sexta-feira, julho 6

O DES e a Açorianidade

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Recentemente, via internet, confirmei a universalidade do culto do Divino Espírito Santo. Efectivamente, por via da banda larga da net aportei a um lugarejo improvável, nas remotas ilhas do Havai, onde há sinais perenes do culto do DES que é, como se sabe, um traço identificador da Pátria Açoriana. Descobri estes sinais patenteados na Igreja do Espírito Santo, em Kula, na ilha de Maui, em notável prova fotográfica no blog "Resistir" de António João Correia . Ora, apesar de ser já consabida a dispersão deste culto pelo Mundo, designadamente, Brasil, Goa, e Havai, não deixa de causar profunda impressão a sobrevivência do mesmo. Na verdade, a tenacidade da sua sobrevivência é notável num povo que em cinco séculos edificou e soterrou três "impérios"Índia, Brasil e África – mas que soube legar ao Mundo um lastro civilizacional que ainda hoje perdura. O culto do DES é um bom exemplo dessa herança cultural que persistirá para além das contingências das ruínas da história. Como se sabe os Impérios do Espírito Santo emergiram pela mão da Rainha Santa Isabel em demanda da idade do Espírito Santo. Sob o signo divino os homens seriam irmanados na fraternidade e todos seriam comensais da mesma mesa. Esta utopia espiritual é hoje celebrada pelos Açorianos e é sob a bandeira do Divino Espírito Santo que encontramos a matriz da nossa alma. Em São Miguel, como nas restantes ilhas, este culto está profundamente enraizado nas nossas tradições. Foi na evolução dessa tradição que em Ponta Delgada o Município retomou a celebração popular das Grandes Festas do Divino Espírito Santo. Assim, pelo quarto ano consecutivo, a partir do próximo dia 6 de Julho a Câmara Municipal de Ponta Delgada, em parceria com um vasto rol de entidades, honra umas das maiores tradições do nosso Povo. Mais do que um evento folclórico, como alguns depreciativamente sugerem (mas copiam!), o culto do DES, seja no centro da mais importante cidade Açoriana, seja nos arrabaldes de uma modesta freguesia, ou até algures no Mundo onde os Açorianos na roda da emigração acabaram por refazer a sua vida, é um momento de exaltação da nossa alma e de glorificação da nossa Pátria. O resto é o habitual ruído de fundo de quem não se revendo na nossa história lestamente afia o verbo para toda e qualquer iniciativa, popular ou cultural, que assinale a nossa Açorianidade.
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João Nuno Almeida e Sousa nas Crónicas Digitais do jornaldiario.

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