segunda-feira, outubro 10

...ADEUS BASTIÃO

A campanha eleitoral do PS à câmara municipal de Ponta Delgada foi sempre uma expedição contra a Dr.ª Berta Cabral e nunca uma campanha positiva a favor do Município e dos Munícipes desta cidade. Na verdade, toda a militância dos «jovens turcos» do Partido Socialista foi personalizada no acinte contra a figura da actual presidente da câmara municipal de Ponta Delgada. Além disso, a campanha do Partido Socialista foi incapaz de revelar, afirmar, e muito menos debater com credibilidade, o seu «projecto» para a cidade. Essa realidade acantonou o resultado eleitoral dos Socialistas em Ponta Delgada à expressão percentual dos indefectíveis do Partido da Rosa, que hoje estarão por certo inconsoláveis com a «vitória psicológica» que lograram alcançar com José San-Bento.

Hoje, como sempre, a política também se faz de curriculum e credibilidade, pelo que, junto de um eleitorado esclarecido uma campanha inepta para afirmar o seu «projecto» - (e isto presumindo com alguma bondade que existia de facto um «projecto») - é um nado-morto em termos políticos.

Hoje, como sempre, em política, para quem aceita o princípio Democrático, vale em toda a linha o aforismo popular de que o povo tem sempre razão. Além disso, numa dimensão personalista, «um homem - um voto» é uma realidade que merece de todos os poderes o devido respeito. Serve isto para dizer que, independentemente do mapa bicolor do nosso municipalismo, o Poder Regional deve olhar com equidade e respeito para os eleitores e para as populações de todos os municípios. Estes valem o que valem, e nunca deverão ser sobrevalorizados ou diminuídos por serem de cor diferente de quem está no poder, mesmo que o poder diga que uma autarquia Socialista vale por duas. Nalguns casos seria até possível hiperbolizar essa equação, designadamente no caso da Fajã de Baixo, elevando ao triplo esse valor. Na verdade, pela tabuada de Carlos César, a Fajã de Baixo representava um valor seguro de tradição Socialista coeva dos tempos das primeiras eleições democráticas, tinha uma excelente relação com o Governo Regional, e apostava no reforço dessa relação com a participação do próprio Carlos César como n.º 3 da lista à Fajã de Baixo. Apesar deste valor inato e da despudorada governamentalização das eleições autárquicas, o Partido Socialista averbou uma simbólica e amarga derrota na Fajã de Baixo. Foi uma derrota que valeu por duas vezes já que não só saiu derrotado um dos símbolos vivos do poder local Socialista como, ao mesmo tempo, importou uma derrota pessoal e directa do Presidente do Governo Regional dos Açores que concorria a Tesoureiro da Junta de Freguesia da Fajã de Baixo!

A conquista do mais antigo bastião Socialista nos Açores importa para o PSD uma elevada responsabilidade para com os cidadãos da Fajã de Baixo, mas estes não deixarão de fazer lembrar ao PSD que mesmo no cenário mais improvável é possível vencer e conquistar o poder por mérito próprio.

Quanto a Ponta Delgada é manifesto que a vitória do PSD, porventura em termos percentuais com um dos maiores scores eleitorais do País, é a afirmação do reconhecimento popular pela forma como a Dr.ª Berta Cabral honrou a sua própria palavra que soube materializar em obra feita. Com efeito, com uma percentagem eleitoral acima dos 67 % dos eleitores votantes, com o acrescento de mais dois Vereadores à sua equipa de trabalho, e com a vitória em 21 das 24 freguesias do Concelho, a Dr.ª Berta Cabral tem um capital político que não pode ser desperdiçado pelo PSD.

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JNAS na Edição de 11 de Outubro do Jornal dos Açores.

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