quinta-feira, novembro 29

Biblioteca dos Rapazes

Um verdadeiro tesouro. 
Daqueles objectos raros, inteiros, que nos caem no colo e nos lembram que é bom, apesar do tanto que nos entristece, andar por aqui.
Um poema em BD, como alguém escreveu algures. 
Das coisas mais belas que tive entre mãos. 



Biblioteca dos Rapazes, Rui Pires Cabral, Lisboa, Pianola Editores, 2012.

domingo, novembro 25

Gastronomia e outras mordidelas


Por iniciativa (brilhante por sinal) do meu grande amigo Pedro Melo – homem em grande parte responsável pela preservação de um dos mais emblemáticos restaurantes dos Açores -, ontem, o jantar foi no Alcides. E, como não podia deixar de ser, o bife foi o grande eleito.



Uma delícia também, foi a companhia. Rivalizando fortemente com os enchidos regionais e fumados de outras paragens, todos trabalhados para gáudio dos convivas. Não eramos todos mas, eramos muitos(!) e do mesmo sector (amado em várias frentes, maltratado em surdina) o que, só por si, era sinal verde para um grande jantar.


Assim tantos, não nos víamos há muito tempo. Porventura há tempo demais. Até tivemos o privilégio da companhia do colega Carlos Pereira, apelidado de “Homem Montanha” por ser do Pico. O tema de conversa, como não podia deixar de ser, para além das habituais questões fracturantes, assentou nas qualidades gastronómicas açorianas, na excelsa qualidade das matérias-primas do nosso sector primário que, neste exemplar restaurante (com mais de cem anos de História e muitas histórias) e noutros (um pouco por todas as ilhas dos Açores), podem ser saboreadas, de acordo com o importante engenho das almas responsáveis pela sua transformação e adaptação ao nosso paladar.

Um jantar que, para além de reunir os amigos em torno da mesa e da certificação recentemente alcançada por esta “instituição gastronómica”, teve a faculdade de fazer muito mais pelo sector do que algumas magnas e tutelares reuniões.

Oxalá possamos todos navegar no mesmo barco e remar para o mesmo lado.

Obrigado Pedro.

P.S. Quando e se a Direcção Regional da Cultura der continuidade à relativamente recente iniciativa "Roteiros Culturais dos Açores - Personalidades" e eleger  Domingos Rebelo, talvez possa incluir uma visita ao Alcides, a pretexto de uma pintura de generosas dimensões e datada de 1956 que, ao fundo do restaurante, pontua o espaço com a história das nossas gentes, em jeito de apontamento etnográfico.

sexta-feira, novembro 23

Emanuel Jorge Botelho

Poeta por inteiro.

Banksters

Max Keiser é o comentador político americano que está a ponto de tornar-se o mais televisionado de sempre, com o seu Keiser Report a ser transmitido por uma corte internacional de estações televisivas – nenhuma delas americana.

A russa RT (450 milhões de espectadores, só aqui), a France 24 e a Al Jazeera estão entre as estações que transmitem o seu castigo trissemanal aos banqueiros  e aos políticos que os assistem. É com o termo “banksters”, contração de banqueiro com gangster, que Keiser apelida os primeiros; quanto aos políticos, Keiser não hesita em retratá-los genericamente como veículos do grande capital - “There is a revolving door for Goldman Sachs guys into and out of US government."
Nenhum canal americano arrisca dar tempo de antena ao Keiser Report, que vai um pedaço além da irreverência benigna do The Daily Show.


terça-feira, novembro 20

Dreams Never End

Há dias vi o "ET" numa comemorativa edição em DVD - baratíssima - com dobragem em português. Quis mostrar aos meus filhos o filme que vi no Cine Vitória. Acho que foi aí e não no Teatro que passou o filme de Spielberg (também vi nessa sala de cinema o "Gremlins" - disso tenho a certeza, até porque o meu avô Pereira havia morrido há pouco tempo, um marco na minha memória infantil). A pergunta que faz sentido perguntar à minha geração - resolvida que, felizmente, estava a questão da liberdade - é: onde é que estavas quando deu o "ET"? Uma outra forma de ser livre, se quisermos. O "diferente" já não vivia na Terra, mas chegava do espaço. A tolerância media-se perante uma galáxia distante. Um dos meus filhos ficou mais entusiasmado que o outro. Mas o filme está retrabalhado em termos sonoros, o que assusta até um adulto. Continuo a achar o momento final, com a rapaziada a voar com as bicicletas, um dos achados poéticos mais bonitos do cinema. Mesmo aquele que estava atento ao filme (já reproduz falas e tudo) adormeceu a meio. Era o cansaço. Só o pai é que ficou a ver o sonho até ao fim.

domingo, novembro 18

Mais programa, menos programa...

Lícinio Cunha, no seu livro intitulado Introdução ao Turismo, editado pela Verbo em 2001, escrevia: "A viagem responde à necessidade individual de evasão, isto é, constitui uma forma de romper com a rotina da vida quotidiana, com os constrangimentos da vida urbana e com as condições de realização do trabalho em ambientes fechados. A cada vez maior concentração populacional em grandes centros urbanos, afastados do ambiente natural, poluídos e geradores de tensões psicológicas e físicas, conduz à necessidade de evasão que origina as deslocações temporárias. Deste modo, o turismo é, para muitas pessoas, um acto de libertação dos constrangimentos da vida moderna.”


Apesar de considerar que outros argumentos poderiam justificar a viagem, como que em sentido inverso (se quisermos), importa perguntar em que medida estão os Açores preparados para a responder à dita necessidade de libertação de quem, naquelas condições, nos procura!

Vem isto a propósito do primeiro ponto do capítulo IV da Proposta de Programa do XI Governo dos Açores - uma autêntica Suite a 4 mãos para o nosso Turismo -, que, curiosamente, me fez compreender a profundidade da preocupação de um colega quando, instado por mim a circunscrever a posição da pasta do Turismo numa qualquer orgânica governativa, me dizia que o relevante não era a importância que os governantes dariam à pasta, mas sim, a importância que ela teria.

Pese embora o documento produzido dever ser alvo de melhoramentos significativos, até porque as dinâmicas conjunturais assim o irão determinar, importa afirmar que o mesmo denota, na generalidade, a compreendida necessidade de se afinar a rota e aponta alguns novos caminhos que, para além da perceptível eficiência (para bem de todos nós), oxalá possam trazer também a imprescindível eficácia.

Numa perspectiva ambivalente, gostaria de deixar três notas que me parecem importantes, tanto para governantes como para governados:

1. Não se pode falar de cadeia de valor sem que a mesma esteja associada a uma proposta de valor concreta e mensurável, aliás, no nosso caso, este tema tem sido um verdadeiro problema. Sem a definição concreta da proposta de valor que o Turismo nos Açores tem para oferecer a todos os interessados na sua afirmação (mercados emissores e mercado interno) e sem a correcta comunicação a todos eles (directos e indirectos), não se pode definir e valorizar com rigor a respectiva cadeia. Tudo isto, bem montado, assentará – forçosamente - nos compromissos que todos terão que assumir, para garantir que tudo funciona afinado como um relógio suíço (e já sabemos o que acontece no que toca a compromissos, quando a substância que os procura suportar não é facilmente compreensível);

2. A enviesada discussão sobre os hotéis açorianos assente na pleonástica alusão a uma dita indiferenciação devia dar lugar a uma discussão séria e centrada nas questões da segmentação e da qualidade, vertentes importantíssimas na gestão das expectativas de todos aqueles que viajam em busca de uma experiência memorável. Não obstante esta necessária tomada de consciência, a questão da indiferenciação deverá, sem dúvida, ser considerada, sobretudo, na medida em que os hoteleiros deveriam preocupar-se em procurar contrariar o processo de “comodatização” do seu produto, num jogo que é habilmente conduzido pelos operadores na tentativa de procurarem esmagar os preços, inviabilizando - a médio e longo prazo - a capacidade do hotel gerar os meios para se reinventar, inviabilizando também a sustentabilidade do próprio negócio para todos os agentes do sector.

3. Um eixo de actuação que a proposta programática para o Turismo nos Açores não torna evidente também nesta legislatura é o necessário envolvimento da população (e do sector primário, já agora). Talvez pelo facto da nossa economia não ser, ainda, uma "Tourism-Driven Economy", como fez crer quem procurou convencer os que tiveram que fazer os investimentos. E, talvez também, neste facto resida o grande problema do nosso Turismo.

Hoje


É a última noite do JAZZORES'12 no Teatro Micaelense.

sexta-feira, novembro 16

Ilha Natal

A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo apresentou hoje a campanha “Terceira Ilha Natal”.
 
Na prática, a CCAH olhou com olhos de ver: os Açores possuem bons argumentos para serem um destino de Natal. Para vender, nada como ter um produto adequado logo à partida. E para vender ilhas em dezembro, os Açores oferecem um ambiente de Natal com uma genuinidade que simplesmente já não se encontra em muitos mais sítios no mundo, paisagens mágicas, um povo afável e amplamente reconhecido pela sua capacidade de se expressar em inglês (não, isso não é despiciendo) e um Natal com clima ameno na Europa. Para cereja no topo do bolo, não apetece praia no Natal – o nosso clima cheio de personalidade não tem que competir diretamente com Repúblicas Dominicanas e quejandas.
 
 “Este é o mote de partida numa ótica de que a CCAH tem de promover eventos em épocas que não a alta, para captar fluxo turístico para a Região”, referiu Sandro Paim. «Vamos divulgar junto das agências de viagens da região os eventos de Natal que iremos realizar para prepararem um pacote especial para os seus clientes» disse o presidente da CCAH.
As vozes críticas não primam por fazer-se esperar e, portanto, medir de relance a temperatura das atitudes dos açorianos perante este anúncio de intenções hoje da CCAH foi tão fácil quanto um salto ao Facebook. Que não faz sentido nenhum, que é por essas e por outras que não andamos para a frente, que a pouco mais de um mês do Natal andam atrasados.
Não sei se a CCAH está interessada em responder a essas ou outras críticas mais formais – estando porventura mais atarefada - espero eu - em fazer acontecer o tão desejado turismo, ao contrário de outras tarefas que parecem entreter outros corpos análogos. Quanto a mim, ao ouvir as notícias hoje sobre esta campanha “Terceira Ilha Natal”, lembrei-me de uma senhora, de seu nome Inge Perreault, uma norte-americana de ascendência alemã, radicada nos Açores com o seu marido desde 2006. Escreve assim a Inge, na sua página, ao descrever (a seguidores de múltiplas nacionalidades), o Natal nos Açores:
There is no Christmas STRESS, there are NO mall-shootings or any others. The world keeps turning at a slower, more pleasant pace. Irrespective of what happens in the rest of the world, Natal is a family holiday mostly concentrating on togetherness, good food and drink.
Again a profusion of flowers is growing more varied by the day, Camellias and Azaleas are beginning to come into their own as well as many others. But THE best and most spectacular this year are the Poinsettias. Sitting on our upper terrace the other day I looked up in the late afternoon sunshine from below into a truthfully huge bush of Poinsettia blossoms about a foot across with a cerulean sky as backdrop and the warm sun illuminating every leaf rendering it the deepest red you can imagine. It was magical. Such is Natal on the Azores. The lights are adorning the streets en masse but yet again there is NO Christmas frenzy. We love it.
Assim, do que eu gostava mesmo, era que os meus conterrâneos pudessem abraçar a visão para a qual a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo deu hoje o mote. Teriam vistas largas, como a vista da Inge sentada no seu terraço a contemplar as Estrelas-de-Natal nas nossas ilhas natal.

Foto Roland Perreault
 

terça-feira, novembro 13

Uma prova

Na Praia da Vitória, onde estou, falo com as pessoas sobre a chuvinha de hoje (gostava tanto de correr junto ao mar) e todos explicam que nos Açores fazem as quatro estações do ano num dia, desconhecendo que, açoriano que sou, conheço esse dado como a palma da minha mão (por acaso tenho olhado pouco para ela - convém estar mais atento às suas linhas e aos seus destinos). Essa aceitação da nossa impermanência meteorológica é um dos nossos lados mais belos. O nosso tempo tem os seus humores e nós aceitamos isso como quem aceita um amigo com altos e baixos, com ternuras e irritações. É uma prova de amor.

segunda-feira, novembro 12

azores perfect mood

Não conheço a Sofia e não jogo golfe. No entanto, adoro a ilha de S. Miguel e quero mostrá-la ao Mundo.

O post, no Alfaiate Lisboeta, (a quem agradeço muito) está escrito com as mil palavras que se seguem.

sábado, novembro 10

À espera do apito.


Neste momento, parece que estamos suspensos num largo intervalo de uma partida de futebol (para utilizar um exemplo que tanto agrada ao nosso país, a avaliar pela quantidade de programas televisivos sobre a matéria), à espera que a outra equipa regresse dos balneários.

O “jogo” não corre bem para governos (sejam eles quais forem) e governados que, desafortunadamente, ao contrário dos primeiros, não temos direito a substituições, vamos até ao final, com as baixas – mais ou menos importantes – que vão acontecendo e cada vez mais cansados.

No entanto, este não deveria ser um “jogo” como outros tantos que nós conhecemos. Este deveria ser um “jogo especial", no qual se espera que as equipas não sejam verdadeiramente adversárias e possam, de facto, ajudar-se mutuamente.

Apesar de tal regimento ser absolutamente desejável, na verdade, há alguns “jogadores”, de ambos os lados, que insistem em viver mais esta experiência com base na jogada trapaceira, na qual as rasteiras são uma constante, resultando – não poucas vezes – no tombo ruidoso do “adversário”.

Este é um “jogo” onde a ética republicana classifica como desnecessária a presença mais imediata de um árbitro, remetendo para um eventual e posterior “conselho superior de uma coisa qualquer”, a dirimição dos “casos do jogo” que sempre vão acontecendo.

Neste momento, nós, os do lado de cá, estamos sem o que dizer. Não lhes conhecemos a táctica e, incapazes de prognósticos, apesar dos muitos e imensos treinadores de bancada, vamo-nos apercebendo que afinal de contas as regras do “jogo” estão, infelizmente, viciadas.

Será que a Democracia serve apenas para isso? Para escolhermos os adversários para o outro lado do campo?



terça-feira, novembro 6

Olhar com ele a partir do seu olhar

"Detesto o leitor que pagou pelo seu livro, o espectador que comprou o seu lugar, e que a partir desse ponto aproveita o almofadão macio do prazer hedonista ou da admiração pelo génio. O que é que a tua admiração interessava a van Gogh? O que ele queria era a tua cumplicidade, que tentasses olhar como ele olhava, com uns olhos desolados por um fogo heracliteano. Quando Saint-Exupèry sentia que amar não era olhar nos olhos um do outro mas duas pessoas a olharem juntas na mesma direcção, ia mais além do amor do casal, porque todo o amor vai mais além do casal se for amor, e eu cuspo na cara de quem me vier dizer que ama Miguel Ângelo ou E.E.Cummings sem me provar que, ao menos uma vez, numa hora extrema, foi esse amor, foi também o outro, olhou com ele a partir do seu olhar e aprendeu a olhar como ele para a abertura infinita que espera e reclama". Julio Cortázar, "A Volta ao Dia em 80 Mundos" (Cavalo de Ferro)

sexta-feira, novembro 2

O cheiro da luz



Tenho os pés transpirados, a t-shirt tingida pelo dia santo e uma pequena dor no peito que ainda não sei bem de onde cresceu. O nascer do dia passou há pouco por mim, era forte mas transparente. Fazia-se acompanhar de uma caterva agitada que bloqueava a rua que vai para o rio. Tenho cinco minutos para respirar enquanto o trânsito reformula o caos. Larguei os cheiros, o barulho intenso, o calor e a fome e, por fim, deixei que o tempo de respirar se esvaísse na curiosidade polida, nos olhos da mulher que carrega às costas a dor do plástico semeado pelo chão. Ao retomar o fluxo, a artéria empurra-me pela escadaria e tenho finalmente o rio a meus pés. O desafogo do passo que varre a margem, clarifica o ritual da velha que, no travo milenar da corrente, purga a última falta cometida. As palavras embrandecidas na sua boca repetem-se com as ondas que lhe chegam aos pés e com elas estabeleço-me nessa frequência da imortalidade. O silêncio na distância que contempla os dois passos que nos separa, é tão fecundo como a disparidade que nos reúne. Posso render-me a esse lugar e habitar-lhe de forma eterna, no sumo dos seus silêncios haverá sempre um travo dessas especiarias que nunca hão de crescer no meu quintal.

De silêncio em silêncio, o cheiro da luz que rompia o fumo numa escadaria mais ao fundo parecia cada vez mais presente. A cinza espalhada no chão, o resto daqueles que cumpriram o sonho de morrer naquela cidade, entranha-se-me pelos poros. Pesa-me nos pulmões. Há uma cítara cá dentro que dá um sabor especial a essa visão das ondas de calor, que escondem o rosto do homem que ateou o fogo pela purificação. Deixou escorrer a alma alheia para o fim do ciclo da reencarnação. O peregrino que procurou a vida eterna entregando a morte à cidade sagrada, tinha finalmente o lençol branco humedecido na fonte a separar-lhe a pele da lenha seca. O pouco que lhe sobra da família, cobre triste a escada da fogueira.

Pepe Brix

[Pepe Brix parte da sua terra natal, a Vila do Porto em Santa Maria, para a captação do mundo nas valsas de luz e sombra da sua objetiva. O seu trabalho é para ser sentido, aqui. Também em breve, perto de nós, na galeria Arco 8.]

quinta-feira, novembro 1

A Testemunha


Nestes dias em que lembramos aqueles que, sendo matéria da nossa vida, já se não cruzam cá connosco, recordo sempre os dedos de árvore da minha avó, a pele terna e macia da minha tia Tatá, os pés do meu avô tentando avançar mais depressa do que o corpo deixava, a M. desenhando a vida na praia, o A. ensinando-me a ler o mundo no firmamento, a vizinha que assistiu de janela à infância deste bairro, a Lhasa cantando no circo a Luz de Luna da Chavela, a voz de Kurt Cobain incendiando os serões da juventude, os gatos que não consegui salvar, o cão a quem devo muito do que sei sobre gratidão e amor, os versos que não soube escrever a tempo para o Manuel António Pina.

E regresso sempre, como quem as lesse pela primeira vez, às palavras de Jorge Luis Borges em «A Testemunha»: «Feitos que povoam o espaço e que chegam ao fim quando alguém morre podem maravilhar-nos, mas uma coisa, ou um número infinito de coisas, morre em cada agonia, salvo se existir uma memória do universo, como conjecturaram os teósofos. No tempo houve um dia que apagou os últimos olhos que viram Cristo; a batalha de Junín e o amor de Helena morreram com a morte de um homem. Que morrerá comigo quando eu morrer, que forma patética ou inconsciente perderá o mundo? A voz de Macedonio Fernández, a imagem de um cavalo rubro no baldio de Serrano e de Charcas, uma barra de enxofre na gaveta de uma secretária de acaju?»