originar bolsas ou ilhas de casas e populações, já de si (auto) marginalizadas, e o alvo predilecto de uma orde de especuladores imobiliários. Este é, quanto a mim, o principal motivo desta obra. Quando se diz que não queremos uma parede de betão entre a Cidade e o Mar - que exemplos concretos é que temos no presente imediato? Fora os antigos edifícios da década de 50 que pontuam o centro histórico de Ponta Delgada, e que foram à época alvo da crítica feroz do Arq. João Rebelo, temos: o Solmar, o Açores Atlântico, o novo Hotel Marina, os novos Hotéis, junto ao Clube Naval e que incluem o futuro Casino, o Cais para Cruzeiros, e segundo se diz todo um conjunto de (mais) hotéis para o prolongamento da Calheta onde, também, se incluiu o Edifício da Moaçor. Não será esse afinal o modelo que andámos a importar – via Madeira, Baleares e Algarve? Não. É óbvio que não. Temos um destino de Qualidade – claro, que esquecimento o meu! Pois, segundo uma personagem da nossa praça, que pontua para os lados de S. Pedro, todo este projecto recorda-lhe a Riviera Francesa, que “todos” conhecem, salvaguardando as referidas diferenças, mas que para lá caminhamos (intervenção na sessão de esclarecimento pública relativa ao prolongamento da Av. Marginal). Com esta lógica de progresso e desenvolvimento irá ser muito difícil combater a política de crescimento vigente e que é transversal a sociais-democratas (ou lá o que isso for) ou a socialistas (em fase de redefinição ideológica). E quanto aos “folclóricos ambientalistas” (nos quais me incluo) a sua voz - enquanto técnicos - é sistematicamente silenciada. Acusados, que são, de “arautos da desgraça” e empecilhos ao Betão. E Santa Clara!? Por enquanto não desce de “divisão”...

Sem comentários: