segunda-feira, junho 21

Duas questões que até estão relacionadas

contra Aljubarrota e outros circos.

Na base de uma constituição democrática está a noção de respeito. Respeito da constituição pelos cidadãos que irá reger e respeito dos cidadãos pela constituição. Depois há toda uma série de valores como a tolerância, a igualdade, a liberdade, entre outros, que devem nortear os preceitos dessa relação de respeito. É óbvio que uma constituição não pode ter dentro de si a semente da sua destruição, assim que aceitar desarmadamente liberdades que minem a integridade da própria constituição,do estado e da sociedade que ela rege é um absurdo. Agora, a meu ver, numa sociedade verdadeiramente democrática não se pode limitar ninguém de se expressar abertamente por uma autonomia, por uma independência, por uma visão minoritária ou seja pelo que for. Mas essas opiniões se não estiverem caucionadas pelo voto de uma maioria dos cidadãos não podem nem devem ser tomadas como determinantes. A questão é esta, se as manifestações dos Skinheads não forem violentas, desordeiras, fora da lei, não devem ser proibidas, assim como qualquer outras manifestações, sejam de gays, de anarquistas, de surfistas ou de independentistas. Mas estes grupos minoritários terão que compreender que se querem alterar determinados aspectos da sociedade onde estão inseridos devem faze-lo pelo voto, recolham assinaturas, promovam referendos, participem em eleições. E, principalmente, façam-no de uma forma legal e não violenta. Diz o Alexandre que a diferença entre os Skins e os Okupas é a violência, talvez meu caro, mas as manifestações dos extremistas anti globalização são ou não são violentas. A violência não é um património ideológico, é um último instinto de sobrevivência. Uma democracia evoluída deve promover a sua sustentabilidade através de liberdades e de progresso, através de educação e bem-estar, de igualdade e de solidariedade. Se soubermos educar os cidadãos no respeito pelas diferenças será sempre a melhor maneira de fazer evoluir a democracia no sentido desta aceitar no seu seio as nuances de pensamento que a fazem evoluir.

A questão independentista nos Açores, na península ou na Europa, é hoje, em pleno século XXI, uma falsa questão. As entidades regionais ou nacionais fazem-se por uma afirmativa aceitação de valores culturais e não por uma qualquer fronteira geográfica ou de passaporte e de governo. Os Açores serão sempre mais Açores quanto melhor souberem afirmar a sua diferença no seio de uma união cada vez mais uniformizada, mas o mesmo se passa com Portugal, com Espanha e por ai fora. O tristíssimo espectáculo a que assistimos nesta ultima semana a propósito de um mero jogo de futebol, onde se foram buscar velhíssimos factos históricos que estavam esquecidos nos baús da memória, são demonstrações de uma enorme pobreza de espírito. Querer transformar um golo do Nuno Gomes numa simbólica vitória de um povo sobre outro povo é pior do que pobreza de espírito, é burrice. Se Portugal se afirma pelo futebol muito mal vai o povo português. Deviam ser outros os desígnios que nos unem, outras as batalhas. Mais, teremos sempre mais a ganhar lutando ao lado da Espanha do que contra ela. Assim como os Açores têm tudo a ganhar lutando junto com a Madeira e com o resto de Portugal, do que fora dessa união. Saibamos direccionar o nosso orgulho regional, nacional e civilizacional em sentidos mais positivos. Para finalizar o seguinte, eu adoro os Açores e adoro Portugal, mas nem Ponta Delgada é a cidade mais bonita do mundo, nem nós somos melhores do que os Checos, os Suecos, os Franceses ou os Espanhóis.

Sem comentários: