quarta-feira, janeiro 28

JL

Pode parecer um exagero e até a mim me atrapalha e perturba a ideia mais ou menos intelectualóide, geek mesmo, a imagem mais ou menos snob que o que vou dizer pode transmitir de mim, mas a verdade é que o Jornal de Letras faz parte do meu imaginário de infância e adolescência. Sim, confesso que era um desses timidíssimos miúdos que andava pelos recreios do liceu com o JL debaixo do braço, sentado num canto do bar, nos intervalos, lendo romanticamente as últimas do mundo editorial, as crónicas do Guilherme Oliveira Martins e do Viriato Soromenho Marques, os editoriais do grande Rodrigues da Silva, os textos do Assis Pacheco, as fabulosas ilustrações do Abel Manta ou os ensaios do José Gil e do Eduardo Lourenço… o que vale é que o facto de ser bodyboarder mantinha o meu capital de reconhecimento com as raparigas. Ainda hoje guardo, espero eu, num conjunto de arquivadores na casa da minha mãe em Lisboa uma colecção considerável de Jornais de Letras dos finais de 80, inicio de 90, e o Se7e também, e os primeiros Leituras, enfim é melhor parar… Vem isto a despropósito de hoje o JL lançar o seu milésimo número. Num país onde o José Rodrigues dos Santos vende mais que o Gonçalo M. Tavares a sobrevivência do JL é um sinal de esperança. Parabéns JL, obrigado José Carlos de Vasconcelos.

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