quarta-feira, agosto 31

The 2nd China International Poster Biennial

Os únicos participantes portugueses presentes neste evento são 2 Grandes Amigos:

José Albergaria

António Gomes (+ Mafalda Anjos/Francisca Mendonça/Metaflux).

Aos 2 barbarella's os mais que merecidos PARABÉNS:ILHAS.

+ aumentos

também nos Açores!?...

Quarta 02:40



Só o continente americano nos visita.
Nos últimos 30 minutos já nos visitaram 5 do Brasil, 4 dos EUA, 2 do Canadá e 1 da Argentina.

terça-feira, agosto 30

Até ao dia 9 de Outubro vou fazer companhia àquela solitária garrafa de cerveja perdida sob o vazio. Não postarei nada que tenha de ver ou haver com a real politik insular que mais não é que um imenso condomínio. A Cultura, o Ambiente e o Mundo passam a lugar cimeiro no :ILHAS. Entretanto, vou dar tempo à espera e automedicar-me com doses maciças de contenção.

combien?

...AINDA JORGE LUÍS BORGES # 2

...



Bairro de La Boca em Buenos Aires , por Buchbinder


...

TROFÉU

Como quem percorre uma costa
maravilhado com a abundância do mar,
excitado de luz e de pródigo espaço,
eu fui o espectador da tua beleza
durante um longo dia.

Despedimo-nos ao anoitecer
e em gradual solidão
ao voltar pela rua cujos rostos ainda te conhecem,
a minha felicidade ensombrou-se, pensando
que de tão nobre acervo de memórias
iriam perdurar escassamente uma ou duas
para decoro da alma
na imortalidade do seu rumo.

...

In, Fervor de Buenos Aires

segunda-feira, agosto 29












Putos e graúdos ansiosos.

Mas, ainda terão de esperar,
pelo menos mais uma semana.

há uma voz no silêncio

O verão é uma estação de silêncios. Transpirados e mais ou menos castanhos, ligamos pouco à realidade e deixamos que o mundo passe por nós, de preferência, sem deixar marcas. O verão cansa. Também eu tenho estado calado, mas não posso deixar de chamar a vossa atenção para o artigo do Arquitecto Pedro Gadanho no Público de ontem. (Não está disponível na net, só para assinantes, mas posso arranjar cópias a quem quiser.) Concordo com 90% do que vêm lá escrito. Se transformarem isso num abaixo assinado eu assino por baixo.

ASH-WEDNESDAY

Under a juniper-tree the bones sang, scattered and shining
We are all glad to be scattered, we did little good to each other,
Under a tree in the cool of the day, with the blessing of sand,
Forgetting themselves and each other, united
In the quiet of the desert. This is the land which ye
Shall divide by lot. And neither division nor unity
Matters. This is the land. We have our inheritance.


T. S. Eliot, Ash-Wednesday


Com tanto incêndio à solta lembrei-me de um poema escrito por Thomas Stearns Eliot, intitulado Quarta-feira de cinzas. Eliot foi um americano atípico. Nascido em St. Louis, no Missouri, estudou na Universidade de Harvard, onde teve como professores George Santayana e Bertrand Russell, após o que se estabeleceu definitivamente em Inglaterra a partir de 1911, tornando-se súbdito britânico e membro da Igreja Anglicana em 1927. Mais do que a mudança de nacionalidade, a conversão de Eliot ao cristianismo causou espanto na boémia intelectual da altura, pois ocorreu num período em que o hedonismo ocidental explodia ao ritmo acelerado da Jazz Age. A primeira expressão literária do seu baptismo cristão - Quarta-feira de cinzas, escrito em 1930 - vai totalmente ao arrepio do mainstream cultural da altura, pautado por lamés dourados e malditas cocaínas. O poema, não sendo formalmente despojado, evoca contudo a abstinência, a frugalidade e o jejum, penitências quaresmais introduzidas pelo Papa Gregório o Grande nos finais do século VI para temperar os desmandos da Terça-feira gorda.

Tudo isto para dizer - sendo-me permitida a metáfora cristã - que Portugal tem vivido desde há 15 anos numa recorrente Terça-feira gorda. Muitos fundos comunitários foram desbaratados e grande parte deles acabou por desmantelar o tecido produtivo nacional. Pouco mais resta do que o território e mesmo esse, coitado, serve de pasto às chamas, ou então vai sendo carcomido pelo caruncho do poder autárquico. O país desequilibrou-se para o lado do mar. Adornou a estibordo. Dois terços da população portuguesa virou costas à "terra" e trabalha para o bronze nas praias, enquanto no interior as árvores e os velhos morrem de pé.

O fogo pega melhor numa terra sem vida. Toda a gente sabe disso, inclusive os governantes, mas eles preferem combater a desertificação do território a golpes de betão, em vez de assumirem o repovoamento florestal como desígnio nacional. Estranho paradoxo, o do nosso país, em que a floresta só existe quando as suas árvores começam a arder. Seria de esperar que, ao menos na estação dos incêndios, a silvicultura ocupasse algum espaço na agenda política dos (nossos) procuradores da República mas, ó doce engano, mal as chamas invadem os noticiários televisivos a discussão centra-se logo a jusante do problema, nos aviões cisterna Canadair e nos helicópteros em sistema de leasing. Discute-se a forma de apagar o fogo, ou então a docilidade do sistema judicial para com os incendiários, mas pouco se ouve falar da floresta propriamente dita. Às primeiras chuvas de Setembro o assunto corre logo pela valeta abaixo e este ano então, com eleições autárquicas à porta, nem se fala. Quando me lembro que o rei D. Dinis plantou o pinhal de Leiria - sem ajudas comunitárias - a pensar no desenvolvimento da construção naval portuguesa, que depois deu no que deu, e vejo hoje esta tripa forra terciária em que o país se tornou, pergunto a mim mesmo se a prioridade da nossa política florestal não deveria antes ser replantar homens no território.

Passemos aos Açores, cujas proverbiais chuvas e altos índices de humidade poupam as ilhas ao flagelo dos incêndios. Começo por declarar a minha estupefacção perante aqueles que, com algum despudor, se queixam das desvantagens económicas do nosso clima, apontando como exemplo a incompatibilidade entre o anticiclone dos Açores e a vocação turística da região. Bastantes argumentos poderiam rebater este axioma, mas eu limito-me a recordar que o turismo, por muito relevante que seja, não se poderá tornar o alfa e o ómega da economia dos Açores. As alterações climatéricas já hoje visíveis a olho nu, bem como o correspondente aquecimento global, representam para esta região bem provida de água uma enorme vantagem estratégica que deveria ser levada muito mais a sério. A indústria de lacticínios, por exemplo, até há bem pouco tempo a locomotiva da economia açoriana, só existe porque temos pastos verdejantes todo o ano e não há necessidade de estabular o gado no Inverno. Graças à chuva e ao ambiente subtropical temos igualmente excelentes condições naturais para desenvolver e diversificar o coberto florestal das ilhas, criando nesta área uma cadeia produtiva semelhante à "fileira do leite". Infelizmente ainda está muito longe de existir entre nós uma "fileira da madeira", pois o único produto de valor acrescentado que sai das matas dos Açores são tábuas de forro de criptoméria, uma árvore japonesa aqui introduzida na segunda metade do século XIX por iniciativa (privada) de meia dúzia de cavalheiros liberais.

Comparado com a lavoura, sempre tratada com cautela e caldos de galinha, o sector florestal tem merecido dos sucessivos responsáveis políticos regionais uma indiferença quase olímpica. A opinião pública, essa, assobia para o lado. Isto na melhor das hipóteses, porque há até quem olhe de soslaio para o diabo das matas de criptoméria - uma praga infestante, no dizer apostólico de alguns ambientalistas - cuja falta de limpeza e manutenção provoca a obstrução das linhas de água e é responsável por inundações catastróficas que, exceptuando alguns fugazes incêndios urbanos, são a razão de ser dos Bombeiros açorianos. Salve seja o exagero, mas esperemos que não tenham que haver incêndios para acordar na sociedade civil e nos responsáveis políticos a devida atenção para o potencial económico da floresta dos Açores, desde as suas mais valias paisagísticas e cénicas para os turistas que nos procuram, até à cadeia industrial de transformação da madeira, cujo choque tecnológico tarda em chegar a estas ilhas de bruma onde empresários e industriais da construção civil, no meu modesto entender, andam de olhos fechados para o que se passa nesse sector em países como o Canadá e o Japão.

Em matéria de florestas, temos mais sorte do que juízo. Já é tempo de o admitirmos, com a boca a saber a cinzas.

domingo, agosto 28

verão:ilhas

Um final de dia, jantar e companhia magníficos, em casa deste Sr. A foto chegou-me, hoje, via esta Sra. Mas é pertença de outro Sr. (Luis Monte). Na imagem estão 4 residentes do :ILHAS - o 5º Elemento...que aqui não está registado por razões de força maior. Mas devido, sobretudo, ao adiantado da hora.

Reporter X

[em deambulação estival] Susana do Monte. Pico da Cova. Santa Bárbara. São Miguel. Agosto 2005. Este é, infelizmente, um assunto recorrente, triste e desolador na imagem natural de uma região que se quer intacta. Contudo, não vislumbro qualquer tipo de solução, a curto prazo, que não seja a introdução de medidas gravosas para quem polui. Voltarei sempre, que a objectiva o registar, à denúncia destas situações de incivilidade.

...AINDA JORGE LUÍS BORGES # 1

...



...

Mais vil do que um bordel,
o talho rubrica a rua como uma afronta.
Sobre o dintel
uma cega cabeça de vaca
preside ao conciliábulo
de carne berrante e mármores finais
com a majestade remota de um ídolo.


...

In, Fervor de Buenos Aires

MERCEDES MIXED TAPE 08

Para promover o seu kit iPOD a Mercedes tem vindo a editar uma série de Mixed Tapes, para download grátis. 15 novos artistas, 15 músicas de vários géneros; Soul, Broken Beats, Jazz, Funk com o bom gosto Mercedes......aqui

sábado, agosto 27

0-2

Ultimamente, só dá galináceos.
Foi Galo.

P.S. Como ainda não perdi, posso, por enquanto, cantar de galo.

ALTA FIDELIDADE

Mais logo a partir das 00h30 as Late Night Sessions da Alta Fidelidade no PDL Café. E já que o período é pré-eleitoral - a Promessa!? Muita e Boa Música.

a bruma ataca de novo

Apesar de ser Verão e gozarmos Agosto, em pleno, existe uma determinada mentalidade insular - vigente - que advoga, recorrentemente, o final da estação Estival. Este ano, pelo menos em São Miguel, o tempo tem estado magnífico. Estranhamente e num dia quente, como o de hoje, as zonas balneares permaneceram quase sempre vazias... Óptimo! O Verão não acabou e se o Mar o permitir faço-lhe companhia até Novembro.

sexta-feira, agosto 26

o poder dos blogs

Pelo Público fiquei a saber que uma das discussões mais profícuas dos blogs nos USA é esta. Pode não passar de uma acção fugaz ou de puro gozo mas não deixa de ser genial. Haja Walken!...

Reporter X

[em deambulação estival] Fajã das Almas. São Jorge. Julho 2005.

quarta-feira, agosto 24

ÍCONES DO SÉCULO XX - # 3

«Deus move o jogador e este move a peça.
Que Deus por trás de Deus o jogo começa ? »


In. Xadrez, de «O Fazedor»




A cartografia da modernidade do Sec. XX passa recorrentemente pelo nome de Borges que transformou e reinventou a Literatura. Jorge Luís Borges (1899-1986)nasceu na longínqua Argentina mas a sua obra havia de pertencer ao Mundo. Pelas suas mãos e memória criativa (já que a partir de 1956 tornou-se num inverosímil escritor cego !) passaram todos os grandes temas da Literatura. Para Borges a essência da realidade estava nos livros. Com estes manteria um diálogo permanente que hoje permanece em quem o lê. Quem se arrisca a mergulhar na sua obra acaba por mergulhar em toda a Literatura.

Quem foi este escritor que engendrou todo um universo inaugurando-o a partir da recôndita Buenos Aires ? Na resposta que se segue, trilhando uma cronologia necessariamente abreviada, o que fica é um bosquejo biográfico de Borges.

A remota infância de Borges fica marcada pelo fascínio pelos livros que descobre na vasta biblioteca de seu pai, sendo contagiado pelas aventuras que nunca recriaria na realidade, mas que viveu, nomeadamente, nas obras de Kipling, Mark Twain , H.G. Wells, Stevenson e nas «As mil e uma noites». Todo este universo fantástico será mais tarde transportado para a sua vasta obra literária. Da infância fica também um fascínio obsessivo pelos tigres e pelos espelhos que sugeriam um outro Borges (aquele que aterrorizado descobre em 1969 num banco de jardim - « que está em dois tempos e em dois sítios » - em Cambridge ou talvez em Genebra ! Esse encontro fantástico ficou registado no Conto «O Outro» , inserido no «O livro de Areia», editado em 1975. Nele o crepuscular Jorge Luís Borges, já septuagenário, relata o encontro com um jovem de vinte anos chamado Jorge Luís Borges. Um deles conclui o conto asseverando: «O encontro foi real, mas o outro conversou comigo num sonho e foi assim que pôde esquecer-me ; eu conversei com ele acordado e ainda me aflige a ideia. » ).

Criado num ambiente elegante é aos dez anos de idade que descobre, com assombro, a continuidade infinita da pampa argentina e o rude mundo «gauchesco» tão distante da cosmopolita Buenos Aires. Mais tarde, escapar-se-á para o submundo do tango e da outra Buenos Aires nocturna e marginal para a qual desenhou a sua própria mitologia. Em 1914 a familia viaja até Genebra , onde o seu pai buscava tratamento para as cataratas que assombravam os Borges, porém com o despoletar da Grande Guerra a família fica retida na Suíça. O jovem Georgie aproveita este aparente revés do destino estudando francês e alemão e deixa-se influenciar pelos «ultraístas» que, dogmaticamente, defendiam que a metáfora era a essência da poesia. No regresso à Argentina é como poeta de Buenos Aires que explode em «Fervor de Buenos Aires» que , como sublinhará anos mais tarde, prenuncia tudo o que faria depois, ou seja , é o prenúncio de toda uma obra singular e genial a que sempre se referiu com uma elegante imodéstia (recorde-se que tal hábito remonta ao prólogo de «Fervor de Buenos Aires» seduzindo o leitor nestes termos: «A quem ler : Se as páginas deste livro consentem algum verso feliz, perdoe-me o leitor a indelicadeza de o ter usurpado previamente . Os nosso nadas pouco diferem ; é vulgar e fortuita a circunstância de que sejas tu o leitor destes exercícios e eu o seu redactor »).

Da sua fervorosa visão de Buenos Aires, redescoberta em 1921, fica a emoção de caminharmos com Borges por uma cidade que poderia ser todo o mundo e cujos sinais emergem de versos inolvidáveis, como por exemplo , Afterglow, O regresso, Inscrição em qualquer sepulcro, e, Troféu.

Mas o Borges que tantas gerações de leitores tem arrebatado é também aquele outro que se revela como senhor dos labirintos, mestre de enigmas irresolúveis, e contador de histórias fantásticas. Da sua singular imaginação extrai contos memoráveis e a sua erudição permite-lhe recriar outros tantos a partir de factos assépticamente inscritos na enciclopédia Britânica ,ou, apropriando-se de textos alheios e apresentando-os como uma outra realidade literária ( veja-se a propósito «O Outro», conto que é uma variação de um tema já tratado por Poe, Dostoievski e Stevenson e que, mais tarde, seria também abordado por Gore Vidal em «Um momento de louros verde» ). Desse divertimento diletante emergem algumas obras primas da literatura moderna e outras tantas pérolas do denominado género «fantástico» .

Incontornável é também a «História Universal da Infâmia» (1935) que, segundo o próprio Borges, é o resultado de «um jogo irresponsável de um tímido que não ousou escrever contos e se distrai a falsear e tergiversar histórias alheias».No referido volume de contos passeiam-se espécimens humanos cujas qualidades se reduzem à infâmia do seu carácter e à torpeza das suas acções. Esta obra, burilada em 1933, mostra o fascínio de Borges pelo lado marginal da natureza humana, temática que desenvolveu também no âmbito da literatura policial, sob o pseudónimo de Bustos Domecq, e em colaboração com Adolfo Bioy Casares. Bustos Domecq é outro divertimento de Borges, desta feita em parceria com Bioy. ~

Conheceu Bioy por volta de 1932 e apesar de os separar uma diferença de idades de cerca de duas décadas tal acidente cronológico não obstou à união de infinitas aventuras literárias. A primeira delas é absolutamente Borgiana e inverosímil já que ambos os escritores colaboram na edição encomendada de uma brochura enaltecendo as virtudes do Iogurte ! Porém, tirando este percalço motivado por chãs motivações financeiras , toda a restante colaboração literária é notável e ambos editam em 1940 uma «Antologia da Literatura Fantástica». Entretanto, Bioy edita um romance fantástico intitulado «A Invenção de Morel» que merece de Borges um prólogo-manifesto em favor de um novo género literário edificado na imaginação raciocinada.

Conhecida, ainda que superficialmente , a obra destes dois Argentinos, logo se intui que a atmosfera do chamado realismo fantástico é afinal arquitectada sob os cânones padronizados por Borges e Bioy. Da obra de Borges destacam-se ainda «Ficções» ( 1944 ) e o «Aleph» ( 1949 ). Ambos os livros constituem um acervo notável de contos fantásticos dos quais se destacam o labiríntico «Jardim dos caminhos que se bifurcam» e o «Imortal» que nos narra a desilusão da alquimia da imortalidade. A imortalidade e a eternidade são também temáticas Borgianas que aborda em ensaios que não se resumem à enunciação erudita de factos mas cuja preocupação literária metamorfoseia em contos. Veja-se a propósito a «História da eternidade» ( 1936) e a dissecação fabulosa que opera nas doutrinas do tempo circular. Os labirintos de Borges tocam ainda a metafísica oriental do Budismo e do Hinduismo insinuando que o sentido da vida pode resumir-se ao desenlace ameaçador de uma mera ilusão.

À margem das ilusões que ilustram a vida bibliográfica há o outro Borges a que o próprio se referia como o Borges oficial ou público. E deste Borges real resta-nos também um quadro fantástico já que a polémica e a teimosia são também marcas da sua personalidade. Teimou em ser opositor de Péron e com tal extravagante atitude vê-se «promovido», em 1946, a inspector de aves e coelhos nos mercados municipais...naturalmente demitiu-se. Proibido de ler e escrever pelos oftalmologistas , insiste, e fica irremediavelmente cego. Continuou a «escrever» compondo os seus contos ditando-os de memória, e, apesar da cegueira é nomeado em 1955 Director da Biblioteca Nacional Argentina ! Ao arrepio dos intelectuais sul americanos da época foi um encarniçado opositor do comunismo e como prémio escapou-se-lhe vezes sem conta o Nobel da literatura. Mais tarde, penosamente, apercebeu-se das atrocidades da cáfila militarista que dominou o poder na América do Sul, a pretexto de aniquilar os «subversivos», e logo se apressou a militar nas fileiras da democracia. Convencido eticamente e vencido politicamente fez tudo o que podia para que a sua Argentina expurgasse o «militarismo absurdo» e ainda assim teimava que «a democracia é, como todos sabem, uma superstição baseada em estatísticas» !

Porém , o empenho que o Borges oficial investiu na luta contra o governo dos generais teve como retorno o reconhecimento do seu povo. Em tempos visto como um intelectual embalsamado no pedestal da ilusão terminou os seus dias como um intrépido herói Nacional e paladino da democracia. Enfim , acasos urdidos pelo jogo do Destino ? Mas ... que Deus atrás de Borges iniciou o ardil do seu destino ? Só sabemos que o sagaz Borges escolheu morrer em Genebra e que o essencial da sua vida continua assegurado em vidas alheias.

o Eterno Jorge Luís Borges nasceu a 24 de Junho de 1899 em Buenos Aires.

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(Reedição de um texto do # 5 da Revista :Ilhas)

e agora algo completamente diferente

num local que não dá azo a qualquer tipo de suspeitas!...

segunda-feira, agosto 22

o 1º ministro

...foi de Férias e ainda bem. Não estou de acordo com as vozes dissonantes que ordenavam o regresso do Ministro quando havia quem tivesse sido incumbido para o substituir. Pior: todas as vozes bradavam e ironizavam O destino de férias do PM!? O que é que uma coisa tem de ver com a outra!? Andam todos, isso sim, demasiado atentos à imprensa cor-de-rosa!? É este o reflexo do País: Inveja, Desfaçatez e Pequenez. Com o Patrão fora: Ninguém ousa em fazer algo; Ninguém quer tomar decisões; Ninguém assume os Erros e as suas Responsabilidades. No ridículo da situação até parece que seria o PM a seguir para a linha da frente do combate ao Fogo: sem ele nada se podia fazer. Apoio moral!? Meios isso sim. E agora que regressou? As críticas são porque o fez cedo demais!? O pedido de ajuda internacional seguiu demasiado tarde!? Já não há assunto para a chacota!? Mas, quanto àquilo que verdadeiramente importa discutir: como combater o fogo e agir de forma a que todos os anos não assistamos - à mesa - ao triste espectáculo do arde e volta a arder é que pouco se diz. Ou por outra: diz-se; fala-se muito para no final ser pouco; especialistas a toda a hora; comentaristas sempre a postos e o habitual rol de banalidades...Silêncio, que vai jogar o Benfica...E de estamos de regresso aos Incêndios! Como seria de esperar ninguém ligou peva a Isto. Combata-se o Fogo e deixemo-nos de tretas!

O País Arde. Nos Açores, felizmente, vive-se à margem desta realidade com a qual somos confrontados - diariamente - via media. Apesar do carácter simbólico o gesto fica-nos Bem!

Reporter X

[em deambulação estival] Lagoa do Fogo. São Miguel. Agosto 2005. muito a fazer para atingirmos os níveis mínimos de acolhimento. Perante as evidências e os detritos abandonados pude constatar, agastado, que o Lixo na foto é autóctone. Nada de surpreendentemente novo. Infelizmente é, cada vez mais, um acto tido como normal em spots como este. Apesar dos custos que isso possa acarretar defendo a presença em permanência de um vigilante da natureza nestes locais. As multas para os prevaricadores devem ser elevadas. Obviamente, que este tipo de problema(s) não se resolve somente via multa(s) mas pode e deve intimidar quem polui indiscriminadamente. [Turismo de Qualidade!?] Há um longo caminho a percorrer...

sábado, agosto 20

ÍCONES DO SÉCULO XX - # 2



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HUGO PRATT ficará para sempre colado à imagem do seu herói errante e radicalmente descomprometido: Corto Maltese de seu nome e com uma genealogia cartográfica que remonta o seu nascimento a 1887 em La Valleta (Malta), como resultado acidental de um cruzamento entre uma Andaluz de sangue gitano e um inglês natural da Cornualha. Quanto a Hugo Pratt a sua biografia não será menos acidental. Pratt nasceu em 15 de Junho de 1927 em Rimini e passou a sua infância em Veneza até aos 10 anos de idade, nesse ponto parte para a Abissínia, antiga colónia Italiana (hoje g.m. corresponde à Etiópia e Eritreia) onde vive até 1943. Vítima das circunstâncias foi prisioneiro de guerra dos Ingleses e também dos Alemães! Depois da guerra, e novamente em Veneza, subsiste como ilustrador da revista «Às de Espadas», até que em 1949 parte com destino à Argentina. Mais tarde, em 1967, encontrará o mítico Corto Maltese na «Balada do Mar Salgado».

Posteriormente, no início da década de 70, Hugo Pratt ancorou transitoriamente nas margens do Sena. Em Paris dá forma à série «Sob o Signo do Capricórnio»...daí em diante continua a explorar o Mundo com Corto Maltese. Será por certo este que lhe recomenda uma pátria neutral para o descanso da circum-navegação de uma vida inteira. Assim, em 1984, Pratt assenta domicílio em Grandvaux, um lugarejo Suíço bem nos antípodas das aventuras dos Trópicos e dos Mares do Sul.

Hugo Pratt e Corto Maltese exportaram a BD para o mundo dos adultos impondo-a como iconografia deste Século, concorrendo para a elevação da BD ao estatuto de 9ª Arte. Mas, se hoje a sua obra é venerada por universitários, merecendo por outro lado Corto Maltese o predicado de «Ken» dos intelectuais, não deixa de ser irónico que Hugo Pratt tenha iniciado a sua carreira criando de empreitada uma série de westerns e policiais destinados a serem lidos no comboio pela classe operária como entretenimento a caminho do trabalho. Esta «estória» remonta à longínqua Argentina onde este desconhecido Veneziano começa a sua carreira na companhia do «Sargento Kirk». Esta personagem de soldado desalentado e desertor serviu de ensaio a Corto Maltese, reconhecendo Hugo Pratt que «um marinheiro tem uma dimensão mais romântica do que um cowboy, porque ele vai para lá da linha do horizonte».

Efectivamente, no ano de 1949 Hugo Pratt aceita uma proposta de trabalho em Buenos Aires que perdurará até 1962. Nesse período gaúcho são editadas pranchas a rodos para os jornais, e para a dita classe operária, mas é também nesse período que surge a série do Sargento Kirk e é na sequência dessa viagem que surge a mítica «Balada do Mar Salgado», onde emerge pela primeira vez Corto Maltese. Porventura nessa longínqua Buenos Aires terá Hugo Pratt ligado o seu destino a uma nova e emergente ficção cujos nomes hoje em destaque são Adolfo Bioy Casares, Roberto Arlt, Ernesto Sabato, Julio Cortazar e o eterno Jorge Luís Borges. Com este lastro os argumentos de Pratt têm uma densidade que com propriedade se poderia dizer que com ele nasceu um novo género literário: o romance gráfico!

A maioria das obras de Hugo Pratt têm contudo um contexto histórico real, que merecia do autor um amplo trabalho de pesquisa, cuja minúcia descia ao rigor do «guarda-roupa», com uma elegância «Armaniana» tantas vezes ostentada pelas personagens que habitam os seus livros. Por outro lado, e como contraponto a esta tirania dos factos e dos fatos, Hugo Pratt libertava as suas personagens num cenário ficcional deixando-as urdir o seu destino ou serem consumidos por ele. Nesta arte há reminiscências de literárias de Joseph Conrad, Herman Melville e Jack London que pertenciam ao seu ciclo de escritores predilectos.

Hugo Pratt deixou-nos Corto Maltese que,nas suas palavras,não encontra no leitor alguém com quem este se identifique,mas por certo qualquer leitor gostaria de ter um amigo como Corto. Hugo Pratt disse que a sua arte ocupava um lugar menor no palco mediático e só «no Verão, quando toda a gente vai para a praia, os políticos não são notícia e não há nada de mais interessante ou preocupante de que falar...então, decidem falar de BD». Pouco importa se teve ou não razão, pois deixa-nos uma obra tão vasta que um Verão não chegaria para a degustar.

Pratt morreu em Lausana a 20 de Agosto de 1995...Corto Maltese desapareceu em Julho de 1936 a caminho de Espanha para se juntar às Brigadas Internacionais ao lado dos «Republicanos».



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Para uma interessante Geografia Acidental de Corto Maltese AQUI fica a recomendação de um artigo de UMBERTO ECO

Para uma Biografia de Corto Maltese clique AQUI

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quinta-feira, agosto 18

13
























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Cultura açoriana escasseia na net

Apesar de que uma busca bem feita poderia ter devolvido mais endereços como:

http://pg.azores.gov.pt/drac/cca/
http://www.bparpd.pt/
http://www.museucarlosmachado.pt/inicio.htm
http://www.museuangraheroismo.org/
http://www.inventario.iacultura.pt/projecto.htm
http://www.carminagaleria.com/
http://www.macaronesiaarte.galeriaquadrum.com/
http://www.cineclube.org/
e mais alguns,

Eu pergunto Só na net?


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mais valia estar calado

Há dias assim. On the road e a caminho de um encontro de amigos na praia do pópulo - por sinal uma noite fantástica - ligo à Antena1-Açores. O Som era incrível - "...só pode ser o António Sousa!", pensei. O nome deste homem é, provavelmente, um dos poucos ao qual associo o sentido de missão e serviço público. Ontem, pelas 23h30, passava, depois de um sequência com Pedro Madaleno (que vai à Maré), Ben Sidran. Todos os dias aprende-se algo novo. E é bom aprender com quem, verdadeiramente, Sabe...

O melhor é não sair de casa

na praia estava assim
















no campo assim
















e à noite, no bar, assim








hoje não saio mais de casa.

Fotos de Eric Boutilier-Brown

quarta-feira, agosto 17

[turismo de qualidade]

Uma revolução em versão inédita. Mais um contributo enviesado para a diversidade (ao invés devia ler-se diversificação, excepcional, único, ímpar, exclusivo, intacto) do destino turístico = Açores. Continuarei atento a este Tema.

Pelos vistos os Açores estão inscritos num novo campeonato. E não estão nada mal...Mesmo, nada mal!...

:ILHAS em Toulouse

http://edogm.blogspot.com/2005/08/lagoa-do-fogo.html

Merci Johann

domingo, agosto 14

Me2

O meu afecto pelos U2 já vem de tão longe, que me entristece este disparate do Jorge Sampaio condecorá-los com a Ordem da Liberdade e encaro com algum distanciamento as bichas nas gasolineiras para comprar a ticket to heaven. Vincando a minha condição de cota do blog e já que os U2 tocam hoje em Lisboa, pareceu-me apropriado postar uma crónica dominical sobre o primeiro concerto do Bono em Portugal , lá bem no alto do Minho, a 3 de Agosto de 1982.

O cartaz do Festival de Vilar de Mouros desse ano, cujas provas tipográficas ainda conservo, era de um ecletismo surpreendente. Havia de tudo, como na Botica. O que me empurrou para lá foi precisamente a banda irlandesa, que tinha acabado de lançar o álbum Boy, e também o Sun Ra, com a sua orquestra de doidos à solta. Faltavam dois dias para o início do Festival quando, depois de uma bica na Suprema, decidi arrancar para Caminha numa 4L com mais três amigos. It was a long and widing road, não havia cá autoestradas nem IP's da figa, e a gasolina ainda era a 8 escudos o litro, ou coisa do género. Acampámos num pequeno pasto junto ao rio Coura onde, durante o dia, depois de dar banho à ressaca, aquecíamos o coiro a jogar futebol e frisbie. Quando a programação era um saco, pegávamos no carro e partíamos em campanhas alegres pelas estradas do Parque da Peneda-Gerês, onde os garranos selvagens ainda trotavam despreocupados sem Ministérios do Ambiente a chateá-los. No dia do concerto dos U2 fomos a Vila Nova de Cerveira visitar a Bienal de Artes local. Estava eu para ali pasmado defronte de uma instalação da Helena Almeida, que metia fios de aço e mulheres em combinação, quando me apercebi de um grupo de freaks ingleses com blusões de cabedal que, dando estalos com os dedos, diziam preety cool de tudo aquilo. Nessa noite, quando os U2 subiram ao palco, percebi que os freaks da Bienal afinal eram irlandeses e, pelos vistos, além de músicos também apreciavam as artes plásticas. À excepção do guitarrista, o enigmático The Edge, tinham todos ar de putos farruscos e gaiteiros. Dir-se-iam saídos das páginas dos Dubliners de James Joyce. Mal atacaram os primeiros acordes do I will follow, até os grilos ficaram sem pio e percebeu-se que tínhamos ali coisa séria. Os U2 eram ainda praticamente desconhecidos, pelo que a energia do seu som, de tão inesperada, teve um efeito de chibata na desprevenida plateia. De repente ficou tudo aos saltos, como se aquela várzea junto à ponte romana fosse uma enorme cama elástica. Percebi o que o Neil Amstrong deve ter sentido quando pôs o pé na Lua. Uma completa e total falta de gravidade. Nessa noite de lua cheia as minhas mãos tocaram nas estrelas.

deprimente é o $#%&"=



O Jogo Online

é só para chatear os sportinguistas residentes, Viva o Benfica!

DEPRIMENTE

afinal

Deus sempre existe!?...

sábado, agosto 13

outras:leituras

As duas contribuições decisivas para a história da humanidade (...) a imprensa e a guilhotina.
Uma citação retirada d' O Mestre de Esgrima do conceituado escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte. A Edição, em causa, está editada, é de bolso (óptima companhia estival) e muito acessível (2,50 euros). Comprei o meu exemplar na denominada Feira do Livro (!!!) do Modelo. Esta prosa dedico-a ao camarada JNAS que dela retirará o que lhe aprouver.

2 NetLabel P/Semana - #2

1
Urbansprawlrecords
Uma eclética editora, com 2 novos albuns editados este mês.
Para HipHopers.
Destaques:

Winterstrand - Losma Pástschu


e
Abraham Lincoln - Declaration of Independence LP



2
Edogm
Uma editora com 5 pérolas nas áreas do free jazz e da electrónica.
Destaques:

Tlön 5 - The Fissback Voyage


e a compilação em 2 volumes
Various Artists - Vol.1 & Vol.2



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Feios, Porcos e Maus $%?

o LADO B do Vox Populi [fechado para férias]

E o problema é: Soares, afinal, não é tão fixe como muitos julgavam e propagandeavam. Devemos-lhe a democracia e as liberdades, mas isso não o tornou um personagem impoluto. Soares é vaidoso como uma socialite da Casa do Castelo.

Nuno Costa Santos in O Acidental de 03.08.05

Ponta Delgada é também uma cidade em que a lógica da motorização universal leva à cada vez maior expansão suburbana em prejuízo de um centro histórico em decadência (...)

Paulo Casaca in Açoriano Oriental, de 08.08.05

Na democracia tendencialmente manipulada dos nossos dias, ano de eleições autárquicas é o ano de "Festas melhoradas"!

José Decq Mota in Açoriano Oriental, de 11.08.05

(...) José Manuel Bolieiro, argumentou que em matéria de construção civil o Governo deveria delinear uma estratégia de protecção para os empresários regionais. Bolieiro explica que deve ser tida em conta a dimensão das empresas regionais para que, aquando de concursos para obras públicas, estas não sejam excluídas por não terem dimensão suficiente.

in Açoriano Oriental, de 11.08.05

(...) em entrevista hoje difundida pela televisão pública israelita, e questionado sobre a possibilidade dos EUA virem a atacar as instalações nucleares iranianas, George W. Bush disse que "todas as opções estão sobre a mesa. O recurso à força é a última opção para um Presidente. Vocês sabem que nós usamos a força num passado recente para assegurar a segurança do nosso país".

in Diário Económico de 12.08.05

Praga de pulgas ataca Campo São Francisco (...) O Campo São Francisco, que não é novidade para ninguém, é um dos locais da cidade onde acorrem muitas pessoas para pernoitarem. A Câmara quer evitar este tipo de situações, e a mesma fonte ressalva que vai ser instalada, por uma equipa de electricistas, no local onde está a estátua da Madre Teresa D`Anunciada, iluminação pública para ficar mais às claras e evitar assim, que as pessoas pernoitem e, que deixam de ter alguns comportamentos que carecem de muita higiene.
in Diário dos Açores de 12.08.05

(...) alicerçar um pequeno e baixo cais, fixo e rígido, de betão no troço nordeste da cratera do ilhéu (precisamente o mais erodido pelos séculos e pela tectónica) é uma evidente melhoria para a estabilidade e consolidação daquela área desde que bem executada e em pouco tempo. Haja concórdia e modéstia na aceitação desse investimento para bem da "vida" de tão conhecido ilhéu.
VICTOR HUGO FORJAZ in Açoriano Oriental, de 12.08.05

Felgueiras: Concelhia do PS impugna lista do partido

in Diário Digital de 12.08.05

$%? Muito ficou Dito. Mais havia por Dizer...

FÉRIAS

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Blogar todos os dias também cansa, logo decidi encerrar para férias. Regresso sine die! Quanto às férias da blogoesfera são, como sempre, um puro prazer egoísta já que por cá vou passando e lendo o que resto da «comunidade» vai postando.

Entretanto, durante as férias, para quem é um leitor compulsivo como eu, é tempo de nos atiramos a alguns livros que, na voragem dos dias que passam, vão ficando em standby. Quem por cá anda na blogoesfera seguramente que padece do mesmo vício da leitura obsessiva. Assim, para aqueles que mais estimo no underworld da blogoesfera peço que relevem o descaramento de algumas sugestões personalizadas. Na lista que se segue não há qualquer colagem literal ou subliminar do título ao leitor. Importa sim o sumo destas delícias que já consumi e cuja leitura ou releitura recomendo com apreço.

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Para o Nuno Barata: «NeoConservadorismo» (Ed. de 2003 da Quetzal) a controversa e politicamente incorrecta obra de Irving Kristol que se definia como «um liberal submerso pela realidade». Esta bíblia dos neocons foi escrita por um homem que confessa ter sido neomarxista, neotrotskista, neo-socialista, neo-liberal e,por fim, neoconservador! Enfim um farol de Esperança.

Para o grandioso amigo Pedro Arruda recomendo particularmente «O Insólito Mr.Mee», de Andrew Crumey (Ed. de 2000 da Temas & Debates), que é apenas uma hilariante comédia sobre Mr. Mee que um dia resolve trocar o pó da biblioteca por um «computador», mas logo na sua primeira sessão de google, em vez de encontrar o que buscava, esbarra na imagem de uma ninfeta desnuda a ler um livro... «numa pose que as senhoras adoptam quando estão a dar à luz».

Para o meu estimado Médico de Família, Carlos Falcão Afonso, sabendo das escassas oportunidades que possui para dedicar às minudências da ficção literária ainda assim não daria o seu tempo por mal empregue com «A Quarta Mão» de John Irving (Ed. Asa de 2003)... uma cruel sátira sobre os caprichos de um transplante de uma mão efectuado por um cirurgião anoréctico que se vê envolvido no romance entre o transplantado, os media e a viúva do dador!

Para o Tózé Almeida, que inexplicavelmente nos abandonou sem pré aviso ou justa causa. Partilho com ele o gosto comum pela obra de Douglas Coupland. Desta feita fica a recomendação de «Eleanor Rigby» (Ed. Teorema 2005), o 9º livro de Coupland que mistura solidão, doença, romance, humor e esperança ao estilo do precedente «Todas as famílias são psicóticas». Tudo isto muitos furos abaixo do quilate do costume, mas ainda com o timbre que conquistou uma legião de leitores.

Para o eurocrente André Bradford fica a sugestão de «Nem Aqui, Nem Ali - A Europa de Estocolmo a Istambul» de Bill Bryson (Ed. Quetzal 2004). Este livrinho de viagens light é a companhia ideal para uma tarde de piscina entremeada de Bacardis e acepipes estivais. O tom é predominantemente jocoso, porém lá diziam os clássicos que «ridendo castigat mores». Seja como for destaco o único parágrafo sério ao longo de 298 páginas: «Fascinava-me que os Europeus pudessem simultaneamente ser tão parecidos - que pudessem ser livrescos e cerebrais de modo tão universal, conduzir carros pequenos e viver em casa pequenas em cidades antigas, amarem o futebol, serem relativamente não materialistas e cumpridores da lei, e terem quartos de hotel gelados e lugares confortáveis e convidativos para comer e beber - e serem, não obstante, também tão interminável e imprevisivelmente diferentes uns dos outros. Eu adorava a ideia de que nunca se pode estar certo de nada na Europa.» Isto é quanto basta para justificar um voto no NÃO a qualquer intentona hegemónica e que tenda a padronizar pelo mesmo nível 25 cidadanias.

Para o franco e romântico João Pacheco Melo recomendo uma pequena mas deliciosa monografia que ostenta o seguinte título: «Observações sobre a Ilha de São Miguel recolhidas pela Commissão enviada à mesma Ilha» por Luiz da Silva Mouzinho de Albuquerque (Ed da Câmara Municipal da Povoação / Signo. facsimilada da ed. de 1826 da Impressão Régia). Este relatório endossado à Coroa Portuguesa encerra, especialmente no capítulo sobre a «Distribuição da Propriedade», uma crítica demolidora à estrutura dominial de São Miguel. À data de 1826 escrevia o cronista que «a trôco, com effeito, de hum pequeno número de famílias, que possuem muito além do necessario, e cómmodo rendimento, o Povo de S.Miguel he por extremo miseravel. O Povo de S.Miguel, pobre, e miseravel, consome apenas dos géneros do Paiz a porção strictamente necessaria, e ás vezes até dessa carece». Claro está que este quadro miserável é hoje uma recordação distante na Região do superavit. Porém, embora o tom profético seja ameaçador, não é de todo inútil recordar as palavras de Luiz da Silva Mouzinho de Albuquerque que vaticinou que: «A prosperidade, e a riqueza tomárão em S.Miguel o mesmo curso que as aguas: em vez de derramadas em arroios fertilisarem o solo daquella Ilha, accumulárão-se, pouco e pouco em torrentes, que diminuirão a sua fertilidade, ameaçando esterilisa-la hum dia».

Para a indispensável e insubstituível Ana Falcão sugiro «Um Filho do Circo» de John Irving (Ed. de 1997 da Livros do Brasil). Aqui está mais um «tijolo» de John Irving que desafia a indulgência de qualquer leitor. Todavia, esta mordaz saga que tem na personagem do médico Dr.º Daruwalla o fio condutor, é povoada de estórias de Bombaim e Bollywood, um decadente Duckworth Club e um crime cuja autoria tentamos desvendar, personagens bizarras entre as quais os (ou as) hijras, férias em Goa entre uma comunidade hippie que de pacífica apenas tem a fama... é uma salada indiana que merece uma leitura divertida.

Para a mais erudita, mas sempre refrescante, participação da blogoesfera Açoriana deixo à consideração do Carlos Riley o romance «As Novas Confissões» (Ed. D.Quixote, Lisboa 1990) de William Boyd que opera um magistral paralelo com as celebérrimas «Confissões» de Jean Jacques Rousseau (Ed. Relógio d'água, 1988). Esta é a saga de um homem só que nos agarra da primeira linha à última. John James narra a sua vida cujo primeiro «acto ao entrar neste mundo foi matar minha mãe»... muito à semelhança do Jean Jacques que na obra citada confessa: «o meu nascimento custou a vida de minha mãe e foi a minha primeira desgraça». Enfim vidas atribuladas como também o foi o decurso do Sec. XX que é narrado na perspectiva da confissão da personagem de William Boyd. Pela mão de John James percorremos as trincheiras de Ypres, a Alemanha cosmopolita antes da ascensão Hitler, a libertação do Dia D, a caça às bruxas de Hollywood, e um fenecer da vida sob o principio da incerteza.

Para o Alexandre Pascoal gostaria de entregar em mão própria a Edição que resumirá quatro anos de mandato da Dr.ª Berta Cabral à frente dos desígnios da Câmara Municipal de Ponta Delgada... sempre servia para ir refrescando os motivos de recorrente e militante crítica do camarada Pascoal... infelizmente, ao que sei, esta edição está ainda indisponível.

Para o Nuno Mendes, um dos melhores Jornalistas que esta terra já conheceu (e amável Chefe de Redacção do Jornal dos Açores onde às terças tinha por costume editar uma coluna da minha autoria), presumindo que anseie por estar bem longe desta silly season remeto-o para os antípodas com «Na Patagónia» (Ed. de 1995 da Quetzal) do andarilho Bruce Chatwin.

Para as Miauu Girls um livro muito Zen que dá pelo nome de «Aprendizagem da Serenidade» (APRE!) de Louis PauWels (Edição da Verbo de 1979 - à data só um quarto das Miauus era já nascido) e repleto de úteis axiomas como este: «Levantar cedo cura tudo».

Para o genial Nuno Costa Santos Melancómico a sugestão da leitura ou releitura de «Tanto Quanto me Lembro», as notáveis memórias do seu avô Raul Gomes dos Santos numa Edição de autor de 2001.

Para o Pedro Gomes inevitavelmente ocorreu-me «O Melhor Anjo» de Frank Ronan (Ed. de 1993 da Gradiva)... melhor título era difícil, porém o livro também não é de deitar fora, mas ainda assim fica aquém de «A Morte de um Herói» e de um magistral «Os Homens que Amaram Evelyn Cotton».

Para a Mariana Matos uma obra necessariamente socialista: «O Caminho Para Wigan Pier», de George Orwell, que foi inclusivamente encomendada e criticada pelo Left Book Club(!).

Finalmente, mas não menos relevante, para o «empresário» cultural Victor Marques é tempo de «Resistir» com Ernesto Sabato (Ed. de 2005 da D.Quixote). Afinal o que importa é que «temos que reaprender o que é gozar. Estamos tão desorientados que acreditamos que gozar é ir às compras quando um luxo verdadeiro é um encontro humano». Prefiro de longe «O Túnel» mas, ainda assim, este «Resistir», editado pela primeira vez aos 89 anos(!), merece a nossa reverência e é um ligeiro, mas acertado, ensaio sobre a cultura contemporânea e a «globarbarização».

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Post-Scriptum: Bem se sabe que os comunistas não vão aos blogues e que até os seus dirigentes rotulam estes como um desfile de vaidades. Seja como for não resisto a pensar que entre aqueles empedernidos comunistas, especialmente da Juventude Comunista, o proselitismo ideológico já não seja o que era. Assim para a Lurdes Branco (que aqui não tem mais palco do que o de uma personagem-tipo) recomendo a obra de uma ex-comunista: «O Socialismo que eu vivi», de Cândida Ventura (Ed. de 1984 de O Jornal). É apenas a lúcida visão de quem antes do tempo aceitou que «...não sabia que nos países onde os partidos comunistas se tinham instalado no poder exerciam uma ditadura sobre a classe operária, sobre todo o povo».

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Cá por mim no que respeita a leituras, e porque não me safo da etiquetagem de «menino-bem de Ponta Delgada» vou tentar sofregamente digerir o livro do «Choque de Gerações - o Programa que, mais do que sobre o saber, é sobre o pensar» (Ed. coordenada por Joel / Neto, Diário Insular 2005). Talvez seja iluminado com o ânimo de «Um Lavrador da Agualva, um pensionista de Santo-António Além Capelas ou um Jovem advogado da Piedade»!

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Posto isto até um dia destes num blog perto de si!

quinta-feira, agosto 11

?

O JdA anúncia em última página a venda do AO. Alguém é capaz de desenvolver o que se passa?

passeio na Avenida [2]

Será uma nova modalidade radical ou apenas um devaneio Especial!?...

Odeio o Verão

Não gosto do Verão. Para além de estar gordo e de transpirar que nem um trolha com este calor, no Verão tenho o dobro ou o triplo do trabalho. Contingências de um negócio sazonal e de viver numa região pobre, enfim, pronto, quanto a isso não há nada a fazer e já estou acostumado, vai levar tempo a mudar... Agora o que me lixa completamente é que toda a gente têm férias no Verão e vêm para cá com a euforia própria de quem têm que gastar os cartuchos todos num ápice que as férias estão quase a acabar. Essa gente toda, que eu adoro, atenção não se zanguem comigo caros familiares e amigos, gosto muito de vocês, parte do princípio que eu também tenho que estar de férias. Meus amigos, por favor deixem de arranjar programas e festas e jantares e almoços e convites para isto ou aquilo que eu estou a trabalhar, apesar de ninguém acreditar nisso. E ainda por cima como todos os tempos livres estão ocupados com veraneantes não fico com tempo nenhum para blogar ou para surfar... odeio o Verão e agora vou mas é aos areais que está clássico...

AZAR

dúvida [2]

Cadê a semanada Vox!? Será que o lado B assume ser o A!?...

dúvida [1]

Alguém neste blogue anda esquecido!?...

quarta-feira, agosto 10

já só cá faltava + isto

um Desafio Estival,

em particular, para os amigos - Pedro, Nuno, LFB, Alexandre e todos os que sintam o apelo.

Três elementos - comuns - que sirvam a inspiração:

1. Mulata e/ou Sueca (também conhecida por cabeça-de-palha)

2. Fio Dental

3. Vinho, de preferência Tinto e Douro

É Agosto! Cosam lá isso...