terça-feira, janeiro 19

Não existem varinhas mágicas




Pico do Ferro - Furnas, Jan'09

Nunca como agora se investiu tanto na preservação e na valorização ambiental nos Açores. Simultaneamente, nunca como agora a pressão em torno de áreas sensíveis foi tão evidente. Se no passado a sensibilização para o espaço que nos rodeia passava relativamente despercebido, ignorado ou mesmo menosprezado, nunca a atenção em prol da defesa da causa ambiental esteve, como agora, na ordem do dia.

Mesmo e apesar de algumas melhorias, quer no espaço físico, quer nas mentalidades - fruto das inúmeras campanhas institucionais em torno da sensibilização para a necessidade de Reduzir, Reutilizar e Reciclar, sob responsabilidade governamental e de várias entidades privadas, nomeadamente, de associações ambientais, de Ecotecas e das Escolas - assistimos, ininterruptamente, a quem transgrida (in)conscientemente o espaço físico que nos circunda.

Vem isto a propósito da visita que o grupo parlamentar do Partido Socialista efectuou, na semana passada, às obras na Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas, na margem da lagoa e nos terrenos, junto ao Pico do Ferro, onde decorre a acção mais significativa de toda esta vasta intervenção – a reflorestação não integral de 300 hectares com cerca de 18000 plantas, de 15 espécies, 9 das quais endémicas. A área de intervencionada é muito significativa, do ponto de vista do território, constituindo, para o Secretário Regional do Ambiente, "(...) a intervenção mais profunda em termos de alteração do uso do solo que já se fez no arquipélago (...)". O investimento global, no final deste processo de médio/longo prazo, é de cerca de 20 milhões de euros.

Neste momento combate-se os malefícios de décadas de sobreexploração agrícola junto à Lagoa das Furnas, desbrava-se terreno nunca dantes explorado, no que respeita a experiências no campo florestal, e estudam-se "alternativas à monocultura da vaca nos Açores, bem como à monocultura florestal da criptoméria", por intermédio do Laboratório de Paisagem gerido pela SPRAçores nos terrenos recentemente adquiridos.

A situação exige rigor e trabalho árduo, não vamos lá com "varinhas mágicas", nem com "milagres", como aferiu, na altura, o responsável pelo Ambiente. O processo de recuperação da Lagoa irá processar-se num tempo próprio e com este conjunto de acções integradas é pretendido "não só mitigar os efeitos de processos poluentes, como reverter a tendência de degradação da qualidade da água". Um trabalho em curso que espero, e esperamos todos, colha bons frutos.

* Publicado na edição de 12/01/10 do AO
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