segunda-feira, janeiro 31

Passe Social, socialmente justo

Imagem Infomail
O grupo parlamentar do Partido Socialista aprovou, em Junho de 2009, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, um Projecto Resolução para a implementação de um 'Passe Social', de abrangência regional, para os utentes do sistema de transporte colectivo de passageiros.

O cumprimento desta iniciativa do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, acontece no tempo certo e numa época de crise generalizada, em que importa atenuar os efeitos decorrentes da falta de liquidez com que somos confrontados diariamente, sobretudo pelo aumento do custo dos bens essenciais. Daí que, a entrada em vigor do novo sistema de tarifários no transporte terrestre de passageiros na ilha de São Miguel, a partir do próximo mês de Fevereiro, afigura-se ainda mais importante, pois permitirá aumentar o rendimento disponível das famílias e dos agregados familiares mais carenciados e que são, por regra, aqueles que mais utilizam a rede de transportes públicos.

O novo modelo que está projectado e que foi apresentado pelo Governo dos Açores, no passado dia 7 de Janeiro, na Central de Camionagem da Ribeira Grande, representa uma 'revolução' na abordagem ao transporte colectivo de passageiros no arquipélago, permite reduções substanciais nos custos (fixos) familiares com transportes e é uma primeira medida, inserido num conjunto de outras iniciativas, que ambiciona o incentivo e a promoção da utilização dos transportes públicos em detrimento do transporte privado.

Aliás, e como referido pelo Presidente do Governo dos Açores, esta é "uma reforma de enorme alcance social" por via da introdução de novos conceitos no sistema de tarifas, reflectidos nos descontos substanciais em todos os percursos e na possibilidade de, a partir de agora, ser possível efectuar viagens ilimitadas. A título de exemplo, um utente que resida no Nordeste e que adquira um dos novos passes '30 dias', para um percurso até Ponta Delgada, terá uma poupança de quase € 1000 por ano, enquanto os utilizadores dos transportes entre Ponta Delgada e a Vila Franca pouparão cerca de € 600.

É este o alcance a que a iniciativa do Grupo Parlamentar do Partido Socialista se propunha.

O esforço previsto para o incremento desta medida rondará o meio milhão de euros e, como foi dito, e bem, por Carlos César, "o importante é pensar" e por intermédio de "volumes financeiros que não são desproporcionados" é possível "introduzir benefícios junto das famílias e junto das pessoas", sendo que estes "são muito significativos para as suas economias particulares".

O arranque deste novo modelo será efectuado em São Miguel, por ser o modelo mais complexo e que origina um maior fluxo de passageiros - cerca de 70% do total regional - para depois ser alargado ao todo regional.

O Governo dos Açores fez depender a aplicação desta medida da conclusão de um estudo de mobilidade. Esse estudo não visou apenas a introdução do 'Passe Social' mas, sim, efectuar uma ampla reflexão em torno de um modelo mais eficaz para o transporte terrestre de passageiros, para São Miguel e para as restantes ilhas do arquipélago.

Com a entrada em vigor do 'Passe Social' o processo não termina. Assistimos, isto sim, ao início de um processo, que, como já disse e agora enfatizo, irá revolucionar a forma como olhamos os transportes públicos e a forma como lidamos com eles. E num futuro, que se deseja próximo, poderemos circular de forma mais rápida, mais económica, mais ecológica e com maior conforto, fruto da concessão de incentivos financeiros ao abrigo do Sistema de Incentivos à Redução do Impacto Ambiental e Renovação das Frotas no Transporte Colectivo Regular de Passageiros (SIRIART).

Com a recente subida do preço do petróleo nos mercados internacionais, torna-se imperioso, agora, mais do que nunca, adequar o serviço público de transportes colectivos à relevância social que ele exerce no contexto regional e, em concreto, no incremento da competitividade económica regional e na melhoria da qualidade de vida das populações.

Tal como tem sido sempre referido pelo Partido Socialista, a entrada em vigor desta iniciativa reveste-se de uma profunda justiça social, sobretudo, pelo contributo efectivo que introduz em termos de coesão social e territorial.

E, nesta medida, o sentimento do grupo parlamentar do Partido Socialista é de grande satisfação pelo desfecho agora alcançado, ao contrário do PSD/A, que se absteve em plenário, por divergências relativas ao nome atribuído ao 'Passe', e não partilhará, presumo, desta conquista e deste contributo em prol de uma contínua melhoria do quotidiano dos Açorianos.

* Publicado na edição de 26 Jan'11 do Açoriano Oriental
** @ Reporter X

domingo, janeiro 30

Hereafter



Para João Lopes o 'desafio imenso', deste filme, passa por «(...) usar o cinema, lendário instrumento do visível, para lidar com o invisível. Como mostrar o que não se vê? Começando por recusar o gratuito dos talk shows que vendem "transcendência" como pastilha elástica. A questão central será, então: como é que um ser humano se relaciona com outro ser humano? (...)».

Esta é a proposta cinematográfica mais transcendente, até à próxima 5ª feira, em Ponta Delgada.

sexta-feira, janeiro 28

Negócio ou educação?


Pousadas de Juventude promovem Açores
As Pousadas de Juventude dos Açores estão a divulgar uma campanha de promoção do turismo jovem nos Açores

Parece-me bem!
Cativa-se os jovens a viajar pelos Açores (?).
Mostra-se o que se tem feito pela juventude e seus tempos livres (?).
Faz-se rodar o dinheiro pelas ilhas, equilibram-se as economias locais (?).
E, pelo caminho, educa-se a malta para a hospitalidade.
Oxalá não nos esqueçamos todos que é igualmente importante a entrada de divisas no país.

A partir de hoje

O calendário do Ciclo de Conferências - "Açores: 100 Anos de República" pode ser consultado no CCA.

quinta-feira, janeiro 27

...Eu hoje deitei-me assim.

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E se tivesses apenas um dia para pores a tua vida em ordem ?

Uma pergunta retórica para rever no sublime "25th Hour" de Spike Lee com a presença desse "De Niro" da Geração X que é Edward Norton.
Em repeat no canal Hollywood.

Praias de Água D'Alto, o novo mistério da atlanticidade

Num exercício de cidadania (manifestação racional em vias de extinção), alguém – um amigo – ergue a sua voz em defesa do bem comum, iniciativa à qual não pude deixar de reagir, partilhando aqui as suas dúvidas, na esperança de que mais consciências se despertem, até porque, já agora, também eu gostaria de saber o que se passa com tão misterioso processo.

Miguel Cravinho dixit

"UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ!


Caros amigos, não sei se têm acompanhado as OBRAS NA ESTRADA VFC-PDL, troço das Praias de Água d’Álto. Eu confesso que estou indignado e estupefacto com tamanha enormidade! Cada vez me convenço mais que somos demasiado complacentes com a negligência, o abuso e a falta de respeito para com os cidadãos. Ou então nos demitimos da nossa cidadania, o que é ainda mais grave, pois a Democracia apenas funciona com a participação activa e plena (de todos!). Mas isto são contas de outro rosário…
Então vejamos:
Primeiro, é criminoso abrir-se 2 frentes de trabalho ao mesmo tempo. É uma autêntica loucura condicionar toda a circulação na única via de ligação. Durante mais de 1 ano a Vila Franca do Campo ficou sitiada, com gravíssimos prejuízos individuais para os que trabalham em PDL (ou VFC) e para a economia local, em particular os agentes turísticos - EU QUE O DIGA! Facto é que ninguém disse absolutamente nada.
Segundo, porque é que não foi feita a discussão pública deste projecto, quando havia todas as justificações para tal. Trata-se de uma área sensível inserida no Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Gasta-se milhões euros para alterar profundamente uma paisagem única, de elevado potencial para o lazer e o turismo - não esquecer que há lá um hotel de 4 estrelas - ao mesmo tempo que se está a construir uma Via-Rápida onde supostamente passará todo o trânsito regular. Será que esta era a melhor solução para a Vila e para a Ilha? Quem avaliou o custo-benefício? Onde estão os pareceres técnicos?
Terceiro, o projecto que se está a decorrer é um autêntico mistério. Ninguém conhece os pormenores. Ninguém sabe qual vai ser o resultado final!
Após gastarem-se milhões de euros do erário público da região será que iremos continuar a ter a nossa Prainha? Será ainda possível tomar banho refrescante na água doce na sua cascatazinha?
Será que no próximo Verão, os senhores e senhoras banhistas Ponta-delgadenses, ao estenderem as suas coloridas toalhas nas areias da Praia de Água d' Álto, irão constatar que depois de gasto tanto dinheiro, de se ter descaracterizado tanto a Natureza, afinal não terá um bar de apoio e uns balneários decentes, de acordo com os regulamentos, numa praia de Bandeira Azul? Acho que nessa altura, toda a gente irá gritar, mas já será tarde, pois os "senhores espanhóis" já terão ido embora.
Neste caso, podemos compreender a necessidade de decidir com rapidez e convicção, quando estão em causa questões de segurança e protecção civil. Mas não há NADA que substitua o DEVER de respeito aos cidadãos, pois é o dinheiro dos seus impostos que está em causa. Mais ainda quando está em causa a alteração de valores paisagísticos e ecológicos, pois estes não são propriedade desta geração, mas sim desta e das outras que virão a seguir. Será muito tristes os nossos filhos e netos olharem para os erros que fizemos e pensarem: que falta de sensibilidade e visão tiveram os nossos Pais!
Esta obra realiza-se em regime de concepção/construção, isto é a mesma entidade faz projecto e a sua concretização. É o mesmo consórcio que está a construir as SCUTS. Especulamos que esta empresa, com a sua enorme capacidade técnica e de maquinaria pesada, capaz de arrasar montanhas e construir complexas estruturas de betão, seja afinal INCAPAZ de intervir numa zona tão sensível como as Praias de Água' Álto, onde seria obrigatório "usar pinças" deixando a Natureza tão intacta quanto possível.
Mas o que mais estranhamos é o SILÊNCIO...
O silêncio da Secretaria Regional do Ambiente, responsável pelo licenciamento da obra! O silêncio das associações amigas da natureza! O silêncio da nossa comunicação social! O silêncio das autarquias! Enfim, o silêncio dos cidadãos… Cumplicidade?
Vila Franca do Campo, 26 de Janeiro de 2011."

Hoje

Hoje, pelas 20h30, a livraria elege os melhores livros de 2010 através das leituras de_

. Álvaro Borralho
. Jorge Santos
. Luis Rego
. Herberto Quaresma
. Silvia Martins
. Filipe Machado
. Rui Cabral

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You are not your job.
You’re not how much money you have in the bank.
You’re not the car you drive.
You’re not the contents of your wallet.
You’re not your fucking khakis.
You’re the all-singing, all-dancing crap of the world.

Fight Club (1999)

quarta-feira, janeiro 26

Fado de Outono

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" Na praça da cidade montam um carrossel e cruzo-me com os miúdos pequenos nalguma visita de estudo, as professoras atentas como sentinelas de uma manada de crias, dois a dois e de mãos dadas, a idade de quem acabou de perder os dentes da frente, uma daquelas tardes sem cor no céu e com o vapor de transpiração infantil nas janelas embaciadas da sala de aula, exactamente como quando na segunda classe a Sónia de olhos azuis e franja de escandinava estragou uma das minhas canetas de feltro molin – logo a vermelha, num estojo de 12.

Quando fosse grande como o meu irmão, dizia a minha mãe, receberia um estojo de 48 canetas que parecia um órgão com teclas a tripar LSD.

Sónia, se te dei um pontapé na canela foi porque gostava demasiado de ti – quando fazias um desenho a ponta da tua língua equilibrava-te, apertando-se entre os lábios cor de melancia sem sementes. Sónia, se fui mandado para a rua e te deixei a chorar, foi porque desde o primeiro período da Infantil que queria encostar a minha boca nas tuas bochechas cor-de-rosa, tão quentes e pegajosas como a sala de aula naquela tarde, e tu nunca sequer suspeitaste.

Sónia, agora que passou tanto tempo, agora que os outros miúdos estão no recreio e nós de castigo, presos na idade adulta, não chores mais porque o rimmel que usas não é à prova de prantos. Sónia, não podia ser mais importante: deixa que a minha boca sinta a tua pele de fim de tarde e prometo-te que um dia vou ter um estojo com 48 canetas de feltro.

A vermelha é para ti."


Hugo Gonçalves para ler aqui

terça-feira, janeiro 25

O transplante

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Estar sobre a falésia à beira do abismo não é, infelizmente, uma alegoria sobre o estado de Portugal, mas uma realidade concreta que não se compadece de lirismos e utopias.

Actualmente o país integra o eixo dos estados da união que ameaçam a estabilidade da zona-euro por força de governos corruptos, e de regimes incapazes de sanearem a inépcia política, que resultou neste caminho até ao prometido cadafalso. Portugal, Grécia e Irlanda são três economias periféricas da zona-euro que em comum têm a voracidade de um despesismo galopante conjugado com um deficit incompatível com a sustentabilidade do Estado.

Este cocktail de vícios crónicos é a receita certa para o desastre e para a insolvência a médio prazo.

Numa reacção desesperada, para escapar à ameaça de bancarrota, os responsáveis por tal gestão danosa da Nação não têm qualquer pudor em hipotecar ainda mais a Pátria. Por exemplo, em Portugal, os mesmos mitómanos compulsivos que juraram que os sucessivos Planos de Estabilidade e Crescimento eram suficientes, agora dizem-nos que fizemos o negócio da China com a venda de parte da nossa dívida soberana.

Ora o que se fez foi apenas comprar tempo e atirar para as costas de quem vier a seguir o ónus de pagar a factura, o que, como sabemos, é já uma praxis socialista. Em bom rigor o que o governo português fez foi financiar-se através da nossa dívida pagando esse financiamento com obrigações do Estado com juro a 6,7 %, para as que se vencem em Junho de 2020, e de 5,4 % para as que se vencem a Outubro de 2014.

A leilão foram 1,25 mil milhões de euros de dívida soberana sendo que, com tais valores astronómicos, é difícil imaginar quanto nos custará o juro dessa operação de engenharia financeira. Foi seguramente um bom negócio para a China e outros investidores, mas a longo prazo, representará mais um fardo para Portugal.

Dada a bulimia dos mercados já se prevê que esta medida é apenas uma migalha incapaz de saciar a vertigem despesista de quem vive acima das suas possibilidades. Portugal como outros filhos perdulários da união, e relapso como os seus irmãos a assumir as suas responsabilidades, até gostaria de ver criada a "euro-obrigação" como remédio europeu para ajudar os países endividados a sair da crise a expensas dos outros. A europeização da dívida soberana dos Estados membros, convertendo assim a dívida nacional de países como Portugal em dívida europeia, seria o almejado choque de uma união fiscal num concertado esforço para salvar a zona-euro. Infelizmente para Sócrates, e demais coveiros da delapidação do tesouro, a Alemanha tem resistido a esta ideia.

A reestruturação da dívida pública Portuguesa não passa pela procrastinação dos nossos males e por isso implica uma reestruturação da nossa economia que, após a adesão ao euro, tem vindo a perder competitividade. Analistas internacionais, com base nos valores do nosso PIB, concluíram aquilo que o cidadão português sente na carteira : esta última década foi uma década perdida para a economia do país.

Com este cenário, e com a crise do estado da união, em parte vergonhosamente imputável a países como Portugal, há que operar uma mudança de ciclo. Portugal carece urgentemente de um transplante antes que seja irremediavelmente tarde demais.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de 24 de Jan. do Açoriano Oriental.

sábado, janeiro 22

Esta noite


Helena Oliveira apresenta esta noite, no Teatro Micaelense, o seu segundo trabalho - EssênciasAcores, que aborda a canção tradicional açoriana, procurando reviver a essência, os aromas, o espírito e a alma do povo açoriano.

quinta-feira, janeiro 20

Agente Provocador



O músico Paulo Melo é o convidado desta 5ª feira do Agente Provocador.

A actualidade musical e 'mundana' para ouvir em directo na Antena3 - Açores a partir das 22h00, nas seguintes frequências:

S. Miguel 87,7 MHz
Terceira 103,0 MHz / 103,9 MHz
Faial 102,7 MHz

Votar

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Há um certo niilismo instalado em Portugal. Paira no ar uma descrença generalizada fruto de uma degenerescência geriátrica da república. Essa praga espalha-se com a velocidade de uma pandemia e propaga-se à esquerda e à direita do espectro social e ideológico. Essa falta de chama sentiu-se nas comemorações do centenário do regime e o mesmo fantasma do descrédito regressa agora nas vésperas das presidenciais.

Sem renunciar ao dever cívico de votar há quem afirme que lá vai à urna apenas para cumprir a liturgia da Democracia. À esquerda os desiludidos com Alegre afiançam ir votar em branco. Também à direita uma certa orfandade política, incapaz de ver em Cavaco o sebastianismo de outros tempos, garante de igual modo ir votar em branco. Depois temos os cabotinos e os anarquistas empedernidos, que sendo pessoas de índole pessoal e profissional imaculada, publicamente prometem votar em Coelho como se tal acto fosse o equivalente civilizado ao cocktail molotov e à arruaça.

Sem desprezar o exercício de tal direito, e descendo do pedestal da fantasia à realidade, o certo é que tal movimento em corrente de votos em branco é manifestamente inútil. Mesmo nas perspectivas mais românticas de uma elevada percentagem de votos em branco a sua utilidade cívica seria juridicamente irrelevante. Nos termos do artigo 10º da Lei Eleitoral do Presidente da República "será eleito o candidato que obtiver mais de metade dos votos validamente expressos, (vírgula acentuo eu) não se considerando como tal os votos em branco". Ou seja, os votos em branco, relevam apenas para a estatística da acta do apuramento geral. Só dos votos validamente expressos faz-se a "contabilidade" para a 2ª volta pois, nos termos do n. 2 do mesmo artigo 10º, "se nenhum dos candidatos obtiver esse número de votos, proceder-se-á a segundo sufrágio ao qual concorrerão apenas os dois candidatos mais votados".

Os dados estão pois lançados e resta ao cidadão que ainda não se demitiu dessa qualidade o dever de ir votar consciente das suas responsabilidades. Não podemos omitir o peso que recai sobre o Presidente da República quando este governo chegou ao ponto de vender dívida soberana para pagar o défice que criou. A Pátria está a ser hipotecada e numa Nação que tem o fetiche das infra-estruturas megalómanas não tarda e a União Europeia tratará de castigar aqueles que, como Portugal, são incapazes de se governarem sem ajuda externa.

Não tenhamos ilusões, cada vez mais, está em causa a nossa credibilidade externa e as nossas responsabilidades na zona €uro. Votar em branco, ou ficar em casa no dia 23, é demitirmo-nos das responsabilidades que temos e também daquelas que queremos exigir da Presidência da República.



João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiário.com

segunda-feira, janeiro 17

O Homem da Câmara de Filmar



A exibição é hoje, pelas 21h30, no Ciclo - História do Cinema.

O voto necessário!

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Cavaco Silva foi indubitavelmente o melhor primeiro-ministro de Portugal depois do 25de Abril. Contudo, o melhor primeiro-ministro da democracia Portuguesa não será necessariamente o melhor Presidente de todos os Portugueses. Mas estes também sabem que Cavaco Silva exerceu o seu mandato em co-habitação institucional com aquele que foi o pior primeiro-ministro de sempre da história da nossa República. Não há memória de figura mais nefasta, deletéria e poluente do bom-nome e honradez de Portugal do que José Sócrates.

Ainda assim hipocritamente há quem, como o bardo Alegre, exija um "país limpo", numa campanha de "recolha selectiva" de uma ou outra nódoa presidencial, deixando de atacar o essencial para se perderem na novela do acessório e do fait-divers. Esquecem com oportunismo que o maior agente poluente da nossa democracia, do apodrecimento do Estado de Direito, e da gangrenização da nossa economia é José Sócrates e a sua camarilha. A este descalabro é inteiramente alheia qualquer responsabilidade presidencial, embora lhe seja imputável a culpa por não ter tempestivamente dissolvido a Assembleia da República, circunstância que, porventura, poderia perversamente reforçar a vitimização de Sócrates.

O Presidente da República, no nosso modelo semipresidencial, é um órgão de soberania activo e como tal muitos cidadãos, como eu, esperavam de Cavaco Silva uma actuação mais assertiva com o fácies da má-moeda que circula em Portugal e particularmente com aquela efígie de José Sócrates que a todos desvaloriza. Essa reacção mais impetuosa não pode deixar de considerar a hipótese alternativa de um Cavaco Silva que, seguindo o precedente de Jorge Sampaio, tivesse liderado o rumo da governação do país lançando mão da dissolução da Assembleia da República. Efectivamente, por muito menos do que tem feito o actual primeiro-ministro, o anterior Presidente da República golpeou mortalmente um governo de coligação PSD/CDS-PP, com apoio numa maioria existente na Assembleia da República, dissolvendo o Parlamento e convocando eleições antecipadas naquilo que muitos, legitimamente, interpretaram como um favor político ao PS que teve assim a passadeira presidencial para se alcandorar ao poder.

Mas, imaginemos que Cavaco Silva tinha seguido o precedente de Sampaio e logo seria acusado de revanchismo e de tentativa de "golpe de estado constitucional". Teria havido um coro de comentadores e de guardiães da esquerda a acusar o Presidente da República de ser um factor de instabilidade e de bloqueio ao programa de governo do partido que os Portugueses masoquistamente elegeram. Na verdade, se hoje os Portugueses têm um "sádico" a fustigar os seus direitos sociais, e a delapidar a economia, a culpa é de quem elegeu Sócrates e não do Presidente da República que a meter-se nessa relação arriscava-se a causar ainda maior agitação social.

Não basta assim avaliar as acções e omissões do actual Presidente da República. É indispensável também avaliar o que poderia ter acontecido com a história alternativa que, infelizmente, não aconteceu, embora continue a acreditar que Cavaco tinha autoridade moral para dar guia de marcha a Sócrates para outras paragens.

Outros dirão ainda que no espectro político nacional e para regente-mor da República não faltam celebridades elegíveis pelo mesmo eleitorado fidelizado a Cavaco. Mas, à margem do laboratório social, e do ensaio de teorias e alternativas de ciência política, o certo é que, na corrida eleitoral, e à Direita do PS, não há outra alternativa. Quem não está com a esquerda capitaneada pelos socialistas, ou pelos alegres radicais do bloco de esquerda, só pode votar em Cavaco. É a realpolitik na sua mais prosaica simplicidade. Votar em Cavaco, custe o que custar, é assim exercer um voto útil contra essa esquerda acantonada no bloco de esquerda ou acomodada no PS. Aquela que junta conseguiu deixar-nos suspensos à beira do abismo.

O utilitarismo da reeleição de Cavaco Silva passa também pela segunda oportunidade que lhe é dada pelo seu eleitorado para se redimir do pecado de não ter mais cedo despachado Sócrates do governo de Portugal. Cavaco ainda merece uma segunda oportunidade para nos livrar antecipadamente de um governo que tenta desesperadamente salvar-se do naufrágio. Votar em Cavaco é também um acto de fé no derradeiro fim desse desgoverno socialista que nos pôs à deriva.

Voto útil ? Nunca um voto foi tão necessário.

João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental.

domingo, janeiro 16

Aviso à navegação

A foto do header :ILHAS, desta semana, é do terceirense Miguel Bettencourt. A gerência agradece.

Informação complementar: A Lota foi retirada da 'publicidade institucional' do blog devido ao seu encerramento (precoce!). É com mágoa que o anunciamos.

sábado, janeiro 15

...Eu hoje deitei-me assim !

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O arranque de 2011 tem prometido uma excelente colheita de canções e de álbuns de excelência. Por exemplo, regressam os Cowboy Junkies com novo album. Demons, estará disponível em todos os formatos a partir de 15 de Fevereiro. Um disco de memória integralmente preenchido com o cancioneiro de Vic Chesnutt. Uma colectânea de covers dedicada ao compositor e amigo da banda, Vic Chesnutt, falecido em Dezembro de 2009. Espaço para um registo de viagem interior embalada nos acordes da melhor "Americana" do presente, paradoxalmente, made in Canada. Aqui fica o preview do single de avanço : wrong piano...Ouçam-no e aceitem que esta é música de outra constelação.

por estes dias de pasmo...

É difícl saber

sexta-feira, janeiro 14

Esta noite



O concerto final do workshop de orquestra que decorreu esta semana no Teatro Micaelense, numa parceria com o Conservatório Regional de Ponta Delgada, é apresentado esta noite e conta com a direcção do maestro Rui Massena.

quinta-feira, janeiro 13

Convite


«(...) Propriedade Horizontal, a primeira exposição de Catarina Botelho na Galeria Fonseca Macedo, insere-se nesta solução de continuidade. Analisando as imagens que perfazem a mostra, produzidas entre 2009 e 2010, apercebemo-nos que o olhar se desviou, por completo, das pessoas. Fixou-se em configurações sensíveis que ocorrem numa horizontalidade, como sugere o título, mas também invocada pela qualidade horizontal da natureza morta. Uma camisa suspensa, um amontoado de roupa sobre uma cama verde, um vaso iluminado sobre um fundo sombreado, sacos de areia arrumados entre duas paredes, um pano, um livro e uma bolsa sobre o tampo de uma mesa, uma toalha num chão de pedra, o canto de uma arquitectura enigmática. Ainda que sejam imagens despojadas da presença de pessoas, são povoadas pela sua recente presença agora feita ausência».

Inaugura hoje pelas 18h30.

...Eu hoje deitei-me assim !

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"Every Day" dos The Cinematic Orchestra's é uma obra-prima da música contemporânea. Lançado em 2002 faz parte da minha short list dos discos da década que agora se fechou a 31 de Dezembro de 2010. Uma obra de génio e de excepção que sendo audível em qualquer era é como tal intemporal. Este seria seguramente um disco do agrado de um Miles Davis pela forma como foi um "milestone" para a ressuscitação e redefinição do Jazz. Ainda não há quem lhe tenha feito a devida justiça pelo molde que aqui se fundiu para novos percursos para a música moderna. Pelo ritmo de um novo tempo aqui fica "Flite" onde brilha em plena liberdade de tempo o baterista deste "ensemble"...num disco perfeito.

quarta-feira, janeiro 12

...Eu hoje deitei-me assim !

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the next big thing ? Ainda não está aí disponível no mercado mas uma amostra do novo album de Destroyer, digamos que, "was leaked" na net. Pela amostra de Kaputt temos sério candidato a recorrente airplay na banda sonora de 2011. É impossível não degustar com deleite esta pérola servida com um video-clip ingenuamente divertido. Um bom sinal para as sonoridades do ano novo.
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DESTROYER - Kaputt from Dawn Carol Garcia on Vimeo.

segunda-feira, janeiro 10

Pinto Quadros por Letras



Um documentário sobre o pintor João Vieira, uma das individualidades de vulto da arte portuguesa contemporânea.

Joao Vieira nasceu a 4 de Outubro de 1934 na aldeia de Anelhe, em Vidago, Trás-os-Montes. Vicente Todoli escreveu, no contexto da apresentação da exposição de João Vieira em Serralves, o seguinte: "João Vieira pertenceu ao célebre grupo KWY o qual, entre final dos anos 50 e meados dos anos 60, restitui a contemporaneidade artística internacional ao contexto da arte portuguesa. Desde então, tem vindo a protagonizar, na sua pintura, assim como nas suas instalações e performances, uma das obras mais singulares e inovadoras da arte contemporânea portuguesa. O experimentalismo foi sempre uma das características determinantes do desenvolvimento da obra de João Vieira, assumindo quer na colaboração do artista com o contexto da poesia experimental, quer nas múltiplas instalações e performances em que apresenta uma singular relação entre o corpo e o espaço. A letra e o alfabeto estruturam os quadros de João Vieira, uma articulação idiossincrática da pintura e da escrita que reciprocamente interagem, ampliando as possibilidades poéticas de materialização da obra de arte".

Passa esta noite pelas 21h30, nos Cinemas Solmar, na sessão nº 46 do 9500.

sexta-feira, janeiro 7

Inauguração

Inaugura hoje, 7 Janeiro, pelas 18h30, na Academia das Artes uma exposição de pintura de Carlota Monjardino.

Para ver até 20 Fev'11 no seguinte horário: de 2ª a 6ª das 14h às 19h e ao Sábado das 10h às 13h.

quinta-feira, janeiro 6

Pois é... Nice, não é?

Agente Provocador



1ª emissão do ano dedicada ao 'Best of the...Rest' ou seja aos discos que, também, fizeram história em 2010 mas não chegaram ao Top 5 dos Agentes de serviço.

O convidado desta semana é Pedro Arruda - uma presença quase residente no que toca a balanços.

Para ouvir em directo na Antena3 - Açores a partir das 22h00, nas seguintes frequências:

S. Miguel 87,7 MHz
Terceira 103,0 MHz / 103,9 MHz
Faial 102,7 MHz

desmentido

Por mais que haja quem se esforce por nos fazer acreditar que a culpa é nossa, ao povo português, não falta a criatividade.

Portugal, que caminho te farão trilhar?

O Onésimo. Com a sua capacidade superior de contar histórias e de tratar os assuntos (micaelenses, jorgenses, humorístico-lusos) por tu.



Uma entrada do NCS (aka Melancómico).

quarta-feira, janeiro 5

Recital de Ano Novo

Esta noite no Teatro Micaelense com a pianista Diana Vieira.

...Eu hoje deitei-me assim

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...depois do tour habitual pelos jornais da manhã seguinte, e antes de fechar a última página do Açoriano Oriental, dou nota de mais uma notícia que será decerto combustível para atear o lume que consome os seguidistas do centralismo.
Para a nobre missão de liderar a IX Comissão de Inquérito ao Caso Camarate será indigitado um Açoriano, nado e criado em São Miguel, e não um qualquer serventuário do Terreiro do Paço. Efectivamente, a presidir e coordenar mais um Inquérito sobre a etiologia da incineração conjunta em Camarate da "aristocracia" da Direita Portuguesa teremos um Socialista Açoriano.
O deputado da Assembleia da República, eleito pelo círculo dos Açores, é insigne Advogado com um palmarés de inúmeros casos e causas com desfecho que lhe foi sempre favorável o que, convenhamos, é um bom auspício para a investigação. O douto jurisconsulto é ainda qualificado "criminalista" e sapiente navegante pelos tormentosos mares do "processo penal" o que estamos em crer será uma mais-valia para a descoberta da verdade material.
Com este perfil o Dr. Ricardo Rodrigues é o homem certo, na hora certa, para liderar mais um inquérito que em prime-time vai entreter o povoléu agora que acabaram os Ídolos e a Casa dos Segredos já não tem mistérios. Como personalidade mediática o Dr. Ricardo Rodrigues é um verdadeiro imã para os órgãos de comunicação social que amiúde o enxameiam com microfones e gravadores. Sob o assédio das gravações para memória futura do jornal das 8, ou para uma peça mais desenvolvida numa revista semanal, designadamente daquelas que ao Sábado nos enchem de palha noticiosa para o fim de semana, acreditamos que o Dr. Ricardo Rodrigues será um bonus colateral à boa imagem que neste momento os Açores possuem no plano nacional. Assim, enquanto "Povo Açoriano" podemos antecipadamente orgulharmo-nos do contributo do Dr. Ricardo Rodrigues para capitalizar e continuar o seriado de Camarate. Com este "actor principal" na ribalta de tão mediatizada Comissão de Inquérito os "donos das notícias" podem continuar a fazer render a crónica do mito político que umas vezes se diz o resultado de uma conspiração terrorista em conluio com gangs internacionais e, noutras circunstâncias, com a displicência de quem busca a prescrição do esquecimento, se afirma que foi a consequência de um funesto acidente. Porventura o pertinaz Dr. Ricardo Rodrigues até poderá nos surpreender com uma "terceira via" com uma posição alternativa sobre uma culpa que já morreu solteira.
No meio de tanta dúvida razoável há lugar para uma tumular certeza : é tempo das vítimas e da sua memória terem paz, já que Justiça não se vislumbra que algum dia venha a ser feita às circunstâncias em que fomos privados do seu futuro. "Justiça e Paz", por mórbida ironia, era o lema sob o qual Sá Carneiro escreveu um dos muitos libelos contra o "Estado Novo" nas epístolas do Expresso. Sic Transit Gloria Mundi

terça-feira, janeiro 4

A todos os revolucionários



Nem todas as revoluções prestam, nem todas elas são desejáveis e nem todas produzem os resultados esperados.

No entanto, quando as revoluções nos libertam do jugo, da maledicência, do compadrio e da incompetência, mesmo que tudo isto se encontre dissimulado e branqueado por uma presumível democracia, elas são muito bem-vindas.

Contudo, não me venham com tretas. A revolução faz-se com os fortes e a partir do novo, fruto da inquietude (!). Não se agarra a nada e deve procurar contribuir para a evolução, de forma desprendida, despreocupada mas responsável, e procurando fazer melhor a cada passo.

Isto pode não passar de um pensamento ingénuo; isto pode não sobreviver na selva da política – onde quem não come é comido; isto pode exigir muito de quem possa vir a preconizar uma revolução mas, por estes dias e tristemente, isto assume uma importância crucial para os que sofrem ao serem injustamente e irresponsavelmente considerados o joio e, por isso, separados do “trigo amigo” ficam, com as suas vidas em stand-by, a olharem o vazio provocado por um conjunto de mentes iluminadas que, ao invés de criarem riqueza, tudo a todos (a quase todos) sugam,

Daqui por nada, o nosso mote poderá passar a ser: “Venham! Venham todos! Venham todos ver-nos pastar, nestas ilhas de valor”. Ilhas trampolim para alguns, a caminho de um lugar ao sol, num offshore qualquer.

Diz que é uma espécie de tradição...



Experimentar na m'incomoda: o melhor disco português de 2010? Para ler aqui.