A poucos dias do seu aniversário de
nascimento (24/10/1936), e porque a generosidade que depositava no papel e no
seu estar aqui deve constituir sempre uma bússola para este nosso trilho
sinuoso, deixo-vos um dos seus poemas que mais amo.
PEDRA-POEMA PARA HENRY MOORE
Um homem pode amar uma pedra
uma pedra amada por um homem não é uma pedra
mas uma pedra amada por um homem
uma pedra amada por um homem não é uma pedra
mas uma pedra amada por um homem
O
amor não pode modificar uma pedra
uma pedra é um objecto duro e inanimado
uma pedra é uma pedra e pronto
uma pedra é um objecto duro e inanimado
uma pedra é uma pedra e pronto
Um
homem pode amar o espaço sagrado que vai de um homem a uma pedra
uma pedra onde comece qualquer coisa ou acabe
onde pouse a cabeça por uma noite
ou sobre a qual edifique uma escada para o alto
uma pedra onde comece qualquer coisa ou acabe
onde pouse a cabeça por uma noite
ou sobre a qual edifique uma escada para o alto
Uma
pedra é uma pedra
(não pode o amor modificá-la nem o ódio)
(não pode o amor modificá-la nem o ódio)
Mas
se a um homem lhe der para amar uma pedra
não seja uma pedra e mais nada
mas uma pedra amada por um homem
não seja uma pedra e mais nada
mas uma pedra amada por um homem
Ame
o homem a pedra
e pronto
e pronto
2 comentários:
Grande poeta. Como outro Emanuel:)
Um beijinho, Renata!
Faria hoje, 24 de Outubro, precisamente 76 anos. O que nos faz agora é falta, muita falta. Álamo de Oliveira chamou-o «o poeta perfeito». Apesar de o ser de facto, a Nação continua-lhe incompreensivelmente alheia... No (nas) :Ilhas temos tu para nos lembrar de quem não nos devemos esquecer.
Um Beijo,
José
Enviar um comentário