quinta-feira, março 31

acabou-se

o sossego. Tal como o anticiclone, ele está a chegar, para choQuar o pacato quotidiano ilhéu...

único


A vida de Joaquim Oliveira em destaque na revista do Expresso desta semana. Um homem de poucas palavras, sobretudo à imprensa, discreto e pelos vistos com muito Poder (económico). Alguns mimos do artigo em questão: <«Joaquim Oliveira começou a vida a cozinhar, lavar pratos e a servir à mesa na Pensão Roseirinha, em Penafiel. Foi a fazer amigos e influenciar as pessoas que se transformou num magnata do futebol e da Comunicação Social»; «A sua maior especialidade é fazer amizades e cultivar relações, artes em que é um verdadeiro mestre, como se prova pelo facto de ter reunido Santana Lopes e José Sócrates em sua casa, quando fez 57 anos.»...e acaba assim «Ah, e no que toca a amizades, Joaquim Oliveira e José Eduardo Moniz dão-se tão bem como Deus com os anjos...». Bom, as deambulações ao longo do artigo são sempre ou quase sempre sinuosas. O Expresso já foi mais refinado e, pelo que dá a entender, não esconde o bimbo que há em si. E quando "cheira" a concorrência a máscara já era. Esta novela mediática - à portuguesa - ainda vai no adro...

quarta-feira, março 30

:ILHAS #16



convite

16:ILHAS:CONSUMO
02.04.05
sábado, na LIVRARIA SOLMAR_21:00


Eh Atolêmáde, isse é Consumo
(Cultural)...!


Uma conversa com

Joel Neto
Nuno Costa Santos
Rui Cabral

Colaboram neste número _ Mariana Matos, Luís Rodrigues, Mário Roberto, Alexandre Borges, Verónica Neves, Ezequiel Moreira da Silva, Carlos Riley, Mário Cabral, Pedro Paiva Araújo, Márcia Olival da Rosa, João Pacheco de Melo, Onésimo Teotónio Almeida, João Luis Albergaria, Guilherme Marinho, Hugo Ferreira, Silvia Pacheco, Luis Roque, Judite Fernandes

Agradecemos a vossa presença.

"O senhor Valéry era pequenino, mas dava muitos saltos. Ele explicava: Sou igual às pessoas altas só que por menos tempo"

Esta imagem literária de Gonçalo M. Tavares, que nos foi oferecida pelo Guilherme Marinho, é tão rica que me fez rebentar no cérebro, como bolinhas de sabão em dia de muito sol e pouco vento, uma quantidade imensa de imagens, sinónimas de estados de alma.
Inspirou-me a querer escrever tanta coisa que não consigo escrever nada. Não consigo separar o floco de neve da avalanche.

Obrigado Guilherme Marinho.

VOX POPULI

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A semanada de excitações e reflexões, acondicionada entre aspas, para guardar e, de vez em quando, revisitar na persistência da memória.



...The desintegration of persistence of memory, de Salvador Dali, é uma revolucionária sugestão do Guilherme Marinho, via Chá Verde (...na próxima edição do Vox Populi a reaccção retoma a tradicional persistência da memória.)


«O Governo de Sócrates é o primeiro governo de esquerda em Portugal que tem todas as possibilidades de desenvolver uma política de esquerda, sem compromissos, sem cedências»
Rogério Rodrigues, terça-feira 22 de março na Capital

«A verdade é só uma: 15 dias de Poder Socialista e ainda não declaramos Guerra aos EUA?!? Freitas é um cobarde. Um cobarde. Morra o estado de graça. Já. Morra o estado de graça. Morra. PIM. Nota: o retrato já vai a caminho da sala oval»
Nuno Sousa ,quinta-feira 24 de Março, no Barnabé

«A realidade mostra, todos os dias, a importância da existência de um PCP forte, interveniente, activo, influente. Com efeito, dado o papel singular do Partido na luta contra a política de direita e pela criação de condições para a construção de uma alternativa de esquerda que inicie a resolução dos grandes problemas que afectam a imensa maioria dos portugueses e portuguesas, o reforço do PCP é uma condição indispensável para assegurar a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País»
Editorial do Avante, quinta-feira 24 de Março

«- O que pensa do Bloco de Esquerda?
- O Bloco de Esquerda... é cor-de-rosa. É um novo partido do sistema, é uma esquerda no arco do Parlamento. Não é mais do que isso.
- É uma esquerda burguesa?
- Não sei se lhe chame pequeno-burguesa. É uma esquerda que está no campo das instituições e joga aí o seu jogo e que abdicou de um projecto revolucionário.
- É uma esquerda reformista?
- Absolutamente reformista: tem ambições, quer ganhar força, mas dentro da lei. Se fossem revolucionários não ganhavam oito deputados. Uma voz revolucionária nestas eleições se calhar não ganhava nem um deputado. Ora, eles precisam de deputados e já começam a pensar na hipótese de sustentar um Governo. Esse caminho já foi visto muitas vezes e já se sabe onde é que vai dar. Começam todos bons rapazes e acabam em ministros»

Francisco Martins Rodrigues, ideólogo da UDP em entrevista de Rogério Rodrigues, Sábado, 26 de Março na Capital

«- Acha que o PS, apesar da vaga eleitoral, devia fazer de novo uma coligação à esquerda para Lisboa? Será possível meter no mesmo barco PCP e Bloco de Esquerda?
- Acho que a cidade de Lisboa deve ser governada à esquerda, de preferência por uma coligação entre todas as forças de esquerda, lideradas pelo PS. E com boa vontade é sempre possível metê-las no mesmo barco de esquerda, com muitos marinheiros, é possível juntar essas forças»

João Soares, ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa em entrevista a Rui Cartaxana, quinta-feira 25 de Março na Sábado

«Com os assassinos, com os verdugos, com os carrascos, com os esbirros não se contemporiza nem se mostra fraqueza»
Garcia Pereira, o Advogado do PCTP/MRPP, em entrevista a António José Vilela, quinta-feira 25 de Março na Sábado
...

...quer saber mais sobre o comunismo visite o blog www.estudossobrecomunismo.weblog.com.pt

terça-feira, março 29

Portugal, o medo de existir!

Neste governo,
Existem ministros,
Existe primeiro-ministro,
Existe governo...

Longe da vista, longe do coração!

UMA «ILHA» NO AÇORIANO ORIENTAL OU A BARBÁRIE DA IGNORÂNCIA?

A BARBÁRIE DA IGNORÂNCIA

1. Com George Steiner a erudição nunca é inútil. Porém, Steiner afronta a «aculturação» com um pessimismo elitista, colocando-nos perante o incómodo e a perplexidade da «Barbárie da Ignorância». Efectivamente, porque razão a ciência, o humanismo e a cultura não nos deram qualquer protecção contra a bestialidade? É este o objecto recorrente dos ensaios de Steiner que, designadamente, nos interroga: «porque é que efectivamente se pode tocar Schubert ao serão para, de manhã, se voltar, no campo de concentração, ao cumprimento do dever? Nem a grande leitura, nem a música, nem a arte puderam impedir a barbárie total. E foram até, muitas vezes, um adorno dessa barbárie!» (in. «A Barbárie da Ignorância», Ed. Fim de Século). Porventura, «a barbárie que sofremos reflecte, em numerosos pontos precisos, a cultura de onde brotou e quis profanar» (in. «No Castelo do Barba Azul», Ed. Relógio d´Água). Nesse esteio, mas noutro contexto, Salman Rushdie concluiu que afinal «a civilização é o truque de prestidigitação que nos oculta a nossa própria natureza». Pese embora esta desesperança no humanismo da cultura, vale a pena explorar a obra de Steiner na busca de algumas respostas, sobretudo para uma Europa que se quer Culta! Afinal é com o «suor da alma» que vamos sedimentando esta finíssima crosta civilizacional sobre a barbárie da ignorância. (de George Steiner recomenda-se a colectânea de entrevistas com o título «A Barbárie da Ignorância»; o clássico ensaio «No Castelo do Barba Azul - algumas notas para a redefinição da cultura»; e ainda a novela «The portage to San Cristóbal of A.H.» que resgata um Hitler nonagenário para o seu próprio julgamento.)

2. «Yoshimi Battles the Pink Robots», dos The Flaming Lips, é uma alegoria musical cujo enredo está centrado numa menina japonesa que trava uma titânica luta contra andróides e robôs cor-de-rosa! A novidade não estará possivelmente no argumento, mas sim na sonoridade deste CD. Esta banda de Oklahoma(!) concebeu um álbum ousado num mix de rock de garagem psicadélico cruzado com outras sonoridades que chegam à paródia de importar «videogame-music» num registo «tecno-doom»! «Yoshimi Battles the Pink Robots», tem o arrojo de seguir um libreto marcado por sonoridades sinfónicas em espaços que nos fazem lembrar, por exemplo, o melhor dos Camel! Quando mudamos de faixa parece-nos que mudamos também de quarto já que o ambiente cruza laivos de psicadelismo com uma colocação de voz a lembrar, por exemplo, Neil Young. Não sendo uma novidade é um must em qualquer discoteca!

3. A cultura não é só «suor da alma» ou divertissement musical é também memória. Recomendo assim uma visita, ou um regresso, aos capítulos da saga «Ponta Delgada - Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento?», publicados pelo Dr.º Carlos Falcão Afonso no blog www.indispensaveis.blogspot.com. Enquanto não forem publicados em livro estarão disponíveis no arquivo blogoesférico.

João Nuno Almeida e Sousa / www.ilhas.blogspot.com
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colaboração no Suplemento de Cultura do Açoriano Oriental de 29 de Março, Coordenado pela Catarina Furtado e Mariana Matos.
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segunda-feira, março 28

A CRUZ NUCLEAR



Buscava eu uma reflexão nos evangelhos mas, no lugar da Bíblia, encontrei uma velha edição da Enciclopédia Larousse de Arte Moderna!

Sem o querer fui arrastado para a imagem do Cristo de São João da Cruz e, procurando, a Cruz Nuclear, tropecei nestas palavras de Dali:
«O Céu, é o que a minha alma apaixonada pelo absoluto procurou ao longo da vida que pôde parecer a alguns confusa e, resumindo, perfumada com o enxofre do demónio. O Céu! Infeliz daquele que não compreender isso. Quando vi pela primeira vez a axila depilada, de uma mulher, procurei o Céu, quando remexi com a ponta da minha muleta o monte putrefacto e cheio de vermes do meu ouriço morto, procurei o Céu. E o que é o Céu - O Céu não está nem em cima, nem em baixo, nem à direita, nem à esquerda, o Céu está exactamente no centro do peito do homem que tem Fé.»...

...é caso para lembrar um outro poeta e pregador Americano: «We are trying for something, thats already found us».
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Quadro de Salvador Dali: Cruz Nuclear de 1952, Colecção Privada do Marquês de Cuevas; Texto do ensaio sobre o método paranóico-crítico com o título «A Conquista do Irracional».
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domingo, março 27

a semanada cinéfila



Relatório Kinsey Em 1948, Alfred Charles Kinsey publicou "Sexual Behaviour in the Human Male", tornando-se responsável por mudar a cultura Americana ao revelar os segredos mais íntimos do comportamento humano. O estudo, para o qual entrevistou milhares de pessoas sobre os aspectos da sua intimidade sexual, foi comparado pela imprensa à bomba atómica - devastador ao revelar os comportamentos sexuais das pessoas, falando de masturbação, infidelidades, homossexualidade. Os seus estudos ajudaram o sexo a sair do armário, mas quando o país mergulha na paranóia da Guerra Fria, Kinsey torna-se um alvo das críticas, ao ser acusado de ir contra os valores morais americanos. Esta semana em exibição em PDL. Sinopse via Público.

DIA MUNDIAL DO TEATRO

sábado, março 26

colecção de cromos



Pode ser que dê mais uma rubrica para o blogue mas este tipo de situações é, nos dias de hoje, por demais normal. A cultura cívica atinge a cada dia que passa níveis históricos - de irresponsável incivilidade! Será que com o agravamento penal, hoje em vigor, os portugueses vão saber, finalmente, andar na estrada!?... Mais cromos aqui.

o destaque

Um dos sites que mais visibilidade tem na promoção dos Açores, ou pelo menos que mais visibilidade dá às ilhas dos Açores, coloca em destaque um artigo de opinião que mais não é do que uma picardia juvenil aos outros jovens (com assento parlamentar). Dor de cotovelo com chancela de Portal com uma gestão de conteúdos assaz curiosa. Discutam o vosso problema hormonal em casa - que pelo que dá a perceber anda confusa e desorganizada. Organizem-se e façam prevalecer esta e outras posições junto do vosso grupo parlamentar!

o "cristão-novo, oráculo do regime"

A refundação, como designa o camarada João Nuno - a reorganização da cúpula do PSD, será, no mínimo, rocambolesca.

O FIM DOS DIAS

Lenta penumbra crescente.
Lá fora
o dia
está prestes a ser abatido.

Ouvem-se os passos dos lavradores
os cascos ferrados dos machos
o rodado das carroças.
Pressente-se uma quietude sobre a calçada
uma distendida bonomia
à antiga portuguesa
nas cantilenas avinhadas
dos jornaleiros ao fim da jorna.

Lá fora
na vida deles
não há por onde um homem se perder.
A estrada bordejada de hortênsias
nunca engana
o caminho para casa.
Invejo o corpo cansado de quem labuta no campo
a única maneira decente
de se ser sedentário em movimento.

Séculos de distância
um imenso Oriente
separa-me de Lao Tse
e da volta ao mundo em redor do meu quarto.
Habito uma morada efémera
junto à estrada para Água de Pau
procuro em terra uma âncora
onde assentar arraiais.

Estamos em 1985.
Entre Jack Kerouac e Miguel Torga
não sei onde deva parar
... se deva parar.



Casa Amarela, Termo da Lagoa, Janeiro 1985

quinta-feira, março 24

A TERCEIRA VIA

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Vi e ouvi com deleite a Grande Entrevista de Judite de Sousa com António Borges. Numa linha diria que este militante personifica, neste momento, uma terceira via para o PSD.

A antevisão das «grandes linhas estratégicas» da sua moção ao Congresso do PSD ficaram limpidamente traçadas sem demagogia nem populismo. De forma velada e recorrente o Professor António Borges sublinhou, e bem, que o Partido Social Democrata precisa urgentemente de fazer um «restart» numa lógica de inclusão de pessoas e ideias. Colocou, desde logo, as ideias acima do pedestal das pessoas. Todavia, é da estirpe de pessoas como António Borges que Portugal precisa no Poder e, por ora, no maior Partido da oposição. Quanto às «linhas estratégicas» passam, essencialmente, por uma clara demarcação ideológica centrada no eixo de menos Estado e melhor Cidadania. Daí é possível derivar para um reforço da dinâmica empresarial com um minimalismo de intervenção burocrática e fiscal do Estado. Em suma, para António Borges, precisamos de mais optimismo e algum liberalismo nas políticas económicas... (com o inevitável travão no despesismo público).

Traçada esta ideia motriz a mesma só é sustentável com uma cultura de modernidade e exigência, quer do Estado, quer do Cidadão. Esta ideia «cosmopolita» é claramente aceitável num «estrangeirado», mas será bem recebida entre nós e, particularmente, no Partido Social Democrata? Estou certo que o será pelo carisma e simpatia de António Borges e, também, pelo acervo personalista e empreendedor do Partido Social Democrata. A refundação já começou!
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Ilhéu de São Roque

[hoje à tarde]


foto | Rui Coutinho

Riviera Francesa!?

Dificilmente...

BEAUTIFUL

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Correndo o risco calculado de ser considerado um herege da cultura dominante ou, pior ainda, um bárbaro entre eruditos, ainda assim não resisto a recomendar este «Hotel» de Moby.

Esta «egotrip» de Moby não será seguramente o disco no ano mas é um passo em frente em relação à escorregadela de «18». Os fantasmas de hóspedes que passaram por este «Hotel» são obviamente de David Bowie (por ex. em «Spiders»; de longe uma das melhores faixas do CD) New Order (revisitados em «Temptation») ou até um pastiche kitsch de Giorgio Moroder & Donna Summer (no caso do dançante «Very»).

Neste «Hotel» há espaço para quartos sombrios e suites luminosas, frenesins de rock e melancolias de baladas ambientais... e tudo isto sem os «samples» de blues e gospel!

Se vale a pena é a pergunta que aqui fica! Cá por mim já fiz o check in neste «Hotel», afinal tinha razão o próprio Moby quando disse em entrevista, à Y de 4 de Março, que «mais vale seguir o nosso instinto, independentemente daquilo que vão dizendo à nossa volta. Foi o que fiz.». E eu também!
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post-scriptum: Recomendo a «deluxe» edition com um CD bónus repleto de ansióliticas divisões de ambientes electrónicos, todas elas excelentes para adormecer em paz! A diária neste Hotel ronda os 22 Euros com pensão completa mas, se optar pela versão de meia pensão sem o CD «Moby - Hotel - Ambient», perde apenas o acessório.
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Moby é ainda um adito da net e tem uma espécie de blog a que chama «Journal»... em suma uma espécie de diário. A última entrada reflecte o «fracturante» caso «Terry Schiavo Debate» que bem poderia ter saído de um enlatado televisivo tipo «Causa Justa», mas infelizmente é bem real e grotesco. Aqui fica uma nota desse «blog» de Moby: «i do marvel(in a bad way)at the fact that politicians who are interested in protecting the sanctity of life would pass legislation to keep a profoundly brain-damaged woman alive at the same time that kids have legal access to guns and are shooting each other to death in public schools.»
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Entre várias escolhas possíveis aqui fica uma lyric do CD à falta de uma Jukebox para o efeito:

Look at us, we're beautiful
All the people push and pull
But let's just go out and ride
Talk about the things we try


Look at us, we're beautiful
All the people push and pull
But they'll never get inside
We've got too much to hide

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quarta-feira, março 23

Palais de Tokyo @ Paris

A apresentação no Palais de Tokyo (Centro de Arte Contemporânea de Paris) do # 27 da Magazine co-designhada pelo ilhéu José Albergaria. A Magazine vem referenciada na 16:ILHAS com saída - já confirmada - para a próxima semana. Já faltou +++ !!!

O País Relativo

Também há aniversários tristes, há mesmo aquela inevitável tendência dos aniversários que se tornam efemérides. Há até, em casos extremos, quem decida usar o aniversário para desligar as máquinas. Uma das razões para a minha entrada na blogoesfera foi O País Relativo, a outra foi o Desejo Casar que já morreu há uma eternidade, em anos de blogue, é por isso que não podia deixar de publicamente agradecer aos relativos por estes dois anos. Parabéns, obrigado. Voltem sempre.
(É extraordinário como os publicitários adoram destruir boas expressões.)

VOX POPULI

A semanada de excitações e reflexões, acondicionada entre aspas, para guardar e, de vez em quando, revisitar na persistência da memória.


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«Não há uma direita, mas várias direitas que se projectam no quadro partidário e fora dele. A chamada direita ultramontana, revanchista, racista não tem projecção nas actuais formações partidárias. A direita conservadora, e que em geral é estatista na tradição do Professor Salazar, tem expressão em algumas formações partidárias, nomeadamente no espaço político da direita parlamentar. A designação da direita liberal ou neoliberal que tem muito que ver com a desejabilidade de uma sociedade civil forte e de um Estado mais próximo do minimalismo, também tem expressão nesses mesmos partidos».
Ângelo Correia, terça-feira 8 de Março na Capital.

«Sou contra as quotas para mulheres e outros géneros, como agora se diz. Julgo que as mulheres têm direito a todos os dias do ano, talvez por isso desculpe o facto da RTP/A ter organizado um debate, dois dias depois da "data certa"».
Maria Corisca, Domingo 13 de Março no Correio dos Açores.

«Um dia, assim, de repente, acordei curado! Não comprei os jornais, não fui à biblioteca, e não acendi a TV. Pelo contrário: vendi-a a um amigo jornalista. Hoje sou um homem livre».
Gimba, Domingo 13 de Março na Capital.

«Ponta Delgada é à sua dimensão uma das raras cidades europeias que viu recuperados dois exemplares arquitectónicos com as características do Teatro e do Coliseu».
Pedro Nunes Lagarto, segunda-feira 14 de Março no Açoriano Oriental.

«Quem se atrever a defender em público o casamento, fidelidade, castidade, família e natalidade é considerado cómico e aberrante. Pior ainda , quem se arriscar a discordar do aborto, eutanásia, promiscuidade, pornografia e homossexualidade é réprobo e maldito».
João César das Neves, terça-feira 15 de Março no Açoriano Oriental.

«Também os cães que vivem em famílias de fumadores são vulneráveis a um aumento do risco de sofrer de cancro do pulmão ou sinonasal».
Notícia da Secção Internacional, quarta-feira 16 de Março no Diário dos Açores.

«Nova era se abre agora com Jaime Gama, também açoriano, embora em condições muito diferentes das que se registaram com Mota Amaral. No entanto, a caminhada política do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de António Guterres, a sua verticalidade e frontalidade, a capacidade de gerar consensos que fez com que por mais de uma vez tivesse sido apontado como candidato natural a líder dos socialistas portugueses, tudo isto merece da parte de todos os açorianos, uma saudação de orgulho com desejo de que o segundo mais alto magistrado da nação também não esqueça as raízes, tal como Teófilo de Braga, Manuel de Arriaga e, até agora, Mota Amaral. Porque a dignificação de qualquer açoriano é sempre a dignificação dos Açores. No tempo e na história».
Santos Narciso, quinta-feira 17 de Março no Correio dos Açores.

«É admissível que o eng. Sócrates tenha garantido aos portugueses que não aumentaria impostos e o fantasma de mais um ataque à carteira dos portugueses já paire no ar?»
Manuel Monteiro, quinta-feira 17 de Março no Açoriano Oriental.

«O facto de o governo iniciar as suas funções praticamente sem oposição exige, mais do que nunca, que não o deixemos em paz».
José Pacheco Pereira, sexta-feira 18 de Março na Sábado.

«O sexo só é sujo quando as pessoas não tomam banho».
Ana Drago, sexta-feira 18 de Março no Independente.

«Quem olhar para o mapa de actividades dos ginásios da moda sem um dicionário ao lado arrisca-se a não perceber nada. São nomes e mais nomes em inglês, que podiam definir subculturas nova-iorquinas ou posições sexuais estranhas inventadas na Índia antiga. A quantidade é inesgotável: body step, body pump, body balance, body combat, body jam, body attack. De body, ficamos por aqui. Segue-se o cycling, o step, o kick, o indoor run, o local express, o reebok core training, o hidropower. E ainda há as siglas: o LBT, o RPM, o ABS».
Manuela Carona, sexta-feira 18 de Março na Sábado.

«Nunca gostei nem gosto de pessoas que são como as rolhas: detesto-as. Não gosto de gente que diz, desdiz, para depois tornar a dizer. Claro que isto não implica que quando alguém descubra os seus erros não deva corrigi-los e mudar, por via disso, de atitude. Como nunca gostei de rolhas, não gosto, por via disso, de Freitas do Amaral assim como não sinto, como açoriano, que o país que me tutela vá ser bem representado na diplomacia mundial por um indivíduo a quem considero ter tido, ao longo da sua carreira política, um comportamento tipo rolha. Não se lembram as pessoas dos debates para as presidenciais entre ele, defendendo o centro-direita, e Mário Soares, na defesa da esquerda? Para não haver confusões, explico que entendo como "rolha" um indivíduo que, como as rolhas, está sempre a flutuar seja qual for a corrente que na altura se regista».
Valdemar de Oliveira, sexta-feira 18 de Março no Terra-Nostra.

«É também estranho, nesta escolha para ministro do Negócios Estrangeiros, o facto de ninguém por em causa a competência do homem para o cargo. A única preocupação é que Freitas já foi do CDS. Há outras pessoas em Portugal, nomeadamente no PSD, que vieram de partidos de extrema esquerda. E há outros que passaram do PC para o PS».
José Borges, sexta-feira 18 de Março no Expresso das Nove.

«Existe na sociedade portuguesa o culto dos homens que nunca mudam. Em geral usamos o termo "coerência" para designar o mais absoluto imobilismo... Muito francamente, não me parece que Freitas do Amaral tenha mudado.».
Helena Matos, Sábado 19 de Março no Público.

«No fundo, a direita portuguesa não precisa de se refundar, precisa simplesmente de se fundar».
Vasco Pulido Valente, Sábado 19 de Março no Público.

«O Governo é caso extremo de machismo extremo. Para 14 machos, duas fêmeas».
João Pereira Coutinho, Sábado 19 de Março no Expresso
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terça-feira, março 22

extra, extra...

:ILHAS linkado devido a fortes pressões da Direita residente. Obrigado!

E por falar em promessas

é pena que esta tenha ficado na gaveta. Mas aqui o tempo é de espera por um Milagre ao 3º dia que, pelas minhas contas, vai tardar em aparecer!...

e após o Choque,

de hoje, apraz-me dizer - Camarada Pedro, Coragem!

Para os fãs da Guta

Para os muitos fãs que Guta Moura Guedes deixou em S. Miguel
Entrevista e fotos na Periférica #12

foto extraída de http://www.periferica.org/numero12/entrevista.html

um olhar

irónico e capital - sobre a falsidade política do político que se dizia ministro. Por Tiago Rodrigues.

as Antas não são em Alvalade

Mas ainda assim há quem pense o contrário.

segunda-feira, março 21

Porque hoje é 2ª

ACREDITAR é possível!...



Ilhas

Ilhas
Ilhas
Ilhas em que nunca poremos os pés
Ilhas cobertas de vegetação
Ilhas mosqueadas como jaguares
Ilhas mudas
Ilhas imóveis
Ilhas inesquecíveis e sem nome
Atiro os meus sapatos pela borda fora de tanto que gostaria de vos aportar.

Blaise Cendrars (1887-1961) in Mesa de Amigos

Foto | Rodrigo Sá da Bandeira | Sete Cidades

domingo, março 20

Planet Hollywood

Mais um livro de Nick Hornby transposto para o grande ecrã. Depois de High Fidelity e About a Boy agora é a vez de - Fever Pitch. Mas, ao invés do "desporto rei" somos presenteados com a febre da bola em formato baseball (o "ex-desporto rei" norte-americano). A usurpação literária do autor inglês em nada abona em seu favor a não ser no óbvio - na carteira. A homogeneização do gosto (e dos costumes) pela óptica de Hollywood numa cada vez mais recorrente súmula de clichés e banalidades através do formato mais querido das massas - a comédia romântica.

CHERCHEZ LA FEMME #2


No Dicionário de bolso que costumo usar, a palavra sagesse significa Marguerite Yourcenar (1903-1987). Esquisitice minha, se calhar, mas a sabedoria pode ser muito sexy e Madame, com o seu lastro de cultura clássica e cocqueterie intelectual, sempre me queimou a fogo lento. Sou um devoto, confesso. No Verão de 2003, ano do centenário do seu nascimento, fui de romaria até Northeast Harbor, no Maine, para visitar a casa da escritora que, não sendo Museu, franqueia as portas (após pedido escrito) a tarados como eu. Creio ter sido uma das viagens mais bem feitas da minha vida. Tratava-se de saldar uma dívida de gratidão para com a autora das Memórias de Adriano e eu paguei-a até ao fim, no cemitério de Somesville, onde lhe disse baixinho ao ouvido: je vous embrasse, Madame.

sábado, março 19

raios e coriscos

É o que neste momento debita o camarada Pedro em virtude do muito mau tempo o ter deixado offline, graças à queda de um potente relâmpago nas proximidades da Abelheira de Baixo, e da prestação do seu saudoso Benfica. Cá-te esperamos...

at the movies

"Melinda e Melinda" é o novo filme de Woody Allen (estreia esta semana em NY) e volta a tratar os temas a que Woody Allen nos habituou: a infidelidade, a fragilidade do amor, o romance e a incapacidade de comunicar.


Hotel Ruanda. Em 1994, o Ruanda foi palco de uma das maiores atrocidades da História, quando a milícia Hutu começou a massacrar os Tutsi. O filme conta a história verídica de Paul Rusesabagina, o gerente de um hotel, que para além de tentar proteger a família que ama, acaba por salvar milhares de refugiados, ao conceder-lhes abrigo...


Robôs é um filme de animação e foi realizado pelos mesmo criadores de "A Idade do Gelo".



Nos Cinemas Solmar e Castelo Lopes, respectivamente.

sexta-feira, março 18

como é bom bater neste Ceguinho

Em antecipação à síntese do camarada João Nuno e para ler na integra...
O homem que escolhe os cargos políticos de acordo com as suas conveniências pessoais não merece dúvida nem condescendência - ou então acabemos com o choradinho sobre a falta de categoria da classe política. Por outro lado, Sócrates foi eleito por metade dos portugueses, e Santana foi cooptado, e também por razões de interesse pessoal, por aquele que eu, pessoalmente, considero o mais vazio e o mais profiteur de todos os políticos portugueses contemporâneos: Durão Barroso.

free to comment

E antes da edição da meia-noite a recuperação, em post, de um "destacável" do Expresso. O espaço "cor-de-rosa" já ultrapassou, largamente, as barreiras do comentário social d'ÚNICA!...

JL

...



(foto gentilmente cedida pelo Francisco Entramula.)
...

A propósito de «antiguidades» é tempo de recordar os leitores de culto e de cultura deste blog que está nas bancas a edição especial dos 25 anos do «JL Jornal de Letras, Artes e Ideias».

Sem prejuízo das críticas da actualidade, destaque para o fac-símile da 1ª Edição do Jornal...

e ainda a propósito de «antiguidades» aqui fica um post «sacado» ao Dr.º José António Barreiros do A Revolta das Palavras

«Parabéns ao «JL», o jornal de letras artes e ideias. Surgiu na quinzena de 3 a 6 de Março de 1981, vai nos vinte e cinco anos.
Um destes dias ouvi, num monólogo em teatro, a actriz dizer «nos anos sessenta do século passado». Lentamente, entre o pastoso da incompreensão do conceito e o amargo da constatação da realidade, conclui que se tratava, afinal, da prodigiosa década de sessenta, que me parecia ontem. Realmente fora já no século passado.
Como «prenda de aniversário» este «JL» oferece aos seus leitores um «fac-simile» do seu número um. Impressiona folheá-lo: Fernando Assis Pacheco (morto), José Cardoso Pires (morto), David Mourão Ferreira (morto), Augusto Abelaira (morto), Alexandre Pinheiro Torres (morto), Vergílio Ferreira (morto), Nuno Bragança (morto), tantos outros, mortos, mortos. Todos mortos.
Tudo começou neste «JL» em 1981. Não foi no século passado, foi ontem. Nós os que estamos vivos, insistimos: foi ontem!»


...saúdinha é o que se deseja neste aniversário!

ROGÉRIO EHRHARDT SOARES



(rep. do fac-símile da minha velha sebenta de Direito Administrativo)
...

«Lapidar, organizado em frases geralmente curtas, de sintaxe algo elaborada, carregado de referência histórica e de ironia queirosiana, oscila entre a citação de Shakespeare ou de Dante e a evocação de um conto infantil, de um episódio anedótico ou de um dito popular. A exemplaridade das suas sínteses é inigualável.»

O homem objecto destes louvores não é romancista mas sim jurista e chama-se Rogério EhrHardt Soares. Efectivamente, o naco de prosa reproduzido e da autoria de Paulo Rangel reporta-se a um emérito e geriátrico lente da vetusta e insigne Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Em suma, a «alma mater» de muitos Portugueses e alguns Açorianos entre os quais me incluo... pese embora tenha nascido na maternidade Alfredo da Costa e a minha naturalidade seja a de Alvalade!

Quanto ao Professor Doutor Rogério EhrHardt Soares com justiça se dirá que a fama precedia o homem. Este Professor de Coimbra disputava o título de absoluto terror dos alunos com o malogrado Professor Orlando de Carvalho, que como se sabe, era um peso pesado nesta categoria. O certo é que alcandorada no alto da colina de Coimbra a Universidade sempre se prestou a mitografias. No caso de Rogério Soares era «vox populi» que o mestre era irascível e, além disso, useiro e vezeiro em deleitar-se com puzzles jurídicos, os quais usava para «chumbar» os alunos nos exames orais.

À colação importa ainda recordar que Rogério Soares era um não alinhado no vasto rol de «evangelizadores» que iam à missa do comunismo para comungarem o marxismo-leninismo. Estes, naqueles tempos, eram uma vasta maioria na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra que só se foi esvaziando à medida que iam desertando ou guindando para o Partido Socialista. No caso de Rogério Soares a aura sombria de figura do antigo regime, conjugada com o apelido teutónico, geraram a mitografia de um autocrata!

Ainda assim, recordo-o num singular episódio que fez dele, pelo menos naquele caso concreto, um justo e um gentleman.

No prefácio desta «estória» convém dizer que uma das terríficas razões das cólicas que nos assolavam na hipótese de exame oral em Direito Administrativo era conseguirmos encaixar e desenriçar as bizarras analogias e puzzles tão do agrado do Professor Rogério Soares. Afinal, estávamos perante o homem que após páginas e páginas de doutrina de Direito Administrativo, rematava com desconcertante simplicidade o dogma de que «os actos administrativos, são actos administrativos». Mas, o episódio que ficou no anedotário Conimbricence envolvia uma colega do Porto, particularmente destemida e de «pêlo na venta». À examinanda o Professor Rogério Soares terá com soberba inquirido: - «Qual é a semelhança entre a Senhora e uma Vaca?». O homem nem teve tempo de olhar para o currículo da moça que disparou rápida e fulminante réplica: - «A mesma entre o Senhor Professor e um Boi!» Fez-se um gélido silêncio na sala que só foi quebrado pelo Professor Rogério Soares quando aquietando a destemida colega lá lhe explicou que a mesma tinha razão, porquanto, ambos eram sujeitos de Direito Administrativo e, assim mandou-a em paz... sem a «chumbar».

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quinta-feira, março 17

Julgamento 2

Jacko Wacko e como a pop vencerá a Justiça. Brevemente num veredicto em directo. Para acompanhar aqui.

afinal

o destaque veio via Terceira. Em São Miguel ficaram-se pelas notas de pesar...

TAMBÉM QUERIA TER UM CONTADOR ASSIM

O desenvolvimento deste post aguarda a edição online do jornal Expresso das Nove de 18 de Março.

VOX POPULI

A semanada de excitações e reflexões, acondicionada entre aspas, para guardar e, de vez em quando, revisitar na persistência da memória.



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«Mota Amaral... esteja ele onde estiver, basta a sua presença para promover os Açores. Confesso que me senti arrebatado por tal ideia e logo imaginei a figura de Mota Amaral a emergir com languidez do verdeazul das nossas lagoas, trazendo na cabeça uma coroa de nuvens e envergando, no corpo esguio, um maillot de licra decorado com garças e hortênsias, ao mesmo tempo que se vai ouvindo, temperada por repiques de viola da terra, uma voz daquelas tipo Lauren Bacall, fazendo irresistíveis convites do tipo: - «Açores um destino de sonho / Venha daí comigo aos Açores... Hummm...» Até me arrepiei.»
Luiz Fagundes Duarte, Sábado 5 de Março no Açoriano Oriental.

«No dia 8 de Março de 1875, trabalhadoras de uma indústria têxtil de Nova York em greve pela diminuição da jornada de trabalho, foram trancadas e a fábrica incendiada, provocando a morte de 129 delas. No II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910, em Copenhague, Clara Zetkin, editora do jornal feminista «A Igualdade» propõe essa data como referência para todas as mulheres do mundo celebrarem e comemorarem as suas lutas... estes factos não aconteceram como são narrados.»
Ana Isabel Sousa, Domingo 6 de Março no Açoriano Oriental.

«O Chile beneficiou com o governo militar do General Augusto Pinochet com um aumento significativo da população escolar.»
Dom Marcus de Noronha da Costa, na Caraçores de Março.

«Hoje, o PS já tem máquina e encerra nessa mesma máquina pessoas que de socialistas nada têm, alguns são mais reaccionários do que os dirigentes mais empedernidos do CDS.»
Nuno Barata Almeida e Sousa, Março na revista Saber.

«O PSD tem que entrar num processo de regeneração nem que isso signifique a existência de fracturas. Os falsos consensos e unanimismos têm um preço demasiado alto e o PSD já pagou mais do que devia por eles - a verdade é que a candidatura de Cavaco Silva é a única réstia de esperança do PSD poder regressar às vitórias.»
Carmo Rodeia, Março na revista Saber.

«Os chefes do CDS tendem a fugir do CDS. Freitas do Amaral, o mais persistente, acabou na esquerda. Lucas Pires seguiu para a «Europa» com o PSD. Adriano Moreira ficou sempre fiel a Salazar. Manuel Monteiro fundou outro partido. E Paulo Portas planeia emigrar para a América... No CDS, a galeria perfeita dos retratos dos chefes é uma galeria sem retratos.»
Vasco Pulido Valente, sexta-feira 11 de Março no Público.

«A política é como o pau de sebo: há a oposição a puxar pelos fundilhos, tentando arreá-los, os que amarinham, poste acima, rumo ao poder... vamos esperar para ver: na democracia actual, o cidadão participa no dia em que se levanta para ir votar, no mais, fica sentado a assistir ao efeito.»
José António Barreiros, sexta-feira 11 de Março n'A Revolta das Palavras.

«...«garotice», a palavra faz-nos lembrar uma característica do PP desde que Portas e Monteiro mataram o CDS, o partido é dirigido por jovens adultos indelicados, mal-educados e radicais, «garotos» em suma.»
José Pacheco Pereira, sexta-feira 11 de Março na Sábado.

«Na obra o Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, o retratado fica jovem para (quase) sempre, mas a pintura vai espelhando a sua velhice real, as suas culpas, os seus pecados, os pesos na consciência, os vícios e os azares da vida. Não sei em que estado estava o Freitas do Amaral do retrato...»
Nuno Rogeiro, sexta-feira 11 de Março na Sábado.

«O «caso da Garagem» só por si, mais os «casos» do Processo são exemplos clamorosos de como nos Açores a «cidadania» está em estado de catástrofe.»
Estevão Gago da Câmara, Sábado 12 de Março no Açoriano Oriental.

«Percorro os meandros do meu cérebro à procura de uma ideia que me crie um personagem, lhe dê vida e uma história. Nada. Não está cá nada nem ninguém.»
Samanta Paralta, segunda-feira 14 de Março no Atlântico Expresso.

«És mulher? Tens mais de 30 anos? És solteira? Não tens namorado?
Se respondeste sim a todas estas perguntas, põe-te a pau! Foi hoje publicado o Decreto-Lei n.º 64/2005, que regula a remoção de destroços de navios encalhados e afundados.»

The Bird, terça-feira 15 de Março no Frangos para Fora.

«O Professor Freitas do Amaral é uma espécie de Luís Figo da política Portuguesa.»
Nuno Costa Santos, terça-feira 15 de Março no Choque de Gerações.

«O PS anuncia o diálogo, mas à sua maneira: o diálogo é feito com base na adesão às propostas socialistas.»
Pedro Gomes, quarta-feira 16 de Março no Anjo do Mundo

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quarta-feira, março 16

alta fidelidade

Uma extensão da crónica na :ILHAS com carácter uptodate. Os discos que tenho armazenados e a tocar no ZEN...

Beck . Guero



Bent . Ariels



Bloc Party . Silent Alarm



Bugz in the Attic . Got the Bug



New Order . Waiting for the Sirens Call

A TRADIÇÃO JÁ NÃO É O QUE ERA!


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Factos são factos: a tradição já não é o que era! O «Choque de Gerações» também não!

Na verdade, a emissão de hoje pareceu-me o «anverso» da anterior. Até o personagem-tipo: «Catedrático da Católica», arquétipo do «maître-à-penser» transgeracional, não causou o habitual e sonolento «ennuiment». Pelo contrário, alinhou num debate incandescente entre o Pedro Arruda e o Nuno Costa Santos. Este último esteve no melhor da sua verve, fazendo uso cirúrgico da mesma como se fosse um fulminante florete de esgrima! Pontuou largamente sem ter sido «tocado» frequentemente. Este «episódio» do Choque teve ainda de bónus o «low-profile» do «mestre d'armas».

Como disse: Factos são factos: a tradição já não é o que era! O «Choque de Gerações» também não!... até de lá levaram a garrafa de tinto!

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(post-scriptum: Hoje já não há espaço editorial para o Vox Populi que guardo para amanhã... fim-de-emissão)

terça-feira, março 15

A paranóia modernista

Eu sei que governar é uma tarefa difícil, cheia de engulhos e outras contrariedades. Eu sei que nunca se consegue agradar a todos, nunca por igual, nunca totalmente, eu sei tudo isso, mas mesmo assim continuo a adorar criticar quem governa e quem me dá de comer, neste caso a CMPD.
O alvo da minha mais recente embirração são os novos bancos da avenida. A própria avenida marginal de Ponta Delgada é já de si uma aberração, feia, desmesurada e estado-novista demais para o meu gosto esquerdalho. Mas estes novos bancos que hoje deram à luz são uma aberração maior.
O importante em quem governa é, como bem disse o Santo Antero, bom senso e bom gosto. O bom senso de preservar o que de bom já existe e o bom gosto de criar com, bom, com gosto. Os velhinhos bancos da avenida, de ripas de madeira verde e ferro, são um pedaço da nossa história comum, obliterá-los é um erro grave, ainda para mais substituindo-os por uma modernice insonsa, desprovida de identidade e sem um pingo de gosto. Já para não falar no gajo que ganhou uma pipa de massa a vender estes excelsos exemplares de design moderno à Câmara Municipal de Ponta Delgada. Falta de gosto, falta de bom gosto.

P.S. Alexandre, quando puderes junta aqui uma foto dos ditos bancos que é para o pessoal ver do que é que eu estou a falar.

P.S.2 vá lá João Nuno, chama-me conservador, que eu gosto.

P.S.3 tudo tem o seu lugar e aquele não é lugar para bancos daqueles.


aqui fica a imagem, a foto é do meu querido amigo e camarada Alexandre.

O JULGAMENTO SEM RESPOSTAS ?

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Caso de pedofilia nos Açores começou ontem a ser julgado

«O «caso da Garagem», um processo em que dezoito arguidos são acusados de ter abusado sexualmente de duas dezenas de menores em Lagoa, ilha de São Miguel, começou ontem a ser julgado pelo tribunal de júri de Ponta Delgada, sob rigorosas medidas de segurança e debaixo de um denso manto de silêncio por parte de advogados e arguidos.

O caso será julgado por um colectivo composto por três juizes e quatro jurados (três mulheres e um homem). Além dos 18 arguidos estão arroladas 186 testemunhas, a esmagadora maioria (160) indicadas pela defesa.

«Não comento», «não presto declarações», foram as duas frases mais escutadas à porta do tribunal, entre ameaças dirigidas aos jornalistas pelos dois irmãos de José Augusto Pavão, também conhecido por Farfalha, o proprietário da garagem onde terão sido cometidos os crimes. Só Luís Arruda, antigo delegado de Saúde de Lagoa, acusado de oito crimes de abuso sexual, furou o silêncio para se manifestar «confiante» na sua absolvição.
Além do silêncio (uma marca do processo açoriano por oposição ao «caso Casa Pia»), outro dos objectivos do tribunal parece ser o de imprimir celeridade ao rumo das audiências: ontem foram já ouvidos quase todos os arguidos assim como uma das testemunhas de acusação. Hoje deverão iniciar-se as inquirições às restantes testemunhas.
No interior do tribunal, o silêncio acabou por ser, também, uma das estratégias seguidas por alguns arguidos, com destaque para Farfalha (acusado de 43 crimes de abuso sobre menores), o elo de ligação entre todos os arguidos, que prescindiu de prestar declarações na abertura da audiência. Isto, apesar de se reservar ao direito de ser ouvido pelo tribunal numa fase posterior das audições. A esmagadora maioria dos arguidos, no entanto, optou por responder às questões do colectivo.

A celeridade é, no entanto, uma das marcas do processo açoriano. Vários dos intervenientes no caso, contactados ontem pelo PÚBLICO, garantiam que o objectivo é conseguir concluir o julgamento até à próxima sexta-feira de forma a evitar a interrupção para as férias judiciais da Páscoa, marcadas para o próximo dia 21. Se tal não acontecer, as audiências serão interrompidas até ao dia 28 de Março.
No exterior do tribunal, a indiferença acabou por marcar o primeiro dia de julgamento. Parecem distantes os dias em que centenas de pessoas se concentravam à porta do edifício para assistir à chegada dos arguidos e às movimentações de jornalistas à procura de comentários. «As pessoas estão fartas deste assunto», confessava uma idosa a outra, no passeio fronteiro ao tribunal, enquanto a interlocutora estranhava o facto «dos pais dessas crianças não estarem também a responder». «Muitos deles sabiam o que se estava a passar e também deviam responder», afirmava repetidamente, enquanto completava o raciocínio com a alegação de que «essa culpa não quer dizer que os outros (arguidos) tenham qualquer desculpa».

Deolinda Pavão, mãe de Farfalha, esteve também presente no início do julgamento para «apoiar o filho» e contestar o processo: «Essas miúdas desgraçaram a vida dos meus filhos. Desde que isto aconteceu ninguém lhes dá trabalho. Estão desgraçados por causa disto tudo». Além de Farfalha, dois dos irmãos são também arguidos no processo, acusados de tentativas de coacção sobre várias testemunhas.
Durante os próximos dias não passará pelo tribunal de Ponta Delgada qualquer representante dos menores que terão sido vítimas dos abusos, já que nenhuma das famílias exerceu a opção de constituir-se assistente do processo. Além disso, os depoimentos dos menores foram recolhidos para memória futura ainda durante o decurso do inquérito liderado pelo Ministério Público. O MP é também o responsável pelos pedidos de indemnizações cíveis que ascendem ao valor de 225 mil euros.»


Por Nuno Mendes, no Público de 15 de Março de 2005

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O circo está montado e a última exibição da Companhia Farfalha é, por enquanto, sine die. Sem data marcada ficarão também as respostas que não constarão dos quesitos deste Julgamento.

Desde logo, a primeira pergunta é como compreender a impunidade dos «Tribunais da Comunicação Social» montados num carrocel de boatos que veio a redundar em lugares vazios no respectivo banco dos réus. A mácula que deixaram no nome de pessoas que, até prova em contrário, se presumem serem de bem e inocentes, causa asco e repugnância. Tal impunidade só se compreende com a promiscuidade que permitiu, neste caso e noutros, que a trupe de habituais justiceiros da comunicação social tivessem acesso privilegiado aos camarins onde os actores deste drama iam preparando a peça. Para que não se diga que isto é mera especulação bloguística recordo que, por exemplo, aquando das detenções para primeiro interrogatório judicial dos ora arguidos, a comunicação social regional e nacional montou bem cedo o seu estaminé nos paços da entrada do Tribunal. Coincidência?

A segunda pergunta que ficará por responder é a razão que terá levado os pais dos menores, «alegadamente» abusados, a não se terem constituído assistentes nesta monstruosa diversão da garagem da Lagoa. O ruidoso silêncio desta paternidade cúmplice não deixa de espantar. Será que estas «crianças» não mereciam pais melhores?

A terceira e última pergunta que ficará, por enquanto, sem resposta é a de saber se deste Julgamento sairão ecos e avisos para uma cidadania mais activa. Desde já é de louvar a intervenção de jurados com o correspectivo reforço de responsabilização comunitária. Todavia, a cidadania começa não no interior de um tugúrio ou de uma sinistra garagem, mas sim nos lares e nas famílias. Quando estas não são vigilantes é então necessário o alerta de outras «cidadanias»... mas, no fim a questão é sempre esta: «who watches the watchmen»?

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Ao João Nuno Almeida e Sousa

Ao grande (acima de 1.90 m) João Nuno, à sua mulher que cegamente o adora, aos seus filhos que loucamente o sofrem, aos seus amigos que pacientemente o aturam, aos génios que muito se esforçam e não o percebem e para aqueles merdas que nem o querem perceber, dedico este poema dos Clã que roubei no blog Cromossoma X, cromossoma este que o João Nuno tanto aprecia, o seu único e os dois da sua extremíssima senhora.
Tenho dito...

tu nunca choras ao ver sangue
tu nunca sangras quando sofres
guardas a dor dentro do cofre
se alguém decifra o segredo
e se pica no teu ferrão azedo
tu lambes-lhe o sangue do dedo

tu nunca choras ao ver sangue
tu nunca ficas transparente
és daquela raça tão rara
que tem no olhar o gelo quente

se alguém te atinge o coração
aguentas o baque
de frente
e sentes uma oscilação
defendes-te com uma paixão competente
e encarnas tão impunemente
a pele de um animal de sangue quente
que ama a sangue frio

tu nunca choras ao ver sangue
tu nunca ficas transparente
és daquela raça tão rara
que tem no olhar o gelo quente

gelo quente
quente e frio.

("Sangue Frio", Clã, Lustro, 2000)



Tempus Fluit (boy with melting ice - a photo about time) Phnom Penh 1993 wim wiskerke

a necessidade absolutamente imperiosa de escrever qualquer coisa

Mas vocês repararam que o meu camarada, sócio e colega de blogue, Alexandre, conseguiu fazer um post só com um ponto de interrogação!?

?

vocês viram isto? Um mísero e solitário ponto de interrogação. ?

incrível, creio que foi atingido, com este post, um novo patamar na blogoesfera. É todo um novo mundo que se abre aos intrépidos bloguistas. Imaginem, posts só com reticências, só com virgulas, uma virgula, ,, aspas, posts só com aspas, ", abrir aspas e fechar aspas sem nada lá dentro, só " ", lindo, bolas, verdadeiramente extraordinário. Mais, posts só com nada, vazio total, sem as aspas, sem

lindo, e anda o João Nuno aqui a escrever tratados, o Carlos com poemas, o TóZé com ficções, o Vítor , o Vítor, onde é que anda o Vítor? E eu, eu com os meus erros ortográficos e obsessões políticas, a solução para mim é posts vazios, sem absolutamente nada, tipo este.

Está decidido, nunca mais fazer um post que tenha letras, a partir de agora só posto a fila de cima do teclado. E com esta me vou. Como diria o Ezequiel, see ya later, suckers!

1234567890!?#$%&/()=?»

domingo, março 13

SE...

...

O tempo tudo consome menos a memória. Há 25 anos atrás perdi aquele que certamente seria, desde o primeiro «post», um leitor regular e crítico deste blog e também, seguramente, do foguetabraze.

Há 25 anos perdi o meu Pai que tem, contudo, permanecido ao meu lado! Afinal, com transcendente sapiência, Fernando Pessoa disse algures que «Morrer é só não ser visto! Se escuto eu te oiço a passada - Existir como eu existo».

«Se», remete-nos para os imponderáveis da vida e a mim remete-me para a memória ternurenta do meu Pai. Recordo-o todos os dias! Hoje lembro o apreço que tinha por este poema de Rudyard Kipling, outrora pendurado numa parede do seu escritório e agora «postado» aqui com a tradução possível.

...

«Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso;

Se és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem;

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam;

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício;

Se és capaz de enfrentar o triunfo e o desastre,
Sem fazer distinção entre esses dois impostores;

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por velhacos em armadilhas aos ingénuos;

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas;

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado
E perder e começar de novo o teu caminho
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado;

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
E de passear com reis, conservando-te o mesmo;

Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo;

Se podes preencher todo o minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada;

Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo o que nela existe.

E não te receies que o roubem.

Mas (ainda melhor que isso tudo)
Se assim fores, serás um HOMEM.»


...

Esse HOMEM era o meu PAI.

CHERCHEZ LA FEMME #1


Charlotte Rampling, para lavar a vista ao Domingo. Filha de um Coronel britânico que depois foi Comandante na NATO, tem a marca inconfundível de uma English Rose. Não se diz a idade das senhoras, foi assim que me ensinaram, mas a fotografia data dos inícios da sua carreira de modelo na década de 60. Começou a chamar-me a atenção no filme de Luchino Visconti The Damned (1969), mas só fiquei irremediavelmente apaixonado quando a vi no The Night Porter (1974), de Liliana Cavani, uma das mais incríveis histórias de amor produzidas pela Sétima Arte.
.... a Bridget Fonda bem que gostava, mas não consegue chegar aos calcanhares desta Miss Europa.

sexta-feira, março 11

Abandonada em palco

- Saia se faz favor! Vá lá, já lhe dissemos, saia daqui! Lá para fora! Vá lá!
Estávamos, uma freguesia inteira, à porta da igreja do Sr. Santo Cristo, para acompanhar os nossos romeiros. Quase todos viramos a cabeça à procura daquele acto de expulsão. Uma freira, vestida de hábito cinzento, expulsava, de uma forma frágil mas firme, da porta da igreja, uma pedinte.
A pedinte, uma mulher suja, gasta, escurecida pela exposição ao frio e ao sol, queimada da vida, abusada de carências e excessos, surpreendeu-me, pois pareceu-me desprevenida e envergonhada por ser o centro de uma nova plateia. Houve um momento de hesitação em que ela passou os olhos, envergonhados, assustados, esperançados, pelos olhos das almas presentes, inclusive os meus, e em que individualmente pareceu pedir ajuda, um conselho ou uma estratégia... algo. Quase todos desviamos o olhar, mas eu, sem a olhar nos olhos, pelo canto do meu olho, fiquei atento. Lembrei-me do Miura de Miguel Torga, da sua ilusão, da sua solidão perante a multidão, da sua coragem para aceitar o desfecho final.
Na certeza de que o público a abandonara em palco, ela ainda decidiu fazer, com a sua face inerte e olho vivo, o papel de Churchil e, mesmo que sozinha, stand her ground, só por um instante, longo bastante para lhe dar orgulho em mais esta derrota. Reparei que quando a freira deixou de a empurrar, e já toda a freguesia se concentrava na procissão de homens cansados, que choravam ave marias debaixo de uma chuvinha que lentamente molhava, a pedinte desceu o degrau e afastou-se, um bocadinho, da porta que dava entrada para o Sr. Santo Cristo dos Milagres, e ali ficou, debaixo daquela chuvinha que, à custa de avé marias, lavava a alma dos outros.

ÍBAMOS TODOS EN ESE TREN



LUSITANIA EXPRESSO

A primeira vez que saí sozinho
de Portugal
senti em Atocha um chão seguro sob os pés.

O andén número 2
onde encostava o comboio proveniente de Santa Apolónia
tinha a dignidade par
das chegadas internacionais.

Madrid, ainda mal desperta da noite franquista
recebia-nos envolta no fumo matinal dos churros fritos
dos Ducados
acesos
a seguir ao mata bicho
com um carajillo de conhaque
Osborne.

A velha estação de Atocha
e o seu perfume a classe operária
anunciava aos forasteiros
que havia outras Espanhas para além dos filmes da Marisol.

Tudo isto se passou há algum tempo
mas já então o homem fardado
de "ABC" aberto
sobre o balcão das bagagens
recusou-se a receber a minha mochila
para eu desfrutar
com outra leveza
Francisco Goya y Lucientes
nas galerias do Prado.

ETA, no
disse ele
por palavras e gestos
que não me atrevi a contestar.

Anteontem ao acordar
os "Desastres" de Goya apareceram-me de novo
em directo no Euronews:
corpos desmembrados por força da miséria humana
e o sangue vermelho da Espanha de Arrabal
espalhado sobre os carris
reluzindo ao sol frio das primeiras horas da manhã.

Lembrei-me das cores da movida
e de como a alegria se tornou um serviço público
decretado pelo Alcaide Tierno Galván.
Madrid me mata
mote dessa cidade em festa
ecoa hoje de forma macabra na memória de quem por lá andou.

Recordei o calor ruidoso dos tascos da glorieta
aquele perpétuo movimento
das chegadas e partidas
as rubias de voz rouca
e rabos de cavalo
com perfume a Heno de Pravia.

Não há bomba que dê cabo do salero
eu sei
mas é uma hostia
que a fronteira dessa guerra antiga
tenha rebentado outra vez
pelas costuras
logo no centro geométrico da Península.

E eu para aqui tão longe
no meio do mar
sem comboio que me leve
de volta ao princípio.
De volta à cama
desfeita
e ao teu corpo morno
por momentos
em Atocha.

AUSENTE

...

«Eu haverei de erguer a vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei-de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares se tornarão vãos
e sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.

Tardes que te abrigaram a imagem,
música em que sempre me esperavas,
palavras desse tempo,
terei de as destruir com as minhas mãos.

Em que ribanceira esconderei a alma
pra que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e sem piedade?
A tua ausência cerca-me
como a corda à garganta.
O mar ao que se afunda.»



Ausência, de Jorge Luís Borges

In «Fervor de Buenos Aires»

...

A REVOLTA...DAS PALAVRAS

...

Ainda Freitas do Amaral: o homem das convicções definitivas
...

Uma prosa edificante!

«(...) na actual conjuntura universitária, a cumulação de um cargo marcadamente político forneceria decerto o pretexto desejado pelos estudantes extremistas para introduzir agitação nas nossas aulas. Nenhum de nós tem, como V. Excelência sabe, a estulta pretensão de obter uma imunidade provisória à contestação, em troca de renúncia às suas convicções definitivas(...)». É uma carta: escreveu-a Diogo Freitas do Amaral, em 13 de Junho de 1970 a Marcelo Caetano.

Freitas fora convidado por Manuel Cotta Dias para assumir o «pelouro doutrinário» da Acção Nacional Popular, o partido único do regime anterior, sucessor da União Nacional.

Escreve a justificar-se com as «provas académicas» e com este paleio de não dar azo aos «estudantes extremistas». Mas, manteigueiro, não deixa de sublinhar que nada disso põe em causa as suas «convicções definitivas». Mas não é só isto! O homem das «convicções definitivas» acrescenta, a justificar-se quanto a não aceitar: «(...) a mágoa que nos invade por nos não ser possível aceitar esta colaboração que tanto desejaríamos prestar a Vossa Excelência». Fantástico colaborador!

E remata «alimentando a esperança de não prejudicar, senão no mínimo, esta fase de arranque das actividades da ANP, aproveitamos para formular a V. Excelência os mais ardentes votos de felicidades na prossecução da grande obra que vem desenvolvendo a bem de Portugal».

Não é lindo?

A «grande obra que vem desenvolvendo a bem de Portugal»!

Ontem «muito grato e dedicado» a Marcelo Caetano, hoje nos braços do «animal feroz».Isto de facto é mesmo uma «choldra»!

...

mais e brilhantes farpas em A REVOLTA DAS PALAVRAS ...o blog de JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS ...à la carte, sugestão do Chefe, «Carne para Canhão» e «Falta de Vergonha»...

...

quinta-feira, março 10

a próxima Muleta oportunista

a partir de amanhã com o Público


O melhor será prever uma reserva no vosso quiosque predilecto. O 1º DVD da série it's for free...

a esperança será a última a morrer

essa coisa das mulheres

enquanto se fala, e tem-se falado tanto, sobre mulheres. Neste preciso momento cinco mulheres a uma mesa falam na RTP-A sobre mulheres. Queria chamar à vossa atenção este post de Ana Gomes no Causa Nossa.

"(...)
Fiquei chocada com o número e o posicionamento das mulheres nas listas eleitorais do PS. E alarmada com o facto de várias terem sido incluídas por conveniência instrumental (preencher a quota estatutária de 33%) e por critérios alheios a competências ou especial activismo partidário ou outro.
Chocou-me particularmente o tratamento dado a Sónia Fertuzinhos, eleita pelas militantes do PS (e mais de 4.000 socialistas participaram em 2003 nessas eleições) para presidir ao seu Departamento de Mulheres. Ela é inteligente, progressista, competente, trabalhadora, dedicada ao Partido, tem invulgares e demonstradas qualidades de liderança e capacidade de iniciativa, bom-senso, experiência como deputada, sólida preparação académica, é jovem, mãe de filhos pequenos, sabe comunicar (e em várias línguas) - enfim, a "dream female young leader" que qualquer Partido socialista ou social-democrata por essa Europa fora se pelaria por exibir. Mas no PS português prevaleceu o machismo anacrónico que, por um qualquer pretexto, excluiu das listas a Presidente eleita do Departamento de Mulheres.
(...)"

[Post Completo]

Devir

E continuando na maré das recomendações do melhor que há em pop culture. Aqui fica a referência à editora DEVIR que traz para Portugal o melhor dos comics.



banho de cultura, oh yeah!!!

Quase Famosos

E já que estamos em onda de recomendações gostaria de chamar à atenção dos nossos leitores na capital que é já depois de amanhã a festa promovida por estes senhores que se dizem quase famosos, pelo que sei eles também vivem de uma dieta de boa música.

A Europa não é só um velho e respeitável continente que acabou comandado por um ex-maoísta convertido ao mercado. É também uma bonita casa de diversão nocturna, ali ao Cais do Sodré, onde os Quase Famosos - sim, os autores deste blog quase anónimo - organizam uma festarola, na sexta-feira, 11 de Março, a partir das 22.30.

Promete-se tudo, inclusive a possibilidade de tentar uma coreografia "Jennifer Lopez" ao som dos Einstürzende Neubaten. Estará afixada em frente ao gira-discos uma minuciosa lista de músicas que não se podem pedir. O resto - ou seja, o sapateado e as lantejoulas - é convosco.

Para ganharem o direito a entrar, só terão de citar integralmente a letra do terceiro tema do primeiro álbum dos Felt e dizer o nome do xilofonista que colaborou com John Zorn no concerto de Zurique (17 de Fevereiro de 91). A partir daí, o céu - neste caso, a bola de espelhos e os focos - é o limite.

Será proibido falar de política, de bola e da vida sexual frustrada dos DJ's de serviço.

Kasabian



Alguém disse, e com muita razão, que era assim que deviam soar os Stone Roses em 2005. Eu pessoalmente sou defensor da noção que só vale a pena conhecer e gostar de coisas que já passaram para melhor apreciar o que de bom se vai fazendo hoje em dia. Boa música, muito boa música. E mesmo ali ao lado os Bloc Party.

OBRIGADO MUU

Pela MUito actualíssima prenda.



Aproveito o ensejo para divulgar:

EM PARTES IGUAIS
Academia das Artes dos Açores
12 de Março de 2005, 21h30

* Lançamento do livro de poesia Em Partes Iguais, de Carlos Bessa, editado pela Assírio & Alvim, com apresentação de Emanuel Jorge Botelho.

* Exposição de gravuras de José Quintanilha, realizadas a partir de quatro (4) poemas do livro Em Partes Iguais.

* Actuação do Trio Fragata, grupo de música experimental, com quatro músicas inéditas, compostas a partir dos mesmos quatro poemas de Em Partes Iguais.

"Porque o lançamento de um livro pode e deve ser uma festa, poesia, música e artes plásticas juntam-se num acontecimento só: a apresentação do livro Em Partes Iguais.
Desta vez a poesia é o centro à volta do qual circulam diálogos musicais e pictóricos. Maneira pessoal de homenagear alguns criadores açorianos: Nemésio, Lacerda, Dacosta. Sem deixar de ter presente outras tradições e outros diálogos. Porque aos intervenientes interessa o que abre entendimento na vida e não aquilo que a pretende amarrar a lugares comuns.
O livro será apresentado pelo poeta Emanuel Jorge Botelho. A música é do Trio Fragata, composta propositadamente para este evento ? em estreia absoluta, portanto ? e as imagens do artista plástico José Quintanilha. Música e pintura elaboradas a partir de quatro poemas desse livro."

Acontecimento que conta com o patrocínio do ARTCA e com o apoio da Livraria O Gil.
Do Press-release da ARTCA


Basquiat inaugura amanhã. Para quem estiver de passagem pela Big Apple, na Páscoa, e patente até Junho. A obra de um dos artistas mais importantes do panorama contemporâneo. Via Art Actuel.

quarta-feira, março 9

the next Big thing

Ex-director de "marketing" do CDS-PP e ex-porta-voz do partido para o turismo no período entre 1993 e 1998, durante a liderança de Manuel Monteiro, Miguel Matos Chaves assegurou ter recebido "muitos telefonemas de apoio", embora sem apontar qualquer nome.

O militante democrata-cristão adiantou que pretende "reunificar as várias tendências da direita em Portugal", considerando que existem demasiadas forças políticas no centro ideológico e que os eleitores devem poder escolher "entre modelos alternativos" e não "entre pessoas".

[cidade património] ?

Ouvi esta notícia ontem na reposição do telejornal - falava em 11 andares!? Confirma-se?!...

SORUMBÁTICO



www.sorumbatico.blogspot.com é mais um blog colectivo capitaneado por um peso-pesado do Jornalismo que é Joaquim Letria.

A visitar e a remeter para o nosso índex, já que é mais um para a «contra cultura» cibernética!

Por via do sorumbático tomei conhecimento que o CDS/PP está a preparar uma «exposição colectiva» do seu acervo artístico. As peças vão a leilão dentro em breve! Daí que aqui se aguce o apetite dos «connaisseur's» de Pop Art com uma foto da instalação da colectiva do Largo do Caldas.

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...OUTRA VEZ O CHOQUE DE GERAÇÕES !



A edição desta noite do «Choque de Gerações» foi um gigantesco retrocesso, provando que, sob uma crosta finíssima de uma certa «patine» intelectual, esconde uma torrente muito pouco elitista de banalidades!

Não fosse o «décor» e poderia pensar-se que estávamos sintonizados numa parolada típica da SIC-Mulher. Na verdade, sucederam-se os «clichés» do feminismo, desta feita restrito ao suor das lides domésticas. Fez-se tábua rasa do papel do homem nas sociedades modernas e obliterou-se as responsabilidades da paternidade. Ao arrepio dessa tendência esteve muito bem a Maria Graça da Silveira, especialmente, quando quis trazer para a mesa a «tirania que se faz aos pais nas decisões dos tribunais». Mas, este «hors d´oeuvre» passou ao largo.

Assim, neste charco de frivolidades, Maria Graça da Silveira ficou sozinha à tona de água e de nada serviram os seus lampejos de lucidez em contraponto ao deserto de ideias que se havia instalado nos restantes comentadores. Efectivamente, pasmei com o rol de banalidades debitadas por Susana Yourchek e, pior ainda, com o arrazoado de lugares comuns diletantemente revisitados por Francisco José Viegas (cujo tour ao respectivo blog prova que o homem é capaz de mais e melhor)!

Na segunda parte o programa descambou de vez. Na verdade, descolou da realidade preferindo ao invés tratar assuntos da realeza Britânica! Foi um «Choque de Gerações» formatado no estilo da revista «Caras». Como se isso não bastasse tivemos ainda uma «barbie» de serviço que, apesar de não estar a vender as canecas com o logo do «Choque de Gerações», mas sim a exibir lixa para a dentadura e complicados descascadores de maçãs(!!!), mais parecia estar a fazer um casting para a TVShop.
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para quem não viu Repetição hoje às 19 horas na RTP-Açores.

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terça-feira, março 8

VOX POPULI

A semanada de excitações e reflexões, acondicionada entre aspas, para guardar e, de vez em quando, revisitar na persistência da memória.




«Zeca Medeiros acertou outra vez. Absorveu o luar, aprisionou os seus actores nos anos sessenta e no primeiro de Maio de 1975, cercou tudo de criptomérias e, apesar disso, construiu o que vai ser o acontecimento cultural mais importante do ano nos Açores, pela criatividade, pelo inovador da interacção que chega a intimidar o espectador menos esquerdista, pela luz, pela música, e também pelo diálogo, pese embora o preconceito anti direita subjacente e talvez já desnecessário».
Carlos Melo Bento, quarta-feira 2 de Março no Açoriano Oriental.

«O PSD perdeu as eleições, mas ocupa o seu lugar de partido de alternativa política. Hoje não faz oposição, porque iniciou um processo de designação de novo líder. Amanhã, retomará o lugar para o qual o eleitorado o remeteu, com uma carta de recomendação: nova atitude e nova liderança. A maioria socialista não é eterna».
Pedro Gomes, quarta-feira 2 de Março no Açoriano Oriental.

«Algumas raparigas ainda parecem pensar que a sua única função no Universo consiste em desempenhar os papéis de esposas devotadas, seres paranoicamente ocupados com a limpeza do pó e mães tão excelsas quanto a Virgem Maria. De certa forma, o destino das raparigas na casa dos trinta ou quarenta anos corre o risco de ser pior do que o meu. Quando casei, o que de mim se esperava, além da procriação continuada, era que passasse o dia a arrumar a casa, a cozinhar pratos requintados e a vigiar a despensa. Hoje, a estas tarefas vieram juntar-se outras. As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama, profissionais competentes e estrelas nos salões. Mas isto é uma utopia. Nem a mais super das supermulheres pode levar as crianças à escola, atender os clientes no escritório, ir à hora do almoço ao cabeleireiro, voltar ao escritório onde a espera sempre um problema urgente, fazer compras num destes modernos supermercados decorados a néon, ler umas páginas de Kant antes de mudar as fraldas do pimpolho, dar um retoque na maquilhagem, telefonar a três "babysitters" antes de arranjar uma, ir ao restaurante jantar com os amigos do marido, discutir a última crise governamental e satisfazer as fantasias sexuais democraticamente difundidas pelos canais de televisão. Estou a falar, note-se, de mulheres socialmente privilegiadas. A vida das pobres é um inferno sem as consolações de que as suas irmãs de sexo, apesar de tudo, usufruem».
Maria Filomena Mónica, quarta-feira 2 de Março no Público.

«Estes últimos seis meses de vida partidária envenenaram tudo à volta. Dividiram o PSD como nunca tinha acontecido, deixaram uma herança de ajustes de contas e ódios, alguns dos quais vão minar o futuro imediato. Não é preciso ir mais longe do que o mal-estar larvar contra Cavaco Silva que vai ter consequências nas presidenciais».
José Pacheco Pereira, quinta-feira 3 de Março no Público.

«Sócrates, como de resto o «socialismo» indígena, julga que aprendeu a lição de Blair: dar simbolicamente o que se recusou substancialmente. Blair sobrevive assim: a promover, e a satisfazer, o «ódio de classe» e o horror ao «imperialismo» inglês. Inventou a «princesa do povo» contra a monarquia; criou parlamentos regionais na Escócia e no País Gales (duas ficções) contra a Inglaterra; expulsou a aristocracia hereditária da Câmara dos Lordes; e agora proibiu o desporto por excelência aristocrático (a caça a cavalo). Nada mais simples: a inveja igualitária goza e o mundo continua na mesma. Infelizmente para Sócrates, não há em Portugal uma «classe" privilegiada», antiga e reconhecível, que lhe sirva de bode expiatório. Em Portugal, os «ricos» são um grupo indistinto, no sentido pleno da palavra. Para uma boa imitação de Blair, falta o principal».
Vasco Pulido Valente, sexta-feira 4 de Março no Público.

«Portas ficaria surpreendido com o número de pessoas que votaram nos trotskistas sem saberem quem é trotsky. Ou serem trotskistas».
Clara Ferreira Alves, sexta-feira 4 de Março na Sábado.

«Portugal está na sala de espera, vive dias de um intervalo entre o «já era» e o «há-de ser». O ciclo político mudou, mas não abundam entusiasmos».
António José Teixeira, sexta-feira 4 de Março no Jornal de Notícias.

«Depois de tanta expectativa este Governo soube a pouco. É uma aliança do PS com alguns conhecidos do engenheiro José Sócrates».
Miguel Relvas, secretário-geral do PSD, Sábado 5 de Março no Público.

«O novo Governo não surpreende nem emociona. A surpresa vem mais dos que ficam de fora, dos que agora sobem a ministros, se bem que a ida de Freitas do Amaral para Ministro dos Negócios Estrangeiros (depois das radicais posições públicas quanto às relações com os EUA) se arrisque a destoar no capítulo que tem sido uma constante política em Portugal, entre os dois partidos de alternância: a política externa».
Pedro Gomes, segunda-feira 7 de Março no Anjo Mudo.

«O facto do INAC não ter aceite a candidatura da Air Luxor com base na defesa das obrigações de serviço público é não só justo, como é no interesse dos Açores e dos açorianos, uma vez que voar é, no nosso caso, respirar».
André Bradford, segunda-feira 7 de Março no Sala de Fumo.

«Não é politicamente sério dizer que o Código do Trabalho é em si mesmo negativo».
Ana Drago, segunda-feira 7 de Março na Capital.

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sunday morning

Um Momento de Frivolidade Zen no Dia da Mulher
Largo da Matriz. Ponta Delgada. Algures nos últimos 10 meses. Motivo para a desordem automobilística = Missa Dominical das 12h00 (ou da 11h00 - a esta hora procuro desaustinadamente por 1 café!). Á vossa pergunta!? Sim, é uma Mulher!...

Chelsea win 5-4 on agg

Um grande, enorme, jogo de futebol. Quem não goste de futebol deve ver jogos como este para se apaixonar pelo desporto. Ronaldinho marcou um golo mágico. Alguém tinha que ganhar, ganhou Mourinho e os seus "Blues". Um grande jogo. [BBC Sport]

Vitorino

Se há coisa a que um bom açoriano está mais do que habituado é a brumas e nevoeiros, já para não falar em borrascas. Quantas e quantas vezes não vamos na estrada, lentamente, no receio que do cinzento espesso da bruma saia uma vaca tresmalhada em correria. Olhar atentamente o nevoeiro é um costume nas ilhas. Não nos surpreendem portanto os Sebastiões deste mundo. É claro que este post vem a propósito de António Vitorino, esse Messias do Portugal assustado. Segundo consta o Sr. Vitorino, que eu próprio aventei para PR aqui há dias, terá confessado em público que não gostou de ser ministro, que acha que é melhor estar no parlamento e que, no fundo no fundo, o que ele mais deseja é que o deixem quietinho no seu canto a ganhar dinheiro e a falar mal da situação sem ter que se chatear com coisas, sei lá, menores, como isso da governação. Ora, está o Sr. Vitorino no seu pleno direito, aliás se o que o Sr. Vitorino quer é poder falar mal da situação enquanto vai à sua vida descansado, devia mesmo era abrir um blogue que é onde as pessoas de bem libertam o murcon que têm em si, insultando ao desbarato, e siga. Mas o problema é que o Sr. Vitorino quer isto tudo mas ao mesmo tempo quer também ser o Dom Sebastião do centro esquerda nacional, e quiçá internacional, ora meu caro Sr. Vitorino, ou uma coisa ou outra. É que quando chega a hora da verdade, que é como quem diz quando toca o sino da governança, a malta têm que dar a cara, como disse o Professor Freitas. Eu também gostava de viver no Hawaii mas, malogradamente, nasci numa família açoriana. De que serve aparecer na campanha, escrever programas de governo, enfim, cagar tantas sentenças, para no fim vir apregoar que o governo não interessa nem ao Dom Sebastião. Como é que é, falam, falam e depois não os vejo a fazer nada, fico chateado. Pois fique o Sr. Vitorino sabendo que desde que o Euro ultrapassou o Dólar que já não há boa moeda, e que por este andar creio que o Dom Sebastião do PS pode mesmo ter encontrado o seu Alcácer-Quibir. Vá lá João Nuno, canta comigo: Merecíamos Políticos Melhores. Algo vai muito mal neste país pequenino.

Ontem chorei

Não tenho televisão por cabo. Através de uma antena interna apanho a nossa RTP-Vacas e com alguma interferência a RTP-1. Em dias de tempo sul, vento sudoeste, com pressão barométrica à volta de 3,2 bar, nuvens estirais, lua nova e etecetera e tal, consigo apanhar um formigueiro que reconheço ser o canal História através de uma captação limpíssima de som.
Ontem, enquanto na RTP-Vacas passava o hilariante programa sobre a classe turística reservada aos jornalistas locais e na RTP-1 falava sobre eutanásia, com algum esforço, um jovem, vítima de esclerose múltipla, procurei o meu histórico formigueiro. Apanhei o início de um documentário, contado na primeira pessoa, sobre a batalha de Mogadishu. O documentário tentou de uma forma satisfatória contar, na primeira pessoa, os dois lados daquela batalha homem a homem/mulher/criança. Indiscutivelmente, contada assim, a nossa afinidade cultural aproxima-se mais da história vivida pelos soldados americanos, alguns deles que só deixaram de ser criança no momento em que, olhos nos olhos, disparam pela primeira vez sobre o inimigo.
Fez-me especial impressão alguns factos que achei comuns em quase todos os relatos apresentados por parte dos invasores. Quase todos estavam ali "to kick some ass" e rapidamente "pack and go home". Quase todos ficaram chocados pelo facto de aquele filme de Hollywood não lhes estar a correr nada bem, as balas eram verdadeiras, os gritos de dor e o sangue eram verdadeiros e os mortos também. Era tudo tão diferente do esperado que parecia irreal. E depois o medo, o medo que nos empurra para a cobardia ou para a coragem, ou ainda, primeiro para uma e depois para a outra. Mas acima de tudo a irmandade, a irmandade de quem se encontra no mesmo lado da trincheira, na fronteira da vida, com o assobio da morte a passar-lhes por todos os lados, e às vezes por dentro. No fim, quase todos os sobreviventes, carregam a pena de não lhes ter sido dada uma oportunidade de voltar a trás e "kick some ass", Cinton não arriscou mais e deu ordens para "pack and come home".
Emocionei-me com estes relatos que descreviam a coragem dos outros, seus companheiros, nalguns casos uma coragem suicida para acompanhar na morte um camarada e noutros uma coragem ressuscitadora que afugenta a morte que se debruça sobre um companheiro. Finalmente, para os sobreviventes, a coragem de viver com as memórias de uma guerra.

segunda-feira, março 7

GERAÇÃO DE 70, #1

O DRAMÁTICO DE CASCAIS

Sempre que vou a Lisboa e sobra algum tempo para fazer aquilo que Aquilino Ribeiro chamava de Geografia Sentimental, não dispenso um passeio domingueiro pela Marginal a 50 à hora, de janela aberta e com o rádio invariavelmente sintonizado na Nostalgia.

Tive o meu share de puto da Linha durante a adolescência e irrita-me aquela ideia de que a mesma se circunscreve ao perímetro que vai da Cidadela ao Tamariz , espécie de reduto ecológico dos queques. A minha Linha foi outra, mais déclassé, felizmente, com epicentro em Carcavelos, onde havia uma pequena colónia inglesa ligada à estação de cabos submarinos que saíam daí para os Açores. A Elkie Brooks, por exemplo, era filha de um funcionário do cabo e cresceu naquelas paragens antes de se tornar vocalista dos Vinegar Joe, uma das poucas bandas rock que tocou em Portugal antes do 25 de Abril, no saudoso cinema Monumental. O Brian Adams, depois, também lá morou e tudo isso emprestava à pacata vila balnear um flair cosmopolita e musical que se transmitia inevitavelmente aos locais. Grande parte dos meus amigos de então, entre S. João do Estoril e Carcavelos, passavam a vida metidos em garagens e queriam ser iguais ao Jimmy Page quando fossem crescidos. Eu, que era só ouvidos, limitava-me a acompanhar os ensaios e a ir de romaria aos concertos. O santuário dessa época era o Pavilhão do Dramático de Cascais, palco de todas as edições do mítico Festival de Jazz organizado pelo Luís Villasboas, ainda antes de 1974, e do célebre concerto dos Procol Harum onde quase me vim abaixo das canetas quando tocaram os acordes iniciais do Salty Dog.

O Dramático de Cascais, construído a pensar nos jogos de hóquei em patins, acabou por entrar para a história como a Sé Catedral do rock em Portugal, sobretudo entre 1972 e 1982, e o seu rito de consagração foi sem dúvida o concerto dos Genesis em 1975, que assinalou o começo do seu tour mundial de promoção ao Lamb Lies Down on Broadway. Faz hoje trinta anos, a 7 de Março de 1975, estava eu na idade do armário, assisti àquele que, como soe dizer-se, foi o concerto da minha vida. Sentimento, arrisco-me a dizê-lo, certamente partilhado pelos milhares de pessoas que tiveram o privilégio de testemunhar a intensidade dramática e os sortilégios coreográficos de Peter Gabriel em palco. É impossível, para não dizer inconveniente, transmitir num post aquilo que por lá se passou. Recordei-o ontem em silêncio na romaria de saudade que fiz ao jardim da Parada, perto do Pavilhão, onde se gerava sempre uma efémera folia em dias de concerto. Sentado num banco revivi as caras sorridentes de toda a gente que chegava, o ambiente de reunião familiar.

Tive o grato prazer de comemorar hoje à noite ao jantar, com um amigo que também lá esteve, o aniversário do concerto mais psicadélico das nossas existências. Até parece mentira. Talvez por isso é que, obedecendo às recomendações dos promotores do evento, eu tenha resolvido guardar o bilhete.

mau

Novamente no headline noticioso nacional. Nos jornais, hoje publicados, a actualidade apenas referenciava a vitória em casa do Santa Clara! Não fosse a Rádio e a TV (regional/nacional) o deslizamento passava ao lado desta solarenga 2ª feira.

TELEVEJA




Hoje é dia de «Prós e Contras» no Canal 1 da RTP - às 21 horas e 15 minutos Local Time

O dito «debate alargado» com «especialistas» e «decisores» incide sobre um tema fracturante e fashion: a Eutanásia... Se não tombar para o lado e morrer de sono, com sorte, ainda vou a tempo de fazer um zapping para o Canal 2 que,mais ou menos à mesma hora, passa mais um folhetim de humor negro com «Six Feet Under».

A alternativa cómica está não só na SIC e na TVI («Malucos do Riso», «Levanta-te e Ri» e «Batanetes») como, porventura, estará também mais tarde no «Clube de Jornalistas» do Canal 2, com o tema «O boato e as fontes anónimas»... segundo consta, a não perder às 23 horas e 15 minutos... Local Time

...por cá nas ilhas destaque na RTP-A para mais uma Edição de «Jornais e Jornalistas». Hoje dedicado aos cameramen.