sábado, fevereiro 5

E, porque nada de bom acontece depois das 2 da manhã,



Por estes dias, escrever sem deitar abaixo, requer um exercício de «racionalismo» nem sempre fácil de conseguir.

Muitos de nós, em vez de vivermos orientados para os resultados, estamos demasiadamente concentrados com os processos. Chamam a isto eficiência e muitos contentam-se em saber que, apesar de não irem a lado nenhum, estão a fazer as coisas como lhes mandam.

No entanto, dizer-se que estes tipos não servem para as funções que desempenham, pode ser falacioso, pois, pessoas com este perfil foram de extrema importância para figuras como De Gaulle, que de objectivo em objectivo, só os conseguia continuar a marcar porque “a intendência vem atrás”.

Hoje, o omnipotente necessita de uma máquina humana bem menor mas, dadas as exigências impostas pelo tear da propaganda, o desafio do líder não se esgota na capacidade de todos controlar. É absolutamente crítico observar cuidadosamente a meta a atingir e conseguir contagiar todos os seguidores com o desejo de lá chegar.

O sentido crítico das pessoas - dos colaboradores (não confundir com colaboracionistas) – que ajudam a fazer a obra, nem sempre é apreciado e, considerado muitas vezes – muitas mais do que as razoáveis – um empecilho a uma liderança forte, é normal e parvamente esmagado.

Ora, congregar sem oprimir, deve ser, por excelência, o desafio do líder - indivíduo do qual se espera a comunicação da visão do estádio a atingir. Contudo, as lideranças fortes tendem a esfarelar a criatividade individual e o espírito de iniciativa, factores absolutamente essenciais para se descobrir novos caminhos e novas formas de se conseguir ser eficaz. O deserto é, por isso, quase certo em redor do líder que se descuida no exercício da condução das suas «massas».

Será com certeza utópico, na nossa sociedade, poder vir a avaliar o líder pelo grau de suporte que ele confere à estrutura que comanda, em vez de o avaliar pelo grau de importância que representa na hierarquia convencional da mesma. Mas, se é certo que apenas em algumas empresas da nossa malfadada região se assiste à inversão da pirâmide organizacional, torna-se perfeitamente claro que só as estruturas que reconhecem a devida importância a todos os colaboradores que se encontram em contacto directo com o cliente – o activo mais importante de cada empresa -, serão ganhadoras, sempre! Mesmo em alturas de crise (sobretudo nestas, talvez).

É ainda sabido que “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. E, para falar de uma realidade concreta, que todos conhecem, o principal agente turístico de um destino é o seu habitante, sendo de crucial importância saber envolvê-lo na dinâmica desejável. E fazemos isso?

Por esta e por outras, entretanto amadurecidas, contradigo-me, dizendo que «O Turismo» não é o novo ciclo da economia açoriana, mas sim, uma alavanca imprescindível para nos permitir tirar maior rendimento dos sectores primário, secundário e terciário.

O turismo deve ser visto - por todos - como uma ferramenta. Uma ferramenta que nos deve permitir diminuir a fragilidade da nossa economia, condicionada negativamente pela nossa localização geográfica e pela reduzida dimensão do mercado interno.

No que diz respeito à primeira, não podemos permitir que se repita a história da laranja ou da vaca. No que toca à segunda, só podemos aumentar a nossa massa crítica, aumentando a população flutuante e, então, promover exportações sem custos de transporte, permitindo - com simpatia - a entrada de divisas no país.

Não obstante, julgo padecermos de um problema congénito que, a vários níveis (ao da promoção que de nós se faz hoje também), nos impede de «vendermos» as nossas ideias/produtos (leia-se comunicar) mesmo «cá dentro» que, associado a uma certa tendência para a ostracização dos «idiotas» e o desprimor pelo «povo», faz com que não passemos da cepa torta.

Remato dizendo que, em vez de esperarmos pelas pessoas esclarecidas, devemos ajudar a construi-las (!). Só assim ganhamos todos.

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