quarta-feira, dezembro 10

Porquê rir, se o que temos é a vontade de chorar?

Muito das nossas vidas nos parece despropositado a determinada altura.
Muitas das coisas que um dia fizeram sentido, num repente, não passam dum amontoado indiferente de conjecturas vãs.
Muitas vezes questionamos os outros, as suas motivações e as suas atitudes, sem nunca nos questionarmos sobre a verdadeira razão pela qual o fazemos.
Obrigamos as pessoas a inflectirem nas suas tomadas de posição, a troco da defesa de um bem maior, do qual não conhecemos a verdadeira dimensão mas, nos parece bem enaltecer.
Empenhamos velhas amizades, as quais jamais pensamos aniquilar, e juntamos trapos com aliados, de sempre altamente improváveis.
Não poucas vezes, traçamos um rumo para as nossas vidas e, muitas mais, damos por nós completamente arredados daqueles trilhos e à procura de outras âncoras que nos segurem à vida e, assim, se vai (des)construindo a nossa existência.
Todas estas coisas mereciam eventualmente o castigo do Divino – ao qual, cada vez, fica mais difícil ascender –, se não fossem elas próprias o motor de tanto arrependimento e contrição (desculpem o ligeiro pleonasmo), potenciando por isso mesmo o regresso ao princípio que, apesar de nos parecer, quase nunca é igual mas, inevitavelmente, nos faz rir, encher de (re)confiança e voltar a caminhar.
Todas estas considerações que, à partida, podem parecer extemporâneas estarão, eventualmente, legitimadas pela expressão: “… Não ganhamos eleições sem o PSD. Mas não ganhamos eleições só com o PSD…”.
Todos nós julgamos saber o que se pretende difundir com esta afirmação. Contudo, do ponto de vista doutrinal e filosófico, ela encerra fragilidades múltiplas e deixa antever a eventual necessidade de se procurar consensos tanto à direita como à esquerda, o que, necessariamente e em abono da verdade, ao vir a acontecer, deveria acarretar a construção de um novo paradigma político, neste santuário no meio do Oceano Atlântico.
Será esta a comprovação de que o actual sistema político está ferido de morte? E perigosamente esvaziado, das respectivas ideologias que consolidam as diferentes alas?
Julgo que certa será a cisão entre as várias correntes internas e que a “décalage” entre um PSD reformado e um PSD reformista será cada vez maior, o que por si só não apresenta qualquer garantia.
Aguardemos, pois, com a serenidade necessária e com a esperança que tal empreitada não comprometa o modelo político e socio-económico preconizado pelo PSD.

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