terça-feira, julho 26

BLOG IT

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1. No fluir do incomensurável caudal da sociedade de informação a nossa aldeia global e virtual vai-se construindo numa densa e difusa rede de relações humanas.Na era da sociedade de informação a revolução da internet tende a democratizar o acesso à informação e a aceder ao inevitável e humano desejo de comunicar; além disso arquiva e engendra uma fonte inesgotável de conteúdos para as diversas valências do conhecimento. Saber gerir essa ferramenta cibernética depende também da opção de projecto social global que é adoptado por cada comunidade. Porém, mesmo no caso de sociedades repressivas e pouco dadas ao contraditório das ideias (cujos paradigmas são hoje os sobreviventes Estados comunistas ou as emergentes Teocracias do Mundo Árabe)a perseguição aos internautas é tarefa a soldo de ideologias que, sob a égide da tirania, ainda não entraram no Séc. XXI.

Na verdade, é hoje pacífico aceitar-se que «uma sociedade construída à volta da informação tende a produzir maiores quantidade das duas coisas que as pessoas mais valorizam numa democracia moderna: liberdade e igualdade» (Francis Fukuyama - «A Grande Ruptura» - Quetzal Ed. de 2000).

2. Entre nós o fenómeno relativamente recente da blogoesfera pode ser lido e entendido à luz dessa radical vontade de liberdade de expressão e igualdade de acesso à comunicação. O «blogging» é hoje uma nova realidade da internet e só nos Estados Unidos da América, de acordo com dados de 2004, oito milhões de americanos criaram novos blogs e a leitura de blogs aumentou 58 %, sendo agora a actividade praticada por 27 % dos cibernautas!

Assim, é inevitável olharmos hoje para a blogoesfera como uma espécie de Speakers Corner digital onde, à semelhança do celebérrimo canto do Hyde Park em Londres, cada tribuno tem direito à sua palavra desde que tenha igual audácia para encaixar o debate em tempo real.

Uma das inegáveis virtudes da blogoesfera, a par da liberdade de expressão, é também ter demonstrado que afinal as ideologias não morreram, e que a clivagem entre esquerda e direita permanece um campo de batalha onde se arregimenta uma vastidão de combatentes. Todavia, nesse meio hostil e pejado de franco-atiradores, ainda há lugar para projectos colectivos que são transgeracionais e ideologicamente descentralizados (modéstia à parte o blog Ilhas é disso um bom exemplo).

3. A maior pecha da blogoesfera é o comentário anónimo e infame, bem como a facilidade com que se constrói uma página anónima para, sob a máscara dessa identidade secreta, difamar ou vilipendiar um alvo pré definido. Todavia, esse não é um pecado original da blogoesfera ou da net em geral, mas uma torpeza da condição humana que se repete noutros formatos.

Feitas as contas as virtudes da blogoesfera superam largamente os seus vícios. Por falar em adição vá a www.ilhas.blogspot.com e deixe-se viciar, com moderação, no consumo de blogs que são hoje uma realidade planetária, mas também insular de Santa Maria ao Corvo. Porém, aqui não deixo uma lista pessoal apenas para prevenir o risco de cometer a injusta omissão de deixar à margem deste rol alguns nomes. Todavia, basta entrar em www.planetaacores.net para ter uma amostra dos principais blogs Açorianos. Os restantes encontrará disponíveis no link do blog Ilhas. Acaso fique «agarrado» basta clicar no link para o servidor Blogger e juntar-se à tribo sob a divisa: «publishing for the people».

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JNAS na Edição de 26 de Julho do Jornal dos Açores.

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