quarta-feira, novembro 24

OUTRA VEZ A NOSSA TELEVISÃO



Hoje foi um dia deveras extenuante em termos profissionais e de lazer... é verdade, o serão ficou reservado a uma maratona de RTP-Açores que, como se sabe, deve consumir-se com moderação. Mas factos são factos e tenho que aceitar que ando a perder tempo com o acessório, quando deveria fincar a minha atenção no principal. Antes de, per saltum, fazermos um zapping para a crítica ao Telejornal desta noite, duas notas à programação da RTP-Açores e por dever de consciência:

- Só hoje vi o programa «Jornais e Jornalistas» e sem qualquer remoque fica o registo pessoal de que julgo estar acima da média. Todavia, é urgente que se remova o Carlos(enfim)Tomé do painel, pois é um empecilho onde os restantes tropeçam. Sem bairrismos, julgo que o mesmo ficaria melhor enquadrado no «Choque de Gerações», porquanto, mesmo sem fosso geracional o homem seria um excelente apontador de diferença de idades! No resto, uma surpresa: Berta Tavares. É de gente desta cepa que a comunicação regional necessita para nivelar por cima. Factos são factos: o Mundo é cada vez mais das mulheres e esta Berta é uma lufada de ar fresco no panorama jurássico do audiovisual Regional.

2ª - Por imperativos de ordem familiar assisti com constrangimento e penitência a mais um «Choque de Gerações»... que alívio o «Choque de Gerações» fundiu-se... que é como quem diz chegou ao fim! Pelo menos para mim!

Lamento que o Nuno Barata Almeida e Sousa tenha sido seduzido para tão lúgubre sarau televisivo. Do que antecede basta ter presente que, quando quis ligar-se à tomada e opinar sobre os controvertidos temas, lá vinha o prestimoso Joel/Neto estragar a festa interrompendo a voz do Barata. Depois, é assaz ridículo insistir-se em debaterem-se temas singulares para os quais ninguém está qualificado quer academicamente, quer existencialmente ou até ao nível do hobby da mera carolice. Santo Deus, cabe na massa cinzenta de alguém, medianamente inteligente, encostar à parede um convidado quesitando o mesmo sobre o programa nuclear Iraniano?!? Bem sei que o Joel/Neto dá uma semana de avanço aos convidados para se exercitarem mas, ninguém se prepara para tão hercúlea tarefa numa semana, nem sequer com um raid a Teerão. É puro non sense mas não são os monty pythons!



Passando ao principal fiquei genuinamente chocado com a abertura do Telejornal de hoje. Afinal há uma grave crise na Lavoura Micaelense!

Fiquei chocado e não estou a ironizar. Vi homens da minha idade em desespero, expondo-se publicamente e à vizinhança, numa crónica de despedida anunciada. Sobre eles pairava o fantasma das responsabilidades bancárias e o espectro da emigração, desta feita para as Bermudas. Com desesperança lá iam dizendo que ficavam para trás a mulher e os filhos, venderiam a quota e as vacas e, se a Divina providência intercedesse para pagar as dívidas da ruína das suas lavouras, iriam cortar relva para a Bermuda.

E como quem perde por cem perde por mil, ainda lançavam a pergunta, meramente retórica: onde pára o apoio governamental e para que serve a nossa associação agrícola?

Mas, afinal onde está o mel dos euromilhões que se dizia escorrer pelos leitos dessas bacias leiteiras de São Miguel? Nas mãos e nos bolsos de quem precisa não está seguramente!

Depois, e para o contraditório, lá foram entrevistar o novel Secretário Regional do sector que, de onde estava, nada de novo trouxe. Falou na necessidade de certificação da carne Açoriana(!!!) e quando instado a apontar horizontes e mercados alternativos quedou-se, sem rasgo, por reafirmar que o mercado alternativo das nossas carnes é o Continente (português)!!! Só se espera que não se lembrem de reeditar a importação de vitelas, com a cumplicidade das associações agrícolas, de zonas potencialmente contaminadas com B.S.E.

A crise afinal existe e é, - a fazer fé na reportagem da RTP-Açores -, social e economicamente muito grave... à colação recordo aqui as palavras do Nuno Barata Almeida e Sousa num autocolante, que em tempos distribuiu em campanha: «Eu não tenho culpa, não votei Carlos César!»

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