quinta-feira, julho 22

"HALF A PERSON"

A efervescência cromática dos dias dos outros contrasta com o padrão cinza dos meus.
Por estes dias a minha “Joie de Vivre" resume-se a muito pouco. Tornando-me num ser imensamente injusto, por provocar tamanho desequilíbrio entre as forças.
Queria, hoje, ver-me livre de tantas coisas. Umas boas, outras mesquinhas. Umas que me enchem a alma de alegria, contribuindo desmesuradamente para este sentimento de egoísmo, outras ainda que me consomem as entranhas.
Zarpar, parir e voltar a zarpar, há quem esteja para isso talhado. Quem me dera a mim cortar as amarras, cair em mim, e curtir a razão.
Acabar com aquilo que nos caracteriza mas, sem fazer nenhuma estupidez. Sem fazer nenhuma estupidez, será possível acabar com o que nos caracteriza, sem acabarmos connosco?
Atirarmo-nos para o chão a chorar e partir o caco a rir para, depois, voltarmos ao sorumbático abismo das nossas vidas pacatas.
Mas, onde está a fibra? Que têmpora é a nossa? Que gentes queremos iludir, sem que sejamos os primeiros a cair na esparrela?
Que caminho percorrer para arrastar os insolentes? Que forças usar para convencer os incrédulos? Que tomates escolher para a salada?
Torpedeado, vezes sem conta, por um conjunto de iluminados plagiadores, apetecia-me que a implosão fosse para fora, para que todos os vis saboreassem o valor da sua vitória.
Descomunal é a força necessária para que nada do que possamos dizer ou fazer seja transcendente e ofusque os nossos companheiros de viagem.
Borda fora é o destino dos que ousam ser diferentes, assentando a sua dinâmica no atrevimento e na inquietação. E o desassossego, periclitante, corrói as pontes que insistem em levar-nos a lugar nenhum.
Viver assustado, temendo o princípio da incompetência, raras vezes nos leva à viagem e, viajar é preciso! Sair dos lugares-comuns, mergulhar em águas turvas, às vezes, profundas e com um chapéu-de-chuva aberto, por causa de tanta água.

Sem comentários: