sexta-feira, abril 25

É a Liberdade, estúpido. A flor da temporada.

Todos querem celebrar o 25 de Abril mas, aparentemente, nem todos com a mesma intensidade e, sobretudo, não na mesma direcção.
A cada ano que passa e nos distancia desta importante data (mais para uns do que para outros), somos obrigados a fazer a mesma reflexão sobre a liberdade. Todos os anos nos sentimos obrigados (e se não, outros nos obrigam) a reflectir sobre a determinação e coragem dos ditos “Capitães de Abril” e a procurar, metafisicamente, a consequência que da revolução dos cravos, hoje, já não se retira.
Sou, também, face aos últimos acontecimentos protagonizados tanto pelo parlamento como pela Associação 25 de Abril, obrigado a acreditar que quanto mais longe estivermos e quanto menos forem os intervenientes presentes, melhor será esta importante celebração. Este facto (que para alguns será um sapo difícil de engolir) todos os anos se manifesta de forma absolutamente inusitada e que serve para dar palco às referidas figuras, absortas nas suas conquistas e a procurarem servir-se deste dia para que todos os dias sejam… o quê? 25 de Abril de 74? Quantas vezes? E para quê? Para que o poder não volte a cair na rua - pretexto utilizado para, em 74, entregar o poder ao então General Spínola que, curiosamente, entre outras obras, publica “Portugal e o Futuro” em 74 e “País sem Rumo” em 1978?
Não sou muito religioso e agradeço pouco a Deus (o que para muitos pode ser considerado uma heresia imperdoável) mas, todos os anos, a cada 25 de Abril, e cada vez com mais intensidade, agradeço a todos aqueles que ajudaram à Proclamação da República Portuguesa, transformando, então, indelevelmente a nossa realidade política e, por conseguinte, tornando possível o resto do nosso percurso de autodeterminação. Com altos e baixos, é verdade mas, a vida tem dessas coisas.
Acredito que os “Militares de Abril” e todos os que em seu torno gravitam (tal como a FLA nos Açores) teriam que se reestruturar (refundar, talvez) para conseguirem desempenhar um papel com a mesma substância doutrora, num contexto geopolítico completamente diferente, no qual, para desventura dos mesmos, os problemas económicos que comprometem cada vez mais seriamente o “Estado Social” e condicionam a “Liberdade de Expressão”, por sermos cada vez mais escravos do dinheiro, são, eventualmente, o denominador comum na história de uma democracia, afinal, estéril.
Infelizmente, esta lateralidade, considerada por muitas e pesadas figuras de 74 como necessária e verdadeira (palavras cada vez mais afiadas nas bocas conspurcadas), menoriza a essência da revolução, fazendo dela uma arma de arremesso contra o poder instituído – seja ele qual for – e uma coisa pequenina do Largo do Carmo, em Lisboa.
Pode ser que, para as celebrações do próximo ano, D. Sebastião regresse a tempo de por ordem na casa.
Viva a Revolução! Viva Portugal, este país de tanta vontade contrastante mas, cheio de tão grande e jeitosa resignação.


sábado, abril 19

A paz não NOS cai bem!





Era eu pequenino e queria ser grande para poder tratar das coisas que os homens grandes guardavam só para si.
Havia um certo mistério em tudo o que os grandes faziam. Eram grandes feitos. Coisas importantes. Estratégias consertadas com outros grandes vultos.
E eu, pequenino, sonhava ser grande e, com grande emoção, buscava ter o que julgava não ser, tal era a importância daquilo sobre o qual os homens grandes se orgulhavam nas suas ainda maiores conversas.
Hoje, todos os pequeninos do meu tempo de pequenino são já homens grandes e eu, amadurecido, atónito vivo porque ser grande é, afinal, nada daquilo que eu sonhei poder ser.
É verdade que esta vida de gente grande nos deixa pouco tempo para pensar sobre o que estamos realmente a fazer. É verdade também que, agora que somos grandes, não temos tempo para coisas de rapazes. Estamos, pois, preocupados com as coisas ditas de governo, por tão importantes serem as questões do poder.
Não são poucas as vezes que eu me arrependo de me ter tornado num homem grande. Contudo, como não posso, nem quero, voltar a ser pequenino - a mim, nenhum homem grande me apanha a querer ser como ele outra vez -, vou-me alienando de uma indeterminada-mas-determinante maneira de acontecer.
Diz-se que a “Globalização” veio tornar o Mundo mais pequeno. Se, por um lado, tal possa ser entendido como uma verdade fácil de aceitar por ter contribuído para aproximar as pessoas, os seus hábitos e critérios, por outro, é uma insana visão, pois, a “Globalização” tem contribuído – em larga escala – para que a nossa ideia de Mundo seja, hoje, imensamente maior.
Com a “Globalização”, caso curioso para esta pequenina reflexão, os homens grandes dos Açores passam o tempo todo a querer ser como os homens grandes que passaram a conhecer, na Europa, por exemplo. Se isto me deixa empolgado sobre o enorme potencial de evolução que tal postura representa para nós, fico com sérias dúvidas sobre a possibilidade de o sabermos aproveitar porque, no Turismo, hoje, vejo homens grandes a mostrarem aos agentes do sector (e a todos os interessados nestes assuntos) os bons exemplos da Madeira quando, num passado não muito distante, alguém discursava calorosamente sobre a nossa determinante recusa em cometermos os mesmos “erros” daquele arquipélago e que o nosso atraso relativo nos iria ajudar a afirmarmo-nos como um destino de qualidade (seja lá o que isso for).
Não me atrevo a perguntar o que se terá passado para uma mudança tão rápida de paradigma (tanto que estes bons exemplos agora dados já existiam na altura dos discursos inflamados), nem ouso questionar se é assunto relacionado com a umbilical força dos costumeiros envolvidos na edificante estratégia turística arquipelágica mas, não querendo ser mais um destes homens grandes, só nos resta esperar encontrar alguma pista nesta nova música deste pequenino clã.

segunda-feira, abril 7

Bastou decisão do Tribunal de Contas.

É o primeiro caso de devolução das verbas das senhas de presença da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel, consideradas ilegais pelo Tribunal de Contas. Antigo vereador da Câmara Municipal da Lagoa devolveu, em cheque, a quantia recebida. Exemplo vem da Lagoa. Não é que importe muito mas, fico sensibilizado e manifesto a minha satisfação.