quarta-feira, junho 2

Diário de Bordo. Dia 4.


Continuam as leituras, continuam as passagens do texto, continua o entusiasmo. Aliás, dispara o entusiasmo. Penso que o fogo cresceu no domingo à noite, altura em que fomos até ao atelier onde trabalha o João Prazeres, o homem do cenário, com o objectivo de fazer uma pequena gravação vídeo de um ensaio para enviar para a Fundação Brel (por causa de uma última cedência de direitos de imagem). Houve quem se tivesse emocionado durante a performance do Dinarte. Não vou dizer quem, para não desprestigiar ninguém: não queremos que fiquem a pensar que temos sentimentos e assim. Isso seria desagradável no mundo de hoje.

O texto. Sempre o texto. O território de onde parte o resto - ou que serve de bússula para tudo o resto. Já sofreu muitas alterações desde o início - teve vários tons. Agora encontra importantes âncoras no lirismo breliano - uma poética feita ora de ternura ora de sarcasmo. Já havia uma tradução em português de algumas letras do belga (pela Assírio e Aslvim). Mas em Setembro do ano passado, quando fazia a investigação para o projecto, encontrei um blogue, o Canto do Brel, da autoria de Sérgio Paixão - ou Sérgio Luís, como muitas vezes assina -, que tem traduções muitas vivas e orgânicas (e criativas) das palavras que Brel desenhou em francês. São traduções de um apaixonado de Jacky - e por isso transmitem tão bem as erupções vulcânicas permanentes do coração do bicho. Nunca serão demais os agradecimentos que poderei (que poderemos) fazer ao Sérgio, homem autêntico e generosíssimo que conhecemos em Abril, na ilha do Faial, onde vive há vários anos (é de Belém, aqui em Lisboa, de onde também era o meu avô Raúl, e, tal como este, tornou-se um açoriano convicto e militante). Ele faz parte, e com destaque superior, do nosso team Brel, formado para homenagear uma figura que cada vez mais nos inspira e nos eleva.

A folha de agradecimentos (que está a ser finalizada) é grande. O Sérgio Paixão está no topo, em claríssima posição de destaque. Por tudo. Por me ter tirado tantas dúvidas, por nos ter sugerido material, por nos ter passado várias pérolas (uma delas é um programa da BBC sobre o Brel, feito pelo Marc Almond). Mas há mais gente a quem fazer uma vénia. Pessoas que, por uma ou outra razão, fomos encontrando no mapa que se foi desenhando neste périplo de descoberta. Falarei delas nas próximas entradas deste diário de bordo.

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