sexta-feira, novembro 2

:jornais

Algumas notas sobre o IX Festival de Jazz de Ponta Delgada_
A primeira noite foi da responsabilidade do sexteto In Loko de Carlos Barretto. O histórico contrabaixista, ladeado por um conjunto all-star do jazz nacional, apresentou uma revisão da sua música em versão electrificada. Evocando as experiências eléctricas dos grupos de Miles Davis na transição para a década de 1970, o grupo português investiu na transformação das composições, injectando-lhes groove e muita energia, sobrando reminiscências de rock psicadélico. (...) Utilizando a comunicação do jazz, esta música vai para além da classificação fechada no género - Copper-Moore afirmou isso mesmo, cantando: Jazz ain"t got a mamma, jazz ain"t nothing but a word. A originalidade da música, a boa disposição e atitude de Cooper-Moore conquistaram o público, que correspondeu com longos aplausos. Para a noite de encerramento ficou guardada a actuação do trio de Henry Grimes. Acompanhado por Andrew Lamb (saxofone tenor e clarinete) e Newman Taylor Baker (bateria), o mítico contrabaixista que voltou a tocar depois de ter sido dado como morto há mais de trinta anos, mostrou uma energia impressionante. Alternando entre o contrabaixo e o violino, Grimes mostrou muita garra e conduziu uma actuação que chegou aos limites do conceito de "incendiário". Inscrevendo-se nas noções do mais clássico free jazz, a música do trio alcançou uma intensidade pouco comum, para isso muito contribuindo o saxofone de Lamb. Um dos momentos da noite pertenceu ao baterista, que fez um solo servindo-se do seu próprio corpo como instrumento de percussão. Enérgico e vibrante, foi um grande final para um festival que merece o aplauso pelo o arrojo das suas propostas.

Nuno Catarino
na edição de 30/10/07 do Público
A nota pós-evento - ausente da comunicação regional - e que importa repensar.

Sem comentários: