quinta-feira, outubro 1

o Sr. Silva

Não há duas sem três, profetiza o adágio popular. No passado Cavaco Silva arruinou a campanha de Fernando Nogueira, atacou a de Santana Lopes e, agora em 2009, matou a de Manuela Ferreira Leite. O Presidente da República, também conhecido por Sr. Silva em alguns territórios insulares adjacentes, tem gerido com inépcia e hostilidade a sua agenda pública. Mas o Professor Cavaco Silva, também conhecido por ter sido o melhor primeiro-ministro de Portugal em alguns territórios continentais e centralistas, tem sido mais do que um pai tirano para o PSD. Na verdade, tem actuado sibilina ou explicitamente como um padrasto e um carrasco do PSD. Se as elites dirigentes do Partido ainda não interiorizaram essa realidade, as bases do partido há muito que se sentem traídas por Cavaco Silva. Desde a doutrina da "má moeda" em que vilipendiou, de modo soez e cobarde, Santana Lopes, que estava já fragilizado q.b. pela oposição e por uma comunicação social hostil, até ao timing assassino para o PSD com a "demissão" do seu ajudante de campo para os media, Cavaco Silva tem abortado qualquer esperança do PSD. Se na sua actual função não se lhe exige que favoreça o partido que lhe deu tantas e retumbantes victórias, também não é menos certo que deverá exigir-se que, pelo menos, não prejudique injustificadamente o PSD. Mas, Cavaco Silva, como muitos políticos que ascendem ao topo da sua carreira, vive no seu "castelo de marfim" e despreza com ingratidão aqueles que no passado tomaram o seu partido. É um síndroma de autismo recorrente e um tique autocrático de quem julga estar na política apenas com a sua agenda pessoal. Oportunamente as bases do PSD terão ocasião de agradecer a Cavaco Silva, de uma só vez, todos os presentes envenenados com que este tem presenteado a sua base eleitoral. Por este caminho estamos certos que arrisca mesmo a possibilidade de concorrer sozinho a Belém sem qualquer apoio no espectro eleitoral do PSD. Ontem, mais uma vez, o Presidente da República, pôs o País à escuta para mais uma declaração encriptada e atabalhoada. Não desmentiu as relações nebulosas entre a sua casa civil e a comunicação social e engendrou uma conspiração informática que passa pela vulnerabilidade das comunicações electrónicas de Belém. Só faltou mesmo sugerir que os controversos e-mails foram forjados, até porque deixou clara a permeabilidade da conta de correio electrónico da Presidência da República ! Depois do caricato episódio da declaração ao País sobre umas alíneas obscuras do Estatuto Político Administrativo dos Açores, o Presidente da República regressa para nova temporada de non-sense com uma declaração extemporânea sobre assessores e hackers num teaser para uma novela que terá ainda muito para dar. Quem não está mais para dar o seu voto de confiança a Cavaco Silva são as bases do PSD. Para muitos o Sr. Silva é "má moeda" a expulsar do mercado !
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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