terça-feira, setembro 23

Soares

Quando nas últimas eleições presidenciais Mário Soares surgiu como candidato do Partido Socialista o país pareceu estremecer de estupefacção. De todos os lados surgiram insultos e avaliações erróneas. Mesmo dentro do seu próprio partido Soares sofreu uma desconfiança profunda. Confrontado com a vergonhosa cobardia de Guterres e António Vitorino, perante o branqueamento de Cavaco engendrado por uma direita sedenta de poder e reparação, e mesmo sabendo do maquiavelismo eleitoral de Sócrates e os seus neo-socialistas, Mário Soares deu o corpo às balas na defesa de uma determinada ideia de sociedade e de mundo. Nem mesmo Manuel Alegre, cego pelo revanchismo de Helena Roseta soube perceber a profundidade do que estava em jogo nessa eleição. Agora que o país, e o mundo, parece rebolar, como uma avalanche, em direcção ao abismo social e económico, e que o Alzheimer de Cavaco aparece mais activo de dia para dia, e que o eleitoralismo socrático resplandece em todo o seu vazio, é o ancião Mário Soares que surge mais sagaz e cristalino do que nunca. O estado do mundo revelado em crónica de terça-feira, haja quem queira perceber.

É preciso repensar as políticas de Esquerda, apelando sobretudo, à participação dos cidadãos. E velar para que as mulheres e os homens de Esquerda, que cheguem ao poder nos Estados ou nos partidos, sejam pessoas impolutas, que saibam distinguir os negócios privados do serviço público.

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