quarta-feira, outubro 7

“Filhos e enteados”



Para o Partido Socialista a autonomia do poder local só será "cooperativa" com os autarcas eleitos pelo PS! Os restantes, especialmente os do PSD, foram já rotulados como "braços armados" (sic!) de Berta Cabral esquecendo o Partido Socialista, e o Governo Regional que tanta campanha tem feito nestes dias, que a cooperação deve ser sempre institucional respeitando aqueles que o Povo elegeu. Curiosamente, o Partido que se vangloria da ética republicana apregoa as suas virtudes mas, na prática, na primeira oportunidade, mete-as na gaveta. Por exemplo : nesta campanha tem feito uso recorrente da ideia de que os autarcas do PS terão um diálogo privilegiado com o Governo Regional, pelo que, consequentemente, os demais serão "discriminados negativamente". Uma ideia seguramente fora do catálogo das boas práticas da ética republicana. Seja como for essa união de facto que se quer abençoada pelo PS é incapaz de justificar o marasmo em que se atolaram muitos dos municípios governados pelos socialistas. No democrático equilíbrio dos poderes institucionais, legitimados pelo voto popular, deve vigorar, sem excepção, a mais rigorosa neutralidade e imparcialidade. A hegemonia que o PS quer impor deriva para uma forma de governo da causa pública mansamente aquietada, sem oposição, dissenção ou contraditório. O slogan "juntos nas ideias…unidos nas acções" que o Partido Socialista usou numa luxuosa revista de uma Junta de Freguesia do PS é o sinal dessa lógica. Assim, tudo vale e o poder local fica reduzido a ser uma mera extensão do Palácio de Santana. Sem projectos próprios limitar-se-á a replicar projectos para execução futura quando e como bem entender o governo regional. Esse modelo do poder local como serventuário de outros poderes, que não aquele que deriva do voto popular, está longe de ser democrático. O PSD tem uma outra perspectiva do poder local com merecida confiança das populações. Com todos vamos continuar a trabalhar depois dos resultados de 11 de Outubro porque para, o PSD/Açores, no poder local não há "dois pesos e duas medidas" conforme a conveniência da estação. Dito forma mais prosaica, e porque nos repugna o nepotismo descarado e o proselitismo militante, para nós não há a lógica de que uns são filhos e outros enteados.

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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