quarta-feira, abril 25

"Geração de Abril"



Liberdade
...

Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada.


Sol doira Sem literatura

O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.

E a brisa, essa,

De tão naturalmente matinal,

Como o tempo não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta.

A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,

Esperar por D.Sebastião,

Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar,

e o sol, que peca

Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças

Nem consta que tivesse biblioteca...

terça-feira, abril 24

...Eu hoje deitei-me assim !

...

...

Celebrar Abril

Esta noite o Teatro Micaelense em parceria com 9500-Cineclube celebram Abril com a exibição do documentário Linha Vermelha de José Filipe Costa (Vencedor do prémio Melhor Longa Metragem Portuguesa no IndieLisboa'11).

Azul profundo, azul açoriano!

Podia ter sido no Dia Mundial do Livro.
Podia ter sido no dia Mundial de tantas outras coisas.
Mas é em dia de mudança para azul, azul que se espera profundo, azul açoriano, que se regista aqui a primeira tentativa de marcar o "record" deste novo troféu organizado pelo Projecto Azores, em pareceria com o CNPDL.

segunda-feira, abril 23

Dia Mundial do Livro

"A biblioteca pessoal é um anacronismo. Ocupa demasiado espaço em casas cada vez mais pequenas, fica cara e nunca é realmente aproveitada tendo em conta o seu custo ou dimensão. Um livro lido, bem vistas as coisas, não está já no nosso seu espírito, sem ocupar espaço? Para quê conservá-lo, então? E por acaso não abundam, actualmente, as bibliotecas públicas, nas quais podemos encontrar não só aquilo que queremos, mas mais do que queremos? A biblioteca pessoal responde a necessidades de tempos idos: quando se vivia num castelo ou num solar, que por estarem longe do mundo obrigavam a que se tivesse o mundo à mão, encadernado; quando os livros eram raros e muitas vezes únicos e era imperioso possuir o cobiçado incunábulo; quando as ciências e as artes evoluíam com menos rapidez e o conteúdo dos livros podia manter-se válido durante várias gerações; quando a família era mais estável e sedentária, e uma biblioteca podia transmitir-se numa mesma morada e divisão e nos mesmos armários sem perigo de dispersão. Estas circunstâncias já não se verificam. E, no entanto, há loucos que querem ter todos os livros do mundo. Porque são demasiado preguiçosos para ir às bibliotecas públicas; porque acham que basta olhar para a lombada de uma colecção para pensar que já a leram; porque se tem vocação de coveiro e se gosta de estar rodeado de mortos; porque nos atrai o objecto em si, à margem do seu conteúdo, o cheiro, o tacto. Porque uma pessoa acredita, contra toda a evidência, que o livro é uma garantia de imortalidade e que formar uma biblioteca é como edificar um panteão no qual se gostaria de ter reservado o seu próprio nicho."

Julio Ramón Ribeyro, in "Prosas Apátridas"

Chegar ao Corvo e ficar para sempre

Fotografia Rui Soares
Ainda e a propósito da passagem de 'É na Terra não é na Lua' este fim-de-semana em Ponta Delgada.

domingo, abril 22

Há momentos assim!


(momentos em que nos apetece dizer o que realmente precisa ser dito, sem a preocupação de saber se o que vamos dizer agrada ou desagrada, e a quem quer que seja)

Na economia açoriana, uma das insuficiências grandes que os vários sectores apresentam está ao nível da gestão. Não se pode esperar que todos sejam gestores provenientes da universidade (muito embora a ideia seja tentadora) mas, não se pode deixar também as empresas pequenas (que nos Açores dão emprego à maioria da população) continuarem a enfermar da falta de especialização, sobretudo, ao nível do seu core business.

A dimensão diminuta das empresas açorianas obriga a que certas funções satélite como a contabilidade, a gestão dos recursos humanos e o planeamento e gestão dos recursos financeiros sejam entregues a pessoas (empresas) exteriores à organização, para permitir que esta concentre toda a sua massa crítica no desenvolvimento do negócio que a justifica.

Apesar de teoricamente as coisas funcionarem nestes moldes, a verdade é que não funcionam: por vezes a nossa empresa não está qualificada para a sua área de actuação e, tão-pouco, as empresas às quais se entrega as restantes tarefas as cumprem com os desejados rigor e eficácia. Assim, sem qualquer preocupação estratégica de alimentarmos o mercado na relação com a nossa empresa e sem qualquer visão de futuro, limitamo-nos à gestão corrente, facto que se assume como negligente e ruinoso.

Nós queixamo-nos que a economia não está de saúde. Nós queremos que a economia gere empregos. Nós queremos que a economia equilibre a balança comercial e nós queremos viver como gente rica. No entanto, esquecemo-nos que somos poucos, pequeninos, mal formados, temos grandes limitações geográficas e a nossa reduzida dimensão vê-se ainda acentuada pelo forte sectarismo que caracteriza a dinâmica económica destas ilhas e que, eventualmente, poderá decorrer de um excessivo individualismo e das nossas vistas curtas.

Mas, eu não sou economista e gostava de compreender como é ainda possível – com tantos ciclos económicos e respectivas crises, com tantos economistas e suas teorias e explicações – continuarmos a deixar-nos surpreender por estes momentos mais difíceis onde, a seguir ao abrandamento vem a estagnação e com ela a ruína de muitos e o surgimento dos seus substitutos, para que tudo continue a funcionar da mesma forma mas, com outros agentes e, eventualmente,  com outros processos e escalas diferentes.

Como é que, com anos a fio de sucessivos avanços no campo do conhecimento, ainda não se consegue contrariar o factor irracional, impedindo-o de introduzir elementos dissonantes na precursão dos objectivos delineados para as sociedades? Se calhar, é também caso para dizer que os objectivos das sociedades não assentam num traço comum. E o que nós vivemos e experimentamos não é mais do que a tentativa de compatibilização dos vários sectores e dos vários quadrantes, a partir de modelos egocêntricos, que assentam na percepção que cada um de nós tem do contexto.

Apesar de tudo e neste momento, o mais importante para todos nós era perguntarmos como pode a economia tirar partido da nossa incapacidade de lidarmos com todos estes condicionalismos, para que possamos todos conhecer um benefício maior por ter nascido aqui e não noutra qualquer parte do mundo. Contudo, a falta de objectivos comuns maiores e a falta de entendimento sobre a importância do contributo de cada parcela, faz com que todos nós limitemos a nossa existência às sucessivas cambalhotas para nos mantermos de pé, a tentar safarmo-nos da morte, até que ela nos colha como nós colhemos um bago de uva.

Se, ao menos, dermos vinho…

sábado, abril 21

@ Teatro Micaelense


Passa hoje pelas 15h00, com a presença do realizador, no encerramento do Festival Panazorean.

* Carlos, desculpa o 'atropelamento' mas é uma questão de utilidade pública

Qual precursor não censurado

Por estes dias (começo a pensar que este repetido início de frase denuncia algo obscuro que me transcende), cobardia deixou de ser falha de carácter.

Aparentemente, aqueles que se coíbem de emitir uma opinião que favoreça esta ou aquela parte são, desventuradamente, apelidados de cobardes. E importa dizer que tal juízo é feito de ambos os lados do mar tempestuoso no meio do qual a nossa autonomia atlântica se encontra, corroendo – oxalá não irremediavelmente – a nossa condição de gente que não teme a adversidade à qual votados pela geografia.

Devo dizer que não invejo tais fulanos, por considerar que a amargura que sentem - por não poderem participar activamente no debate político - só deve ser comparável à profunda frustração que um pai sente ao ver o filho que “pariu” perder-se nos tortuosos caminhos da vida. E, no entanto, creio que para ajuizar melhor sobre a dita condição e avaliar os respectivos graus de alienação da realidade que, consciente ou inconscientemente, algumas pessoas se votam, seria necessário debruçarmo-nos muito seriamente sobre aquilo que o sistema instalado tem produzido e derramado sobre todos nós, alinhados ou não.

Perante estes pensamentos que me cruzam a mente inquieta, sou forçado a questionar o meu juízo sobre o famigerado alienígena que, procurando manter-se fiel aos seus princípios, cresce contra as pressões para corporizar esta ou aquela crença e se refugia na altivez da sua humildade, por contraponto com os adeptos fervorosos, quais heróis à desgarrada que, com unhas e dentes, defendem os pontos de vista dos seus idolatrados líderes, a um ritmo tão alucinante que não lhes deixa sequer perceber que alguns deles são tão enviesados, ao ponto de terem que ser imediatamente corrigidos.

Mas, afinal, onde estão os verdadeiros corajosos? Que raça é essa que, de forma cada vez mais constante, parece hibernar? Desaparecida - como o valor na oposição - ou inexistente? Desejados (muitas vezes secretamente), é neles que reside a última réstea de esperança que a sociedade – essa “bichona” de garganta dilacerada – coloca na reviravolta necessária. Encontrá-los por aí é difícil mas, encontramo-nos, a nós, afigura-se tarefa ainda mais complexa, sistematicamente desinteressante e visivelmente mais penosa.

Para pessoas responsáveis, uma opinião credível é tão difícil de formar e nas redes sociais mais pequenas já nada dizemos. Já ninguém nos ouve (com um amigo, aprendi que não se explica algo a quem teima em não querer compreender). Olhar nos olhos e estruturar uma crítica é bem mais exigente do que ter uma qualquer “diarreia cerebral” e vociferar - ao computador - um conjunto de palavras, por vezes mal articulado e mal ancorado, que se constitui na mais resoluta forma de expressão: o comentário nas redes sociais massificadas na internet.

Não sei quantos de nós temos feito perguntas ultimamente mas, acredito que as respostas não têm sido abundantes e as pessoas continuam perdidas à procura das mais variadas formas da urgente redenção, nem sempre bem-vinda. Disfarçada de crença, a calúnia coabita com o dissimulado insulto - fácil e escamoteador -, fazendo as pessoas perderem a noção do razoável e do debate verdadeiramente importante que, aparentemente, já nem a meia-dúzia de cavalheiros interessa.

Enfim, eu já estou farto de heróis. Sobretudo, daqueles que nada arriscam. E, como eu, acredito, muitos outros. Só resta perguntar: Até quando esta demissão colectiva?

sexta-feira, abril 20

quarta-feira, abril 18

...Petição Pública ou

...Missão Impossível?

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1º Imediata substituição do vermelho dos títulos, epígrafes e links dos posts substituindo os mesmos por uma cor mais consensual ou neutra, ou seja, qualquer uma desde que seja negro.

2º Urgente reposição da tabela de links para blogues que são da nossa preferência ou nos quais o: Ilhas também se encontra “linkado”.

3º Eliminação da primeira coluna direita com o registo das últimas visitas pela sua manifesta inutilidade e sobrecarga na abertura do blogue.

4º Reposição de um “proscénio” decente que honre os pergaminhos do ilhas e não aquela apresentação grafiteira com o timbre do blogue num pastiche de letering manuscrito e publicidade ao guronsan.

5º Restituição da tabela do sitemeter e do mapa global de leitores worldwide.

6º Opção de caracteres em fonte apelativa e com dimensão nunca inferior a 12, em vez dos actuais 10, dado que o target etário dos nossos leitores e editores recomenda o uso de lentes adequadas à função.

7º Como bónus : a criação de um podcast ou de uma tabela de música para servir de banda sonora a rolar pelos diversos colaboradores e a passar em autoplay, ou não, com a abertura do blogue.
Tenho dito1º Subscritor
João Nuno Borba Vieira de Almeida e Sousa

Patriota Açoriano com bilhete de identidade da República Portuguesa

domingo, abril 8

...Máscaras


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For the Love of God by Damien Hirst
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"A beleza é um dom da piedade divina: A suavidade e a majestade do rosto do homem são uma das mais comovedoras defesas contra a angústia do fim corpóreo. Mas a defesa dura só poucos anos. A face, desfigurada pela fadiga, pelo pensamento e pelo pecado, revela cada vez mais, com o tempo, o tremendo aspecto que aguarda sob a frágil epiderme. Morrer não é mais, enfim, - falando em linguagem totalmente terrestre – que tirar para sempre a máscara"

Giovanni Papini in "Vigia do Mundo"

terça-feira, abril 3

Out to lunch !

...

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Some people think they're always right
Others are quiet and uptight
Others, they seem so very nice
Inside they might feel sad and wrong

Twenty-nine different attributes
Only seven that you like
Twenty ways to see the world
Twenty ways to start a fight

Oh, don't don't don't get out
I can't see the sunshine
I'll be waiting for you baby
'Cause I'm through
Sit me down, shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you

Men don't notice what they got
Women think of that a lot
One thousand ways to please your man
And every one requires a plan

And countless odd religions too
It doesn't matter which you choose
One stubborn way to turn your back
I guess I've tried and I refuse

Don't don't don't get out
I can't see the sunshine
Oh, I'll be waiting for you baby
'Cause I'm through
Sit me down, shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you

Alright

Shut me up
Shut me up
And I'll get along with you


...

For ever

Subsídios de férias e de Natal podem acabar definitivamente

domingo, abril 1

O Senador Erótico

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Rihanna com Boneco de Pau.
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"Completamente oposto ao bom Regália era o seu despótico e extravagante chefe: o senador, professor e director Paollo Mantegazza. Era ele o verdadeiro nume do Museu, da Sociedade e do Archivio. Era ele que tinha fundado este triângulo científico; era ele que tinha imposto o ensino da antropologia nas universidades italianas; era ele o homem célebre, o polígrafo popular, o presidente, o chefe, o soberano, o tirano, o padre eterno de tudo.

Paolo Mantegazza, quando o conheci, rondava pelos sessenta anos, mas sempre direito, rijo, vigoroso, de tez viva, com olhos imperativos e observadores apesar de enterrados numas olheiras de bistre, vincadas por papos arroxeados. Usava uns grandes bigodes à celta e uma pêra branca à Napoleão, uma longa cabeleira que lhe caía pelo pescoço, como a do poeta Aleardi, e tinha um grande sinal numa das faces. Era um belo homem e sabia-o; era famoso e sabia-o; era poderoso e sabia-o; era também libidinoso e via-se.

Quando voltava de Roma, alto e envolto na sua peliça de grandes bandas, com a sua voz lombarda que ressoava até à última sala do Museu, dava realmente a impressão de um poderoso na terra, e todos lhe chamavam, por antonomásia o Senador.

Considerara, muito antes de Sigmund Freud, que o sexo era o fundamento, a chave e a essência da vida humana, e se tivesse tido um pouco mais de paciência, de doutrina e de génio, teria podido preceder os sexologistas dos nossos dias e deixar uma enciclopédia sexualista semelhante à que compôs mais tarde Havelock Ellis. Tinha escrito "A Fisiologia do Amor", dois volumes sobre "Amores dos Homens", "Um dia na Madeira" (romance sobre o acasalamento entre casais de doentes), "Uma página da higiene do amor", e enflorava de conselhos e de anedotas eróticas o seu "Almanaque Higiénico", mas faltava-lhe uma teoria, uma ideia sua. Por mais que tivesse pensado toda a vida nas mulheres e na conjugação dos sexos, não aprofundara nem resolvera problema algum: contentava-se com rebuscar em livros de história e de etnografia todas as notícias que lhe surgissem sobre a vida sexual, mas, de seu, apenas punha um pouco de lasciva malícia e de literatura, entre o materialista e o romântico.

Tinha um gabinete amplo, forrado de volumes de ciência, mas, por cima da secretária, por cima da sua cabeça, havia um espaço sem livros: ocupava-o o retrato de uma mulher formosa, vestida de malha, de cara gorda e provocante: era o retrato de Miss Zaco, uma famosa amazona de circo. Era a sua Vénus, a sua divindade protectora naquele sacrário da ciência do homem. Mas não se contentava com aquela imagem: já velho, desposou uma rapariga que, segundo diziam as más-línguas, nem sempre lhe era fiel. Mas ele não se importava; e consta ter dito um dia: "Semeie o campo quem quiser, contanto que o campo seja meu".

Paolo Mategazza, não obstante um certo verniz romântico, era um dos mais ingénuos materialistas que acaso encontrei. Certo dia, discutindo psicologia comigo, saiu-se com esta frase, que daria por inventada se a não tivesse ouvido com os meus ouvidos: "Quando um dia virmos passar a alma sob os nossos microscópios fixados no cérebro, todos estes problemas serão resolvidos".

Mas a sua obra-prima a este respeito foi a criação daquilo a que ele chamava o Museu Psicológico. Ao fundo do Museu de Antropologia havia uma porta sempre fechada: e a chave estava fechada à chave na secretária de Mantegazza. Mas quando me foi dado granjear, com o andar do tempo, a estima do Senador, consegui obter uma vez a tal chave e penetrar no proibido recesso da minha ciência predilecta. O Museu Psicológico consistia numas três salitas ladeadas de altas vitrinas: Na primeira, estava escrito: Vaidade. Havia lá dentro pesados colares de pedras de cor, diademas de latão incrustados de pedaços de espelho, brincos em forma de escaravelhos gigantes, sapatinhos chineses, e, sobretudo, condecorações imperiais e reais e de outras ordens honoríficas já em desuso, de todos os países.

Numa segunda vitrina estava escrito: Crueldade. Continha correntes de galeote, estranhos engenhos dentados, facalhões bárbaros e gravuras que representavam cenas da Inquisição em Espanha. A terceira vitrina era dedicada à Luxúria. Exibia curiosos anéis dos quais se serviam, ao que parece, certos selvagens na cópula : uma almofadinha em feitio de bóia, usada na China por certas luxuriosa requintadas; fotografias obscenas onde homens e mulheres tinham o rosto tapado por mascarilhas pretas. Mas a preciosidade mais vistosa era uma escultura romana em bronze, na qual a obsessão erótica de Mantegazza julgava ter reconhecido uma cena de pederastia, quando, para qualquer visitante não prevenido, se tratava apenas de Hércules tentando agarrar Anteu pelas costas para o derrubar.

As duas últimas vitrinas ostentavam o rótulo: Sentimento Religioso. Aí figuravam rosários e amuletos, um moinho de orações proveniente do Tibete, cilícios, um ou outro ex-voto de velha prata. Mas os mais notáveis documentos de mania religiosa consistiam em longas tiras de pele humana curtida, em que se viam as tatuagens da Madonna do Loreto, e, por baixo, os ferros que tinham servido para marcar para sempre nos braços e no peito dos penitentes os símbolos da Virgem e do Filho.

Com tão heteróclita confusão de trapalhadas, o senador Mantegazza julgava ter ali protegidas pelo vidro as maiores manifestações do espírito humano e possuir o material mais seguro da psicologia positiva. Aquele pequeno museu - agora desaparecido ou disperso sabe-se lá por onde - ficou-me na memória como o mais cómico monumento da parvoíce materialista do século XIX."

No Museu parece que não havia lugar para os submersos e resgatados ossos do "homo amorudo"!


Giovanni Papini in "O Passado Remoto"

Edição de 1971 dos Livros RTP exumada algures num alfarrabista

Não é peta

Tendo em conta os problemas técnicos da caixa de comentários o :ILHAS irá efectuar um lifting e mudar de template nos próximos dias.

Não é tarde, nem é cedo (provavelmente durou mais do que devia). Fica o aviso a quem por aqui navega.

...Despertares

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