sexta-feira, novembro 28

Ambiente e Energia *

Numa acção promovida pela associação cívica Forum Açoriano decorreu, no passado sábado, uma conferência subordinada ao tema “Ambiente e Energia”, que teve como oradores João do Nascimento Baptista (director-geral, ELECPOR), Fausto Brito e Abreu (assessor do secretário de Estado do Ambiente) e Francisco Botelho (administrador/EDA). A anteceder a referida conferência foi efectuada uma visita às instalações da SOGEO e da Central do Salto do Cabrito, na Ribeira Grande.

Em tempo de incertezas, a crise persiste e não é somente de natureza económica mas de paradigma de viabilidade do planeta e do homem enquanto espécie. Nesta medida a pertinência desta conferência impõe-se pela importância do tema e da reflexão que decorre, actualmente, em termos mundiais, ao nível cientifico e político, e que foi transcrita para o grande público através do livro e do documentário - Uma verdade inconveniente (An inconvenient truth) - do ex-vice-presidente norte-americano Al Gore.

Através de três abordagens distintas ficamos com uma noção abrangente daquilo que tem sido a política ambiental em torno da emergência energética, do papel de Portugal no plano europeu e mundial, sobretudo através da concretização do Bali Road Map que define o calendário na luta contra as alterações climáticas no mundo pós-Quioto até à conferência de Copenhaga, em 2009. Por fim, uma comunicação com enfoque no panorama regional através da intervenção elucidativa do Engº Francisco Botelho, o qual revelou os avanços significativos na área das energias renováveis e dos objectivos a que a Região se propõe no médio prazo, ao nível da produção eléctrica, passando dos actuais 28% para 75%, em 2018. Um valor ambicioso mas concretizável. Senão vejamos, se cada família nos Açores substituísse uma lâmpada incandescente de 100W por uma lâmpada de 20W compacta, para além de reduzir as emissões de CO2, a Região reduziria cerca de 9 MW de potência, o que equivale a um valor superior à ponta máxima anual em muitas das ilhas dos Açores.

Através deste exemplo, podemos vislumbrar aquilo que cada um de nós poderá contribuir, de forma decisiva, para a eficiência energética (Nega Watt) que se pretende atingir, sendo que essa eficácia será, muito provavelmente, uma das melhores formas de “energia renovável”.


* edição de 25/11/08 do AO
** Email Reporter X
*** Imagem X Francisco Botelho

quinta-feira, novembro 27

República das Bananas

Parlamento da Madeira gastará em 2009 mais sete milhões do que Assembleia dos Açores
Este pequeno grande exemplo explica, em parte, o porquê da defesa incondicional – por determinada intelligentzia local - da democracia Made by and for Jardim.

Eles que paguem !

...
Na crise económico-financeira que vivemos, mais do que o risco de falência dos tubarões da banca, é a bancarrota moral do Estado que está em jogo no mercado de valores. Que valor tem este Estado que dá guarida ao topo da escala predatória da economia mas ignora o risco de extinção da arraia-miúda que, designadamente, nas pequenas e médias empresas, contra todos os reveses da fortuna sobrevive sem qualquer apoio do Estado? Muitas vezes, além de não contar com o apoio da República, tem a mão firme e implacável da máquina do Estado para que, sem apelo nem agravo, cesse actividade. Como compreender esta dualidade de critérios do capitalismo social que salva do naufrágio financeiro as "caixas de previdência" da plutocracia e remete à incerteza da deriva, ou mesmo ao abismo da insolvência, o cidadão comum? Temos assistido com pasmo e asco às ajudas do Estado a bancos que entraram em derrapagem por via de eventuais processos de gestão danosa. Porém, quando um empresário, ou uma pequena e média empresa, entra em colapso, não por falência fraudulenta mas por causa da recessão dos mercados, o Estado é lesto em apontar-lhe a porta do processo de falência. Para este sector da economia, motor da classe média e alimento da maioria das famílias Portuguesas, o Estado não "nacionaliza" prejuízos. Para uns a falência. Para outros a nacionalização em claro benefício de uma cleptocracia que nos vai depenando lenta mas eficazmente.

Como um infortúnio nunca vem só o mesmo Estado gere uma implacável e eficiente máquina, sempre bem oleada, para, pela mão do fisco, fustigar e onerar o cidadão comum e as pequenas e médias empresas que, também por esta via, vão pondo comida na gamela dos meliantes da alta finança. Trata-se de um caso de Robin dos Bosques... invertido! Paradigmático desta falência de valores é a nacionalização do BPN com a consequente apropriação das acções de um banco, que nem valiam o papel, numa instituição com perdas estimadas em cerca de 800 milhões de euros esvaídos em operações obscuras e drenados em paraísos fiscais fora da economia Portuguesa. Quem vai gerir estes activos? O Banco do Estado que é a Caixa Geral de Depósitos, claro está. Quem vai pagar o custo dessa gestão? Todos nós! Incluindo os depositantes da Caixa e de outros Bancos que terão por certo as suas comissões agravadas. Este escândalo é o sintoma de uma crise de regime na qual o cidadão comum não tem culpa mas que acaba por pagar a factura.

No final ficarão sempre dúvidas irresolúveis a empestar a moral desta República. Para já interrogamo-nos porque razão o Estado nacionaliza as perdas de um banco de investimento envolvido num rol de suspeições desde a burla agravada até à fraude fiscal e branqueamento de capitais? Porque razão este governo da República quis governamentalizar os processos de nacionalização, por via de decreto regulamentar, à socapa do escrutínio da Assembleia da República e dos Portugueses? Porque razão estavam depositados milhões de euros do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social num banco de investimentos duvidosos sendo certo que se tratava de dinheiro das contribuições pagas à Segurança Social pelos contribuintes e pelas empresas? Como não há respostas resta a indignação de sabermos que, com abuso de confiança, a alta finança enriquece também a custa dos descontos para a Segurança Social com a conivência do Estado que nacionaliza estes negócios. A promiscuidade entre os Senhores da Banca e os Lordes desta República fará seguramente ressuscitar, com justiça, o slogan: "os ricos que paguem a crise"!
...
JNAS nas crónicasdigitais do jornaldiário.com

quarta-feira, novembro 26

"Sax" na cidade

Depois de muitas pseudo-refeições voltei a ter tempo para almoçar. Devagarinho. O que inclui na ementa eventualmente alguma leitura de entrada, dois dedos de pura conversa, o incontornável café curto a que me desabituei de chamar italiana desde que há anos cheguei a São Miguel e, claro, um cigarro (nunca deixei de sentir a falta da Sala de Fumo, caro André). Assim, calçada abaixo em direcção a um dos meus locais preferidos de Ponta Delgada, a esplanada do Central, fui surpreendida pelo som de um saxofone. Tinha-me ‘escapado’ a agenda da Câmara Municipal: “Jazz de Álvaro Pimentel a partir das 13h00”. Acasos. Acontecem quando se sai à rua. Nas mesas, discutia-se entre os residentes se fazia ou não sentido a animação de rua no Inverno. As opiniões dividiam-se. Mais acaloradas do que a tarde fria. Sorrio. É bom voltar a ouvir a cidade. E, cá para mim, “sax” na cidade é bom. Olhe, psst, psst, podem servir mais? Obrigada…

Agente Provocador



O Agente de regresso à antena1 com Gualter Furtado. Hoje, em directo, a partir das 22h10.

Sr. Alcides

Para quem, como eu, gosta dos pequenos prazeres da vida. Uma cerveja fresca borbulhante, um bom tinto, um bom naco de lombo estupidamente mal passado, pingando sangue. Para nós, hoje é um dia de pesar. Faleceu um dos mais carismáticos ícones da cidade de Ponta Delgada, o Sr. Alcides. Fica-nos o consolo dos inesquecíveis momentos de prazer passados no seu restaurante de toalhas impecavelmente brancas, sopas de legumes riquíssimas e bifes inigualáveis. Descanse em paz e obrigado.

Deve ser do Frio

A Dinamarca promoveu um referendo sobre um eventual alargamento do estatuto autonómico da Gronelândia, ilha sob tutela dinamarquesa há cerca de 300 anos. Com uma taxa de participação de 72%, a grande maioria dos gronelandeses votou favoravelmente (cerca de 75%)à proposta, abrindo caminho a um novo estatuto autonómico que o Governo de Anders Fogh Rasmussen irá apresentar ao Parlamento dinamarquês em Fevereiro de 2009. Sobre o resultado do referendo, o Primeiro-Ministro afirmou: "Observo com alegria que a proposta recebeu um forte apoio do povo gronelandês" (os sublinhados são meus).
Qualquer semelhança com o processo autonómico português e com a forma como certas instituições nacionais olham para as suas autonomias seria uma pura distracção.

terça-feira, novembro 25

coisas realmente importantes

É de leitura absolutamente imprescindível o artigo de hoje de Pedro Rosa Mendes no Público sobre Timor. Sem comentários (e sem qualquer tipo de ironia.)

Disclaimer (ou não havia necessidade de escrever isto)

Não me parece que seja matéria de grande interesse público, mas, para que não restem dúvidas a um ou outro aqui da Direcção Editorial e a muitos nas caixas de comentários, gostava só de comunicar que sou e continuarei a ser, com o maior gosto, membro deste multifacetado e muito qualificado blog.
Não serei nunca do núcleo fundador mas, ao ritmo que vão surgindo as aquisições, já vou ganhando calo. Não serei também dos mais participativos porque a veia que puxava para a reacção espontânea e desabrida também foi ganhando lastro. Sou, como tenho sido, um interior esquerdo, não um ala, que aprendeu a jogar para o colectivo e que não passou a achar que os insultos da bancada se tornarão mais insuportáveis por jogar num campeonato mais exigente.

TRIO CAGE

Hoje às 21h30 no Auditório Camões.

segunda-feira, novembro 24

foi ele, foi ele...



Dito de uma forma muito simples, eu não gosto do Professor Aníbal Cavaco. Cresci cronológica e politicamente sob a égide dessa figura e da Dra. Manuela Leite, e do Dr. Barroso. Prefiro como epíteto o galhardete de geração rasca do que qualquer outro galardão académico de um qualquer mestrado ou doutoramento europeu ou mais estrangeiro ainda. Posto isto, permitam que diga que SEXA o Presidente da Republica não está bom da cabeça. Por puro vício, leio muitos jornais por dia, esforço-me para ver os telejornais e no carro ouço maioritariamente rádio e não me lembro de registar nenhum tipo de notícia, muito menos de insinuação ou boato, á ligação do Sr. Silva ao “assunto” BPN, mas eis que das catacumbas de Belém surge um comunicado negando a envolvência do que não está envolvido… Expliquem-me como se eu fosse muito estúpido, mas se não havia fogo o que é que fez com que o Sr. Aníbal agitasse o fumo?

domingo, novembro 23

o pragmatismo de Obama



Sou, na felicíssima expressão do sempre extraordinário José Medeiros Ferreira, um "viúvo de Hillary Clinton". Nessa qualidade saúdo com particular entusiasmo a escolha feita por Barack Obama de Hillary Clinton para Secretary of State (mesmo suspeitando que o inverso não seria o mesmo…) é, sem margem para dúvida uma brilhante e arrojada escolha que marca o arranque do que poderá vir a ser, e esperamo-lo todos, um grande Presidente dos States e um enorme estadista. Obama, mesmo contra o núcleo duro dos seus apoiantes, faz aqui uma escolha que completa a verdadeira quadratura do circulo. Hillary é uma global brand e mais do que isso é uma personalidade política de enorme envergadura, adequada aos perigosíssimos tempos que vivemos. É nestes gestos de verdadeiro pragmatismo político que Barack pode consubstanciar a Hope e a Change que o elegeram. O mundo está, como sempre, perigoso mas ainda há espaço para acreditar…

...Eu hoje deitei-me assim.

...

...
(...)
A vergonha morreu, a dignidade foi-se.
O mundo oficial é um vergonhoso alcoice,
E a plebe, tripudiando em tórridas orgias,
Lança sobre o Direito um pustulento escarro,
E acende, cambaleando, a ponta do cigarro.

...
A Velhice do Padre Eterno é, no dizer do autor, uma "colecção de 50 poesias, que são 50 balas que partindo de diversos pontos vão todas bater no mesmo alvo": a sátira. Guerra Junqueiro assinou com esta obra uma primorosa batalha anti-clerical que, no final, era uma declaração guerra contra a podridão da Pátria. Fê-lo há mais de um Século, mas podia ter sido ontem. Essa é a qualidade de qualquer obra intemporal.
Uma cópia, com um estudo de Camilo Castelo Branco, é um luxo que encontra em "edição popular", por um €uro, na Feira do Livro da Tabacaria Açoreana.

( ilustração via : Abnoxio )

Publicidade institucional

Desde 5ª feira - 20.11.08

sexta-feira, novembro 21

Entrevista: Um blogue plural numa região adversa à discussão *

Numa região ainda presa a dicotomias, o :Ilhas veio agitar as consciências e fortalecer a blogosfera regional. Não só sobreviveu à sua progenitora, a revista com o mesmo nome, como assinala o quinto aniversário. Um contributo para o mundo da comunicação.

O convidado do programa “Conversa Fiada”, da Rádio Açores TSF, foi Pedro Arruda, um dos fundadores do blogue :Ilhas, um dos três mais antigos dos Açores. Pedro Arruda, ainda se lembra do primeiro post? Do momento exacto do lançamento do primeiro post não, mas sim do acto de criação do blogue. Foi algo muito discutido pelos fundadores. O :Ilhas nasce associado à revista :Ilhas, que estava num grande momento de actividade. Portanto, num momento de euforia nacional com o movimento dos blogues, em 2003. Durante muito tempo o núcleo duro da MUU Produções, os editores da revista :Ilhas - o Alexandre Pascoal, o Vítor Marques e eu - discutimos a criação de um blogue. Eu fui dos que levaram mais tempo a serem convencidos. Pensava que os blogues constituíam um fenómeno passageiro, uma moda, que fruto do imediatismo do tipo de comunicação acabaria por desaparecer. De qualquer modo, como tínhamos muitos contactos no continente com amigos que tinham blogues, muitos já afirmados no panorama da blogosfera nacional, em Novembro de 2003 decidimos avançar com uma espécie de repercussão da revista no meio virtual. A revista era bimensal, de distribuição gratuita, tendo o blogue permitido repercutir no meio virtual, com mais actualidade, a ideia nuclear da revista que era um veículo de discussão de ideias sobre os Açores, com grande atenção à modernidade independentemente das convicções políticas, culturais, desportivas, entre outras.

O que é curioso é que a revista desapareceu e o blogue ficou... Sim, e esta é uma das maravilhas da internet e aquele que era um dos meus medos, o do meio efémero, perdurou. Repare: até há pouco tempo havia um certo preconc ito de considerar que os órgãos de comunicação clássicos - jornal, rádio e televisão - eram de facto o que definia a comunicação. O que é que os blogues vieram demonstrar? Por serem gratuitos, basta ter uma ligação à internet e conhecimentos mínimos de informática, para se conseguir ter um veículo de comunicação global.

Um bom blogue já é diferente? Não necessariamente. Um bom blogue depende dos interesses do autor (es) , do conteúdo e do público alvo que consegue atingir. Há blogues extraordinários, que não me suscitam particular interesse, que atraem milhares de pessoas em todo o mundo.

Qual é a qualidade do :Ilhas? É quase um pleonasmo o que vou dizer: o :Ilhas é uma ilha de pluralidade numa região adversa à discussão frontal e com assinatura por baixo, em que as pessoas assumem a sua visão.

Assinam, bem... há seis autores de o :Ilhas, sete, agora há um sétimo autor, que é a Olímpia Granada, jornalista do Açoriano Oriental, o que muito nos orgulha, que assinam, mas depois há os comentários, cuja maioria, é anónima ou por pseudónimo. Isto não gera ruído? Sim, como há ruído na rádio, na imprensa. Costumo fazer a seguinte comparação: os anónimos na blogosfera são como os mosquitos no verão: se estiveres com os teus amigos a beber uma cerveja numa noite quente de verão, não vais deixar de a ter só porque existem mosquitos. Compras um bom repelente e continuas a conversa.

Nunca te sentiste incomodado? Sim, muitas vezes. Mas, os anónimos existem para isso mesmo, para incomodar. Fazer ruído.

Não é sinal de cobardia... Exacto, mas essa cobardia também existe na sociedade. As pessoas falam mal dos outros quando eles não estão presentes. Os blogues repercutem isso como um espelho.

A diferença é que os comentários na blogosfera são, por vezes, particularmente duros e ofensivos! Sim, mas o que difere os dois tipos de comentários, por exemplo, os de rua e os dos blogues, é que os segundos ficam registados para o futuro, perduram no tempo. De qualquer modo, penso que os tais comentários anónimos não são de todo a parte mais importante da blogosfera. Passo meses sem ler a caixa de comentários. Eu leio os posts, os artigos assinados pelo autor.

Passados cinco anos da criação de o :Ilhas, qual a sua opinião sobre a blogosfera açoriana? Surpreende-me pela positiva. Todos os dias nascem blogues. Há novidades interessantes de jovens açorianos que estudam no continente e que demonstram vontade de discutir as questões regionais com ideias novas, qualidade. Por exemplo, há o In Concreto, do Tibério Diniz, um terceirense que estuda Direito em Lisboa. Há ainda o Notas, de um economista José Maria Matias. Portanto, nos Açores, há blogues muitos interessantes.

A nossa blogosfera está ao nível do que se faz no continente? Está. Basta ver que há meia dúzia de blogues açorianos que costumam ser referência nos blogues continentais. E não só quando há temáticas açorianas na agenda nacional.
Um dos factores de relevância dos blogues tem a ver com a coluna lateral onde se fazem referências a links para outros blogues e assuntos. Praticamente em todos os blogues de referência nacionais constam dois ou três açorianos.

As últimas eleições nos Estados Unidos da América foram seguidas a par e passo pela blogosfera norte-americana. Este fenómeno poderá repetir-se, por exemplo, nas próximas eleições Legislativas em Portugal? Sim, repare: a blogosfera norte-americana tem dez a quinze anos, enquanto a blogosfera nacional tem seis a oito anos. Logo aí há uma diferença. Quanto à pergunta que me colocou, penso que os nossos blogers estão preparados quer pela sua qualidade quer pela capacidade de acompanhamento da agenda nacional. Aliás, se formos ver o caso das eleições nos Estados Unidos da América, o acompanhamento na blogosfera nacional foi muito mais rico e interessante de que trabalho efectuado pelos dois maiores diários nacionais, o Diário de Notícias e o Público. Actualmente, a grande maioria dos blogues nacionais tem especialistas. O caso do blogue do Pedro Magalhães, que diariamente fazia a leitura das estatísticas das eleições norte-americanas. Temos blogues de especialistas em direito, economia, cultura, entre outras matérias, que o meio de comunicação tradicional não possui. Portanto, a blogosfera traz a opinião abalizada e no momento. São um pouco o panfletismo do século XIX, mas de forma imediata. Qualquer pessoa, perante dado acontecimento, pode expressar a sua opinião e publicá-la para qualquer pessoa ler.

Qual a relação entre jornalistas e blogues? Depende da cada um. Há jornalistas que são bloguers como há jornalistas que os detestam. E no meio, toda uma realidade. Não vejo que exista uma separação total. A blogosfera está mais próxima da crónica do que propriamente a notícia.

O que torna um blogue credível? Ser assinado não basta. Acrescem a veracidade e a constância na informação. Ainda com relação ao jornalismo penso que a postura adequada por parte das redacções será perceber que os blogues podem constituir um extraordinário manancial de informação como um pântano de desinformação. Mas, vamos lá ver: o corredor de um Parlamento é igual. O mesmo se passa com o telefonema de um chefe de gabinete ou assessor. O mesmo desafio também acontece com os bloguers até porque os corredores do poder tentam utilizar cada vez mais os bloguers tal como o fazem com os jornalistas. Eu quando faço um post no blogue tento ser verdadeiro e que o conteúdo possua valor e seja claro. Penso que se passa o mesmo com um jornalista.

Olhando o futuro, como imagina o fenómeno da comunicação dentro de dez anos? Com ou sem jornais, papel? Eu adoro papel. Sou coleccionador de livros. Não sei se o papel vai acabar. É provável que sim. Hoje, se não compro mais jornais e revistas, e não quero chocar ninguém, é porque a avaliação que faço é que a qualidade caiu muito. A progressiva evolução dos meios de comunicação tradicionais para empresas cujo principal objectivo é o lucro levou a que houvesse uma deterioração da matéria-prima, que é a informação. Penso que os órgãos de comunicação devem reflectir que não pagar bons ordenados a jornalistas, ter uma maioria de jornalistas estagiários, acabar com a especialização, leva a uma desvalorização da matéria- prima. É um bocado como vender diamantes sintéticos por verdadeiros. Os leitores percebem isso. E isto é um fenómeno global. Os principais estudiosos da matéria dizem isto.

A concentração de títulos num só grupo de comunicação é negativa? Não necessariamente se tal grupo estiver disponível para pagar os melhores jornalistas e comentadores. Mas, a prática tem demonstrado... Repare: Por que motivo os blogues ocupam cada vez mais espaço em Portugal? Percebe... Acresce o seguinte: eu para ler um artigo do Pedro Magalhães no Público tenho que esperar uma semana e tenho que pagar. No blogue, não.

Mas, os media ditos tradicionais também levaram os seus comentadores para a blogosfera, como o El Pais, não os fixando no papel... Sim, sim. Há que aproveitar a sinergia. Aliás, o You Tube trouxe isto. E aí mais uma vez os blogers anteciparam-se aos media tradicionais na relação com o You Tube.

Direitos de autor, uma preocupação para os blogers? Também, mas o meio virtual pugna pelo auto-regulação. Dou-lhe um exemplo: para além do :Ilhas criei, com amigos com outras áreas de interesse, um blogue sobre surf e bodyboard, o Ondas. Ao fim de três meses percebi que havia textos meus publicados integralmente noutros blogues com outros nomes. A minha primeira reacção foi de raiva. E depois pensei: se foram buscar os meus textos é porque se identificam com o seu conteúdo. Então, contactei essas pessoas e disse-lhes para utilizar o que quiserem mas desde que mencionem a fonte.

Nunca mais houve problemas? A prática de referir a fonte institucionalizou-se e hoje em dia os casos de usurpação são raros.

* Por Paulo Simões/Pedro Lagarto na edição de 17.11.08 do AO
** Foto Eduardo Resendes
*** Hotel do Colégio - Jantar 5º Aniversário :ILHAS (14.11.08)

Bernardo Sassetti



A solo no Centro Cultural e de Congressos de Angra.

quarta-feira, novembro 19

Agarrados à "zona down"

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As respostas do sistema de justiça social às toxicodependências são regularmente um bom observatório do modelo social. Por exemplo: nos U.S.A., terra de oportunidades, mas também de desigualdades clamorosas, à conta do fenómeno da dependência das drogas a lei penal é um cruel espelho de um modelo social descalibrado. Com a implementação do regime do "Mandatory Minimum Sentences" nos Estados Unidos a posse de uma determinada quantidade de droga, independentemente de culpa, determina a aplicação automática de uma pena privativa da liberdade. Contudo, este securitarismo cego à Justiça, implica, por exemplo, que a posse de 5 gramas de crack, a droga que circula entre as classes baixas, implique o cumprimento automático de 5 anos de prisão, por outro lado, a posse de 5 gramas de cocaína, a droga inalada pela classe média alta, poderá ser o passaporte para o cumprimento de uma pena até 1 ano de cadeia. Crack e Cocaína são apenas diferentes formas da mesma droga mas a disparidade social do seu consumo também se reflecte na disparidade legal da sua repressão. Em suma: ambiguidades na resposta a um fenómeno que é socialmente transversal. Em Portugal, e nos Açores em particular, temos também as nossas ambiguidades que reflectem uma dualidade de políticas entre a tolerância e a repressão. Estes sinais podem ser lidos nas entrelinhas do relatório anual do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) no qual os Açores assumem lugar de destaque no podium do consumo nacional de substâncias ilícitas sendo inclusivamente campeões no consumo de anfetaminas ! Com a política de tolerância com o consumo parte substancial dos ilícitos passaram da alçada do direito penal para o regime das contra ordenações, entulhando as Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência com processos que estas são incapazes de concluir. Sem cuidar de saber qual a eficácia do trabalho das referidas comissões o certo é que também por falta de meios apenas 50 % dos processos instaurados tinham, no termo de 2007, decisão proferida. Mas, ainda de acordo com a estatística, aproximadamente 65 % dos processos estavam relacionados com a posse de cannabis e, nestes processos, a maioria das decisões redundaram em suspensão provisória do processo por conclusão de se tratarem de consumidores não toxicodependentes. Como se vê também por cá há ambiguidade quanto baste sendo de espantar tanto zelo e diligência na repressão do consumo de "drogas leves" que são hoje toleradas por grande parte da comunidade. O Estado gasta milhões nestes processos mas revela-se incapaz de atacar, sem apelo nem agravo, o problema do consumo (e tráfico) das "drogas duras" especialmente da heroína. Ademais, não diferencia os consumos juntando na mesma marginalidade mundos que são sociologicamente diferenciados. Com efeito, a cannabis não é referenciada no citado relatório como um "consumo problemático" mas o facto de circular nos mesmos mercados em que circulam as denominadas "drogas duras" é um convite para "percursos de toxicodependência prolongada". Efectivamente, os estudos mostram que entre os consumos problemáticos a heroína prevalece na dita "zona down", ou seja, é a "droga central em percursos de toxicodependência prolongada". A realidade mostra-nos que nos Açores a heroína é um dos maiores problemas de segurança e saúde pública, transversal a todos os estratos sociais e já com forte implantação nos meios rurais. Tarda a resposta do Estado e da Região para uma política de tolerância zero para o consumo e tráfico da heroína - (por regra associados) - a bem de todos nós. Tarda uma resposta integrada desde a prevenção primária até à reinserção social numa região cujo combate à toxicodependência quase que se esgota na administração de metadona com o dano colateral de esta ser também uma nova droga no mercado do tráfico. Tarda aceitar separar a resposta, institucional e legal, para os consumos de uma determinada subcultura juvenil do poço sem fundo das ditas "drogas duras". Entretanto engrossa a fileira de agarrados da dita "zona down" dos "percursos de toxicodependência prolongada."
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

recomendação de leitura



Pela Boca Morre o Peixe
de João Pombeiro

...Eu hoje deitei-me assim

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Margaret Bourke-White, At the Time of the Louiseville Flood, 1937
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A Margaret Bourke-White se deve esta foto na qual o real choca, a preto e branco, com a propaganda do sonho. Em 1937 reteve para a história da Life Magazine este quadro negro de uma América que emergia da Grande Depressão. 60 anos depois, e sempre que se fala em crise com epicentro nos Estados Unidos, não deixo de recordar estes mestres da fotografia. Hoje a fila de espera pelo pão e pela providencial sopa dos pobres teria certamente outras personagens... e seria a cores.

terça-feira, novembro 18

coisas, "assim, assim", importantes

ou da Implusão de Ferreira Leite
«Eu não acredito em reformas quando se está em democracia, quando não se está em democracia, é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se; e até não sei, se a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então, venha a democracia»


Declarações da líder do Partido Social Democrata, hoje, num almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana. Para ouvir aqui.

Sem comentários...

...

Se achar que precisa voltar,
volte! Se perceber que precisa
seguir, siga! Se estiver tudo
errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se tiver saudade, mate-a.
Se perder um amor, não
se perca! Se o achar segure-o!
Circunda-te de rosas, ama,
bebe e cala. O mais é nada.

Fernando Pessoa

Mau Tempo no Canal

Apesar da bonançaetiquetas perigosas.

segunda-feira, novembro 17

O FUTURO DA BLOGOSFERA

Sobre o IV Encontro de Blogues que decorreu no passado fim de semana na Universidade Católica, estão já disponíveis as seguintes comunicações:
Cultura bloguer, de José Luis Orihuela; Para uma cultura da colaboração em rede, de Mário Pires; Uma nova forma de cultura: a blogosfera na primeira pessoa do singular, de Lauro António; O fim da blogosfera, de Paulo Querido e A "e-Biblioteca de Babel", de Dora Santos Silva.

via Indústrias Culturais

Emissão em directo

No início desta jornada parlamentar a chuva e o vento já marcaram a sua presença. A ansiedade tem sido gerida com alguma parcimónia e deferência. O mesmo se aplica ao gin...

domingo, novembro 16

Visitas ao domicílio

Ontem quebramos a regra e estivemos em casa com César, o Chef... que nos alimentou magistralmente! Fica aqui um agradecimento muito especial à Teresa e ao Carlos...

sábado, novembro 15

A culpa foi do Vulcão de Chocolate!..

Ao fim de cinco anos de :ILHAS perdemos indubitavelmente uma pitada de tempura mas ganhamos peso e alguma têmpera.

sexta-feira, novembro 14

Dia de tomada de posse...

Aqui no :Ilhas. Porque as outras, as do Parlamento e do Governo, acontecem só para a semana, na Horta. Mas é hoje que Carlos César anuncia, a partir de Angra, quem é que vai ser o quê no novo executivo regional. E, claro, hoje não vai faltar matéria aos jornais nem assunto aos blogs. Hoje, também, é dia de jantar de aniversário do :Ilhas. Afigura-se um dia interessante, este…

Nota de rodapé: Merci ‘garçons’ pelas boas vindas. Quanto ao(s) demais(s)…, bom, “Je suis comme je suis, Je suis faite comme ça…”

Tá Mal



Não obstante a obstipação do lembrete, proibir não é, obviamente, a solução. Haja bom senso para conferir à circulação a regulação necessária, por forma a dar expressão a uma actividade que evidencia as potencialidades inatas do local para estilos de vida saudáveis e práticas activas de lazer.

quinta-feira, novembro 13

Há momentos...

em que mais valia a pena estar calado.

telefonia sem fios

O :ILHAS na TSF-Açores. Live & Direct.

: Ilhas

...
O blog : Ilhas regista neste mês de Novembro cinco anos de actividade. Espaço de pluralidade de consciências o : Ilhas é o mosaico colectivo de uma visão do Mundo. Não é uma perspectiva asséptica pois nunca se pretendeu fazer do blog uma plataforma comunicacional concorrencial destinada a um projecto informativo similar à imprensa escrita. Foi, e é, uma forma diferenciada de comunicação que se fez lida e comentada à escala potencialmente universal da internet. O blog : Ilhas foi também teatro de guerra para inúmeras batalhas políticas e ideológicas. Contudo, creio que é mais importante aquilo que nos une do que a multiplicidade de ideias que nos dividem de cada lado das trincheiras. Esse núcleo duro do : Ilhas está na defesa intransigente da liberdade de expressão associada à liberdade de consciência. Estes são valores que sempre reputamos como essenciais a qualquer plataforma comunicacional. Talvez esta qualidade explique a solicitação dos redactores do : Ilhas para colaborações recorrentes com os meios tradicionais da comunicação : imprensa, rádio e televisão. Contudo, regressamos sempre com prazer ao admirável mundo novo dos blogs ainda liberto das peias das entidades reguladoras e da manietação dos jogos de interesses tão frequentes nos OCS "tradicionais". Há cinco anos atrás falar de blogs nos Açores era uma extravagância. Hoje, há uma generalização, por vezes abusiva, como consequência da democratização da internet que não escapa, infelizmente, aos efeitos perversos da cultura do anonimato e da mesquinhez do insulto e da difamação. Por esta via se chega à desvalorização da crítica e à generalização abusiva de informação que não é filtrada e depurada pelo crivo da responsabilização pessoal do blogger. Não falo aqui do blog de autor de pendor confessional pois esse não releva mas, ao invés, quando se faz do blog palco de expressão dramática de uma opinião pública o mínimo que o leitor exige é seriedade. Sabemos que o mundo dos blogs é visceralmente plural e naturalmente contraditório. Porém, sempre cuidamos de nos movimentarmos neste mundo com um mínimo de regras e a certeza de que a opinião que publicamos tem um nome a quem possa ser imputável o respectivo juízo. Registo ao cabo de cinco anos que fidelizamos a nossa clientela, pelo que, o nosso objectivo estratégico para os próximos cinco anos é manter a satisfação dos nossos leitores a quem, pessoalmente, dedico com sentido agradecimento estes cinco anos de : Ilhas. Obrigado pela preferência e voltem sempre ao www.ilhas.blogspot.com
...
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com


quarta-feira, novembro 12

coisas realmente importantes

a revitalização do inimitável Melancómico.

Jantar :ILHAS ::::: 5º Aniversário

Ementa
Almofada de Cogumelos e queijo Velho
Espadarte no forno com migas de azeite
Cachaço de Porco com puré de batata e espinafres
Salada de frutas ou vulcão de chocolate

Vinhos
Patrocínio Pote dos Desejos (Paulo Pacheco)
Catapereiro Escolha (Tinto)
Samora (Branco)

Restaurante "A Colmeia"
6ª feira 14 de Novembro'08 20h30

Inscrições blogue.ilhas@sapo.pt

Sensibilidade Feminina


De regresso à Região, depois de um banho de Democracia, gostava de poder dar oficialmente as boas-vindas à novel colaboradora desta casa, quem bem precisa de uma sensibilidade feminina para traçar tanta "macheza".
Na bagagem, veio também este Jackjohsoniano "I'm Yours", de Jason Mraz. É um prazer estar de volta.

Agente Provocador



Herberto Quaresma com Alexandre Pascoal e João Nuno Almeida e Sousa voltam à agência para nova noite de provocações. Eduardo Brum é convidado a participar de um confronto feito de discos e palavras. Mais logo em directo a partir das 22h10 na RTP-Açores (Antena 1).

Reporter X

Blogs: relevância irrelevante? *

Os blogs existem há uns bons anos, mas só há cerca de 5/6 anos é que tiveram algum impacto em Portugal… Nos Açores, foram algo que aconteceu de forma dispersa, tal como as ilhas, mas nos últimos anos o fenómeno tem vindo a crescer gradualmente, se bem que não com a qualidade desejável, mas o seu número aumentou exponencialmente.

O blog :ILHAS é uma das plataformas mais antigas no chamado blogarquipélago e faz esta semana cinco anos de emissões. No início, as dúvidas para a implementação do projecto eram mais que muitas, mas com o passar do tempo essas dissiparam-se (tinham mais que ver com o carácter efémero do fenómeno em termos nacionais), para dar corpo a outras questões, sobretudo a nível da qualidade de conteúdos e do alcance dos mesmos. Se nos EUA alguns blogs rivalizam com alguma da imprensa tradicional e são eles próprios fonte de informação, como garante comunicacional e de opinião (o acompanhamento da noite eleitoral do passado dia 4 de Novembro é disso um bom exemplo), em Portugal, e nos Açores em particular, os blogs ainda não atingiram um patamar de respeitabilidade que possa fazer deles referências comunicacionais.

Os blogs não pretendem sobrepor-se aos media tradicionais. O blogger não é um jornalista, na medida em que não é um profissional (se bem que os haja!) encartado, nem está submetido às lógicas da imparcialidade e de um padrão ético. Aliás, os jornalistas são, simultaneamente, um dos maiores "clientes" da blogosfera e um dos seus maiores críticos, sobretudo pelo carácter anónimo com o qual muitos bloggers estão conotados - mas esse é um lado que pouco ou nada importa. Não obstante as questões de pormenor, os blogs são, hoje em dia, um barómetro indispensável desta nossa existência mundana.


* edição de 11/11/08 do AO
** Email Reporter X
*** Imagem X Enviado especial [Alexandre Correia}

terça-feira, novembro 11

Publicidade Institucional # 8

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foto via Complot
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"primo"
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Nunca conheci o Paulo Noval mas sempre lhe admirei a acutilância e a profundidade das crónicas que semanalmente publicava no malogrado "Jornal dos Açores". Cruzei-me por acidente com o blog que tinha a sua assinatura. Por e-mail confirmei que o blogger e o cronista eram a mesma pessoa. Uma visita ao blog Complot de Paulo Noval tem a sua satisfação garantida!
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"secondo"
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Sob a divisa: "Povo Açoriano ? Isso não dá Pão" Papio Cynocephalus assina um blog implacável e corrosivo. Não o quero pois para inimigo e prezo que estime este destaque. O papio, que é seguramente um avatar de quem anda por aí não só nos blogs mas também porventura pelos OCS, tem o mérito de fustigar transversalmente os costumes do burgo sem se deixar acantonar nas suas inclinações ideológicas. Um blog a seguir com mais atenção.
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"terzo"
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A "Su" da caixa de comentários do : Ilhas regularmente dissente do que escrevo ; porém exerce essa oposição de consciência com elegância, inteligência e urbanidade. A curiosidade fez-me descobrir que assina o blog emcantomeu. O encanto é seguramente dela, Susana Martins, que é uma ex-Corpo Estranho o que cauciona uma escrita criativa. Para ir descobrindo.

Especular por aí

Hoje no DN amanhã no AO.

segunda-feira, novembro 10

Stinkin Thinkin



For old times sake...

Vox Populi

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Ricas Coxas,seios altos
Estátua de Carne Viva
Fico com a língua aos saltos
Todo molhado em saliva

Coronel Esmeraldo cit por Ferreira Almeida no Terra Nostra
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Victoria Principal molhando quem ainda está a secar !
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São Cassandras Senhor
"Perguntado sobre o que de mais injusto lavra no país, o cidadão avulso não hesita: a Justiça; inquirido sobre o que de mais desgovernado, impestenejante, dispara: o Governo; interrogado sobre o que de mais errático, grosseiro e analfabeto, nem vacila : a Educação. E o restante vai pela mesma tabela... O mais doente? A Saúde. O mais mentiroso? A Informação. O mais vulgar e rasteiro? As Elites. O mais delapidador? A Economia & Finanças. O mais imundo? A Asae.
(...)
É todo um país virado do avesso. A berrar pelas costuras. Mas o mais sintomático é que não estamos perante mero paleio de taxista. O problema é que a realidade escorreu e liquefez-se num sórdido charco de absurdo cada vez mais alucinante. Já não são apenas simples verbos delirantes que vão ao volante de táxis: são Cassandras."

Dragão no Dragoscópio

Excepto o de 2004 !?!
"Não é por acaso que todos os casos de dissolução parlamentar ocorreram em situações de crise governamental, e não por qualquer discordância política, muito menos por capricho ou ressentimento presidencial."
Vital Moreira na Causa Deles

Orgulhosamente só !
"Sócrates faz questão em estar só contra Portugal, preferencialmente em maioria absoluta"
João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos.

Aforismo para o presente.
"A despolitização, neste particular, é a morte da cidadania e quando a cidadania morre, as sociedades sucumbem."
Miguel Castelo Branco no Combustões

Unhappy Gay ?
"Não conheço um só homossexual feliz."
Joel Neto no Expresso das Nove

Um apoiante surpreendente.
"Votarei em Berta Cabral. É trabalhadora. Terá outros atributos menos generosos mas é assim mesmo."
Mário Roberto no Açoriano Oriental

Desculpe, importa-se de repetir?!

«Nos primeiros tempos não estarei no Parlamento»
Kiss him goodnight...

Ando há dias para o postar mas não o fiz

Felizmente, alguém o fez.

Cherchez la Femme




Granada é uma palavra polissémica. Desde logo objecto explosivo, mas também nome de Reino, de Ilha, de pedra e de gente. Jóia do Al-Andalus, Granada cintilou a sua urbanidade até que os Reis Católicos, já no crepúsculo da Reconquista Cristã, conseguiram o que múltiplas gerações de avoengos seus tinham, debalde, tentado desde os alvores do século VIII: a expulsão definitiva da seita de Mafoma da Península Ibérica. A queda do Reino de Granada só aconteceu em 1492, curiosamente o mesmo ano em que Colombo descobriu a América.
Coincidências.
Temos depois a Ilha de Granada, um micro-Estado insular das Caraíbas que faz parte da Commonwealth britânica e cuja população anda na casa dos 90.000 habitantes. Talvez já tenham dado pela existência desta orgulhosa Nação em algum concurso da Miss Universo. O país tropical é independente desde 1974, o ano da nossa última Revolução em Portugal.
Coincidências.
Mineralogicamente falando, há ainda a pedra preciosa Granada que, como assegura a Wikipédia, "é o nome geral dos membros de um grupo de minerais com habitus cristalino constituído por dodecaedros e trapezoedros". Consoante a sua variabilidade química, as granadas podem ter diversas cores e pertencer a diferentes agrupamentos. Um deles, rico em ferro e cromo, apresenta cor vermelho-sangue e chama-se Piropo.
Coincidências.
Temos, por fim, a Granada, Olímpia. Uma jornalista que em Novembro de 2004, quando o W. deu um banho ao Kerry, publicou no Açoriano Oriental uma notícia/entrevista sobre o 1º aniversário do blog :Ilhas. Foi a primeira vez que dei pela existência do blog, para o qual seria convidado a entrar pouco tempo depois. O padrinho da alternativa foi o JNAS. Em 2004 Portugal estava de tanga, lembram-se? Vivia-se uma depressão colectiva de contornos casapianos. Santana Lopes era Primeiro-ministro e está tudo dito. O :Ilhas foi a minha janela para a blogosfera e o que dali avistei foi um país que, afinal, não estava em coma vegetativo. Quatro anos passados sobre essa data, o colectivo alarga-se a quem dele primeiro deu notícia.
Coincidências.

Como diria sum Edgardo: soyez la bienvenue, Granada, ao Olimpo da blogosfera.

domingo, novembro 9

Aviso à navegação

Ao fim de 5 anos o :ILHAS dá finalmente início a uma política para a igualdade de género. A conferir nas próximas horas (ou dias).

Galeria das Vaidades



Adam Neate, Nothing on TV, 2007


Adam Neate, cujo trabalho foi nos últimos anos homologado (e valorizado) pelas galerias de arte mais hip de Londongrad, vai espalhar na próxima 6ª feira pelas ruas da capital inglesa obras de arte estimadas em mais de um milhão de Libras estrelinas. O conceito da Exposição é simples: quem vir e pegar, leva. De graça. Só não tem direito a recibo. Honni soit qui mal y pense.

sexta-feira, novembro 7

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Só para dissentir em relação ao Pedro Arruda aqui fica um postal ilustrado...com um excelente aforismo para qualquer tempo. Just do it..., preferencialmente, with a partneraire.

sarapitolas

Em defesa da mais masculina de todas as artes, gostaria de lembrar ao mui nobre blogoarquipélago e restante zona económica exclusiva que à data da criação desta "casa" (salvo seja...), nas calendas de 2003, apesar de todos confessarmos o nosso intelectualíssimo interesse pela Coluna Infame ou pelo País Relativo o blogue que era verdadeiramente mais lido chamava-se O Meu Pipi. Tenho dito.

Galeria de Vaidades



Maria Helena Vieira da Silva, La Bibliothèque en feu (1970-1974)

Portugal já estava a arder quando ela pintou este quadro.

quinta-feira, novembro 6

Give Change a Chance

Que outro país, da Europa, de África ou da Ásia será capaz de eleger presidente um membro de uma minoria étnica?
O comentário accurate de António Barreto hoje no Público.

Há 5 Anos numa Galáxia distante...

E masturbações à parte... No início foi assim.

Habemus Obama

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"Change has come to America" : assim o disse um triunfante e profético Barack Obama numa noite negra para quem não comunga do mesmo credo messiânico do Presidente dos E.U.A. Obama superstar é um fenómeno global. Com efeito, estas foram não só eleições para a Casa Branca mas também terão sido para a Casa Comum que é hoje este mundo globalizado. Assim o quis o próprio Obama que alimentou, com o facho da mudança, o fogo da esperança à escala planetária. Hoje, de Sarkozy a Chávez, de Sócrates a Ahmadinejad, sem esquecer Fidel Castro e quejandos, todos olham para Barack Obama com veneração e esperança. Obama que, num dos últimos comícios de campanha, prometia em epístola aos crentes que estava a um passo de mudar a América e a um passo de mudar o Mundo. Quer agora o Mundo que esse passo seja lesto e que Obama não tropece pelo caminho que tem pela frente. Contudo, não deixa de ser paradoxal esta genuflexão planetária ao Presidente dos Estados Unidos depois de anos de "imperialismo americano" e de crítica feroz à influência mundial do "american way of life". Afinal a América ainda é, mesmo para inteligência bem pensante da Europa, a "terra do leite e do mel" com a promessa de uma boa nova salvífica para todos. Sempre o foi mesmo antes de Obama. Porém, com a Obamania essa boa nova foi elevada aos píncaros de um novo messianismo. O perigo de uma decepção à medida das elevadas expectativas tem pois proporções bíblicas. A política externa norte-americana não pode agradar a todos, e o risco de querer mudar o "status quo" dos "desvalidos" do Mundo é bem real. Numas eleições à escala global os Estados Unidos da América arriscam-se ao escrutínio Mundial das expectativas criadas pelo profeta da mudança. Quando os crentes perderem a fé veremos o que resta da política externa norte-americana. Espero bem que Obama não escangalhe ainda mais o médio oriente, e que não tenha a veleidade de querer liderar um processo de paz israelo-árabe com parcialidade diplomática a favor da causa árabe. Já basta a promessa de retirada abrupta do Iraque, deixando terreno livre para o expansionismo de Teerão, pelo que, se dispensa mais turbulência numa das maiores armadilhas para qualquer Presidente dos Estados Unidos. Oxalá o messianismo de Obama não entre em colapso mundial antes de se exaurir em terras de Uncle Sam.

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

quarta-feira, novembro 5

Agente Provocador



O Agente Provocador de novo na antena para o encontro mais imprevisível da semana. No dia seguinte à noite em que a América conheceu o seu novo Presidente, do menú voltam a constar os sons certos para uma noite que vai receber Vasco Cordeiro na rádio. Em directo a partir das 22h10.

The Patriot

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Numa era deficitária em Homens de Estado o exemplo e o currículo de John McCain fazem dele um Senhor. Este maverick que tomou as rédeas dos Republicanos, sem ser o delfim de Bush ou um dos favoritos do Partido Republicano, deixa um legado de sentido de Estado e de serviço à Pátria. Deixa ainda um exemplo de elevação moral e de cidadania. Bem sei que a oratória de Obama conquistou a América e o Mundo. Mas as palavras finais de McCain verbalizam o sentimento genuíno de um patriota Americano num discurso memorável e a reter para o futuro. God Bless América !
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"My friends, we have come to the end of a long journey. The American people have spoken, and they have spoken clearly. A little while ago, I had the honor of calling Senator Barack Obama to congratulate him. To congratulate him on being elected the next president of the country that we both love. In a contest as long and difficult as this campaign has been, his success alone commands my respect for his ability and perseverance. But that he managed to do so by inspiring the hopes of so many millions of Americans who had once wrongly believed that they had little at stake or little influence in the election of an American president is something I deeply admire and commend him for achieving. This is an historic election, and I recognize the special significance it has for African-Americans and for the special pride that must be theirs tonight.
I've always believed that America offers opportunities to all who have the industry and will to seize it. Senator Obama believes that, too. But we both recognize that, though we have come a long way from the old injustices that once stained our nation's reputation and denied some Americans the full blessings of American citizenship, the memory of them still had the power to wound. A century ago, President Theodore Roosevelt's invitation of Booker T. Washington to dine at the White House was taken as an outrage in many quarters. America today is a world away from the cruel and frightful bigotry of that time. There is no better evidence of this than the election of an African-American to the presidency of the United States.

Let there be no reason now for any American to fail to cherish their citizenship in this, the greatest nation on Earth. Senator Obama has achieved a great thing for himself and for his country. I applaud him for it, and offer him my sincere sympathy that his beloved grandmother did not live to see this day. Though our faith assures us she is at rest in the presence of her creator and so very proud of the good man she helped raise.

Senator Obama and I have had and argued our differences, and he has prevailed. No doubt many of those differences remain. These are difficult times for our country. And I pledge to him tonight to do all in my power to help him lead us through the many challenges we face. I urge all Americans who supported me to join me in not just congratulating him, but offering our next president our good will and earnest effort to find ways to come together to find the necessary compromises to bridge our differences and help restore our prosperity, defend our security in a dangerous world, and leave our children and grandchildren a stronger, better country than we inherited.
Whatever our differences, we are fellow Americans. And please believe me when I say no association has ever meant more to me than that. It's natural, tonight, to feel some disappointment. But tomorrow, we must move beyond it and work together to get our country moving again. We fought - we fought as hard as we could. And though we feel short, the failure is mine, not yours. I don't know what more we could have done to try to win this election. I'll leave that to others to determine. Every candidate makes mistakes, and I'm sure I made my share of them. But I won't spend a moment of the future regretting what might have been.

This campaign was and will remain the great honor of my life, and my heart is filled with nothing but gratitude for the experience and to the American people for giving me a fair hearing before deciding that Senator Obama and my old friend Senator Joe Biden should have the honor of leading us for the next four years.

I would not be an American worthy of the name should I regret a fate that has allowed me the extraordinary privilege of serving this country for a half a century. Today, I was a candidate for the highest office in the country I love so much. And tonight, I remain her servant.

Tonight, more than any night, I hold in my heart nothing but love for this country and for all its citizens, whether they supported me or Senator Obama - I wish Godspeed to the man who was my former opponent and will be my president. And I call on all Americans, as I have often in this campaign, to not despair of our present difficulties, but to believe, always, in the promise and greatness of America, because nothing is inevitable here.

Americans never quit. We never surrender. We never hide from history. We make history. Thank you, and God bless you, and God bless America.

Peace!

Tonight is your answer!



"As Americans, we can take enormous pride in the fact that courage has been inspired by our own struggle for freedom, by the tradition of democratic law secured by our forefathers and enshrined in our Constitution. It is a tradition that says all men are created equal under the law and that no one is above it."


História em tempo real. A América foi capaz. Obama é o fim do autismo imperialista. Obama é princípio de algo novo, na América e no mundo.

Nenhum outro país do dito mundo ocidental teria eleito um Presidente negro, com pouquíssima experiência política. Melhor dito, em nenhum outro país do Ocidente um negro com pouquíssima experiência política teria sequer tentado concorrer à Presidência.

A vitória foi, ainda por cima, categórica, estendeu-se a estados tradicionalmente republicanos, abrangeu quase todos os estratos sociais, étnicos e etários. "Joe, the Plumber" já não manda na América. A América que elegeu Obama é feita de várias minorias que, juntas, ultrapassaram o tradicional voto caucasiano, conservador e pouco informado. Obama conseguiu mais de 90% dos votos da comunidade afro-americana, 68% do voto hispânico, mais de 60% do voto jovem, mais de 50% dos novos votantes e mais de 50% do voto independente. A vitória foi nacional e transversal. Não há volta a dar. Agora não há.

As pessoas estão por todo o lado. Em Times Square, em frente à Casa Branca, em Grant Park, Chicago, nas ruas de Lansing, Michigan. Hoje foi a noite de Lincoln, a noite de Martin Luther King, a noite de Kennedy, a noite de Rosa Parks, a noite de Oprah Winfrey, a noite de Madelyn Payne Dunham, a noite de todos quantos preferiram continuar a acreditar.
A noite de hoje foi a resposta!

Presidente Barack Obama



Barack Obama está apenas a fusos horários de ganhar a Presidência dos Estados Unidos. Apetece-me recordar o momento em que, para mim, a 3 de Janeiro do corrente ano, tudo isto começou: one voice can change a room, a room can change a city, a city can change a State, a State can change a Nation, a Nation can change the World.

HOJE | 05 NOV | 21h30 | CINE SOLMAR



SUÍCIDIO ENCOMENDADO
ARTUR SERRA ARAÚJO

COM: JOÃO FINO, JOSÉ WALLENSTEIN, NEUZA TEIXEIRA, ELOY MONTEIRO, LUIS LUCAS, ANA MELO
CRIME / COMÉDIA | PORTUGAL | 2007 | COR - 90 MINUTOS
M/16

Toda a programação em: http://semanafantastica.blogspot.com/

terça-feira, novembro 4

Vitórias

Uma já está. Espero que a noite, apesar de longa, seja obamamente gloriosa.

O Nosso Homem na América - Get Out The Vote!

Michigan State University Campus

One man / One pin

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O Consulado dos Estados Unidos da América nos Açores, pela mão da Cônsul Manes, - a mesma que apadrinhou a blogo reportagem do "camarada" Bradford à beatificação de Obama -, teve a feliz iniciativa de instalar uma mesa de voto fictícia no Parque Atlântico em Ponta Delgada. Para a câmara da RTP Açores Manes, interrogada sobre o estado da votação, teve o falso pudor de venerar o primado do voto secreto mas, depois, não se conteve no seu fervor e lá disse que até à data, e das pessoas com quem tinha falado, não tinha notícia de um único voto em McCain. É a chamada parcialidade diplomática.

Registei o meu desagrado e, em acto presencial da Senhora Cônsul, preenchi um balot com a cruz em McCain/Palin. Ficou a saber a diplomata que há pelo menos um herege que vota McCain ! Abrenúncio (double !!). À saída da secção de voto Manes ainda teve a amabilidade de me oferecer um "souvenir" e ao que me foi dado escolher estiquei a mão a um pin de McCain/Palin. Receptiva a diplomata Manes retorquiu com ironia e, olhando para a minha mão direita, disse: "you can take five or more that nobody will want them". Trouxe um pin apenas. Por princípio é claro. Pois tal como acredito no sigilo do sufrágio e na imparcialidade dos processos eleitorais também acredito no velho princípio "one man ; one vote", ...no caso "one pin".
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pin America First via mccainblogette.com (Blog de Meghan McCain, filha de John McCain, cuja visita, nem que seja por curiosidade, se recomenda)

Every vote counts



E os primeiros são favoráveis.

O Nosso Homem na América - Véspera



A eleição de amanhã é, para além de tudo o mais, a escolha final entre duas narrativas políticas sobre a personalidade dos candidatos e sobre a ideia que cada um deles tem sobre o futuro da América.
Do lado de Obama, é sobre uma nova forma de encarar e de fazer política, é sobre o sonho de poder começar de novo e sobre o sonho de ultrapassar todo o tipo de barreiras em nome de uma ideia, de um projecto de sociedade, é sobre o risco e sobre ideais, é sobre o mundo.
Do lado de McCain, é sobre experiência, sobre coragem e coerência, é sobre persistência e gratidão, é sobre a América e sobre o indivíduo, é sobre tradição e receio.
Para quem assiste sem poder participar, a América que amanhã vai às urnas está disposta a arriscar e a mudar. É verdadeiramente impressionante e parece imparável o movimento cívico que Obama criou, motivou e tornou operacional. Nunca nenhum outro candidato tinha recolhido tanto dinheiro em donativos individuais, nunca nenhum outro candidato tinha tido assistências tão substanciais em comícios, nunca nenhum outro candidato tinha tido uma legião tão grande de voluntários e uma máquina de campanha tão alargada.
Em contraste, McCain sofre bastante para motivar as bases, ao mesmo tempo que tem muitas dificuldades em convencer o centro. O partido não está com ele (mesmo depois de Sarah Palin), ainda que nos Estados Unidos o partido não seja muito importante enquanto estrutura de campanha. Acha-o demasiado centrista e demasiado mole. Os independentes, mesmo aqueles que têm dúvidas em votar em Obama, percebem-no como uma continuação de Bush Jr (que ele não é), como uma má solução de recurso.
Num cenário eleitoral tão descentralizado e tão variado como é o dos EUA, nada é absolutamente certo até ser oficial, mas não parece haver margem para grandes surpresas.
Numa sondagem hoje publicada pelo USA Today, a maioria dos inquiridos considera que estará melhor daqui a quatro anos se votar Obama, no capítulo financeiro (48%), no que toca a impostos (48%), na Saúde (58%), e mesmo no que diz respeito à Segurança, onde Obama e McCain surgem empatados a 37%.
Eu acredito que Obama ganhará amanhã e que isso fará toda a diferença para os EUA e para o Mundo. Que fique registado.

HOJE | 04 NOV | 21h30 | CINE SOLMAR


Toda a programação em: http://semanafantastica.blogspot.com/

segunda-feira, novembro 3

humor ansiolítico

Em discurso directo.

O Nosso Homem na América - Michigan


Da humidade tropical da Florida para o frio seco do Michigan, de um battleground state, onde tudo está por decidir, para um tradicional swing state mas que desta vez está decidido, em favor de Obama. Antes da partida, a feliz coincidência de nos depararmos com um comício improvisado de Hilary Clinton junto a um restaurante porto-riquenho a norte de Miami.
O circo eleitoral não pára e o ritmo do ciclo noticioso que o acompanha torna absolutamente impossível analisar com selectividade e profundidade o que quer seja relacionado com as eleições de terça-feira. As principais estações noticiosas - CNN, Fox News e MSNBC - funcionam em espiral desde as 6 da madrugada, voltando uma e outra vez aos mesmos assuntos com um novo apresentador e um novo comentador. As sondagens são actualizadas duas vezes por dia. Os canais generalistas adaptam toda a sua programação ao ambiente eleitoral. Cada uma das campanhas emite um novo anúncio televisivo de dois em dias, isto sem falar dos grupos e associações não oficiais que também pagam e fazem emitir anúncios de campanha.
Ao ponto de que se chegou, já ninguém parece estar em condições de arriscar qualquer prognóstico porque simplesmente já ninguém consegue ter o necessário afastamento para emitir um juízo minimamente fundamentado. Obama continua à frente nas sondagens e McCain continua a registar um pequeno aumento diário, mas ninguém pode garantir que aquilo que se percepciona tem alguma relação com a realidade, porque já ninguém está habilitado a definir a realidade eleitoral presente.
Eu, pessoalmente, acho que Obama ganhará o voto popular por pouco, mas que a sua vantagem no voto do colégio eleitoral será muito mais pronunciada. Pelo menos, é o que eu acho que acho porque, para ser preciso, já não faço a mínima ideia.

Os Roosevelt



Não é que alinhe muito nas “teorias dos ciclos”, mas não faltam acólitos desse diapasão a diagnosticar o fim das Reaganomics, inauguradas há 28 anos atrás pelo Presidente Ronald Reagan e inspiradas no princípio de que government is the problem. Agora que o abcesso económico da desregulação financeira rebentou, o espectro da Grande Depressão paira de novo sobre a sociedade americana e, de braço dado com a crise, cresce a urgência de um novo New Deal, de um novo Franklin Roosevelt na Casa Branca. David Clark, antigo conselheiro de Robin Cook, escreve na edição de domingo do The Independent, um artigo intitulado – Obama, the man who would be Roosevelt. No parágrafo final, ao referir-se àquilo que chama de Green New Deal, o autor afirma o seguinte: “Whereas Roosevelt fought the Depression with agricultural support and a vast programme of public works, Obama plans to turn the economy around with a $150 billion programme to develop the technology to achieve energy independence and to open a way to a post-carbon future.”



Curiosamente, John McCain também é aspirante a Roosevelt, mas o herói do candidato Republicano é Theodore Roosevelt, primo em quinto grau de Franklin e seu antecessor na cadeira da Casa Branca logo nos inícios do século XX, entre 1901 e 1909, durante dois mandatos presidenciais que marcariam a América para sempre. Teddy, como era conhecido publicamente, subiu ao vértice da pirâmide na sequência do assassinato de William McKinley a 6 de Setembro de 1901, e não só esteve à altura daquilo que se espera de um Vice-Presidente, assumir as funções executivas de Comandante-em-Chefe de um dia para o outro, como foi o mais jovem Presidente a prestar juramento em Washington até aos dias de hoje, com 42 anos idade. Theodore Roosevelt dilatou o perímetro da doutrina Monroe para latitudes inimagináveis e projectou a imagem do hardpower americano quando, no final do seu segundo mandato, concebeu a viagem de circum-navegação da Great White Fleet (1907-1909) como forma de anunciar ao mundo que os EUA também eram uma potência naval. O avô paterno de John McCain fez essa viagem a bordo do USS Connecticutold habits die hard.

Theodore Roosevelt era Republicano, Franklin Roosevelt era Democrata. Estiveram ambos nos Açores em 1909 e 1918, respectivamente, e estão hoje presentes na consciência de muitos americanos. Quem quer que ganhe as eleições no dia 4 de Novembro terá sempre um destes ex-Presidentes agregado à sua vitória.

HOJE | 03 NOV | 21h30 | CINE SOLMAR



Toda a programação em: http://semanafantastica.blogspot.com/

domingo, novembro 2

lost call

...

...
Estou desconfortavelmente sentado na sala de espera das consultas externas do Hospital. No meu braço esquerdo lateja uma bursite olecraniana que interpreto como sendo um hematoma do cotovelo. De tanto servir de pedestal a ponta lancinante e óssea do cotovelo abriu uma lesão, agora purulenta e cheia de pus, sangue, e demais fluidos que venho extrair na "pequena cirurgia" das consultas externas. Amolecido pelo tédio da espera entretenho-me com o telemóvel em cujo ecrã paira uma fantasmagórica "chamada perdida". Recordo que há avarias do corpo que não se extraem. Recordo que hoje de manhã acordei com a pulsão de te ligar. Afinal já não falávamos há alguns meses! Procurei-te na lista de contactos e de modo reflexo cliquei a ordem de chamada em cima do teu nome. Meu Deus o que eu daria para te ter de volta. Sei agora na frieza do linóleo desta sala asséptica e cruel que já cá não estás. Há avarias do corpo que não se extraem e que nos corroem por dentro até à morte. Hoje és cinzas e eu aqui estou agarrado apenas a uma bolsa de líquido à espera da extracção. Dói. Mas não mata.

sábado, novembro 1

HOJE | 02 NOV | 21h30 | CINE SOLMAR

Desculpe, importa-se de repetir?!

«Saiba Berta Cabral resistir à política e à economia de “casino”; saiba pôr no respectivo lugar os construtores civis e a generalidade dos senhores “de negócios” e saiba recusar a política de gestão de interesses (...)» *
Gestão de influências e pelos vistos de serviços. Merecíamos jornalistas melhores!

* Estevão G. Câmara na edição de hoje do AO

O Nosso Homem na América - Novas Impressões

Lembrei-me de Vinícius e Bethânia em Miami. "Eu morro ontem. Nasço amanhã. Ando onde há espaço. Meu tempo é quando"! A banda sonora perfeita para o vento quente de Sul, ainda que seja Halloween.
Dizem-me que a América começa em Orlando e que Miami é a cidade mais americana de Cuba. É isso mesmo que parece. Madonna era vizinha de Julio Iglésias em Hibiscus Island, mas já vendeu a casa. E Versace foi morto mesmo ao lado. Em South Beach, um bocadinho mais abaixo, não faltam lojas mas ninguém parece estar minimamente preocupado com a praia propriamente dita.
Lembro-me agora do já célebre "You're all Joe's" de McCain, a tentar reparar a gaffe de ter chamado por Joe The Plumber num comício onde ele não estava presente. Em Miami, a simbólica figura do trabalhador não qualificado, 0 canalizador que tenta pagar as suas contas e a quem Obama pretensamente pretenderia prejudicar, não faz o mínimo sentido.
Há, porém, um restaurante português chamado "O Marinheiro" e que faz Bacalhau à Braz, em ambiente chillout, junto ao mar. O gerente é brasileiro e o capital é espanhol. Há muito poucos portugueses em Miami mas há também um edifício chamado "Espírito Santo Building".
De repente, vem-me à memória "Recount", excelente telefilme da HBO, com Kevin Spacey e Denis Leary, perfeita reconstituição do período pós-eleições em 2000, quando o Supremo Tribunal Federal ofereceu a primeira vitória a Bush Jr. Nunca teria havido um Obama se Al Gore tivesse ganho. Não teria sido necessário. Mas agora é.
Percebe-se, em Washington como em Miami, que a América precisa de voltar a acreditar que é possível subverter tudo se isso for o melhor, que ainda é possível acreditar que as palavras têm força e que a vontade conta. Um país fundado na ideia de buscar a felicidade não pode ter medo de votar na esperança!

O Nosso Homem na América - Early Voting


The mean machines


The waiting


This can't be good, right?


What's Aunt Sam doin' here?